Prólogo

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- Você e seus medos cara! - disse Thomas, a mais velha das crianças - Nem os drogados andam por ai! E ganhei aquela bola semana passada, não vou perder por medinho.
Um certo silêncio pairava sobre o pequeno grupo que agora olhava para o prédio abandonado.
- Esse lugar é esquisito demais, acho melhor dois entrarem e um ficar aqui fora caso aconteça alguma coisa... - afirma Lucas.
O Thomas começa a rir.
- Essa foi a pior desculpa que ja ouvi de um covarde! Foi você quem chutou a bola então você vai com a gente buscar cara.
Os dois mais novos se olharam, em um diálogo rápido e sem palavras, ambos ouviam histórias assustadoras de gritos e gemidos vindos do antigo prédio, então o mais velho e auto intitulado líder do trio começou atravessou o velho portão enferrujado e aberto obrigando os dois a o seguirem.
A tarde era nublada e a chuva que caíra pela manhã havia deixado o ambiente com um aspecto estranho e diferente, os três atravessaram o jardim procurando a bola, mas havia sido um chute preciso a ponto de a bola atingir um a alta janela de difícil acesso para eles. A única solução era entrar no local e torcer para que ainda fosse possível resgata-la.
O lugar era um antigo sanatório feito no século XIX e que havia sido abandonado a mais de 20 anos. Pela vizinhança rumores se espalhavam de que os pacientes que não sobreviviam as terapias de choque eram todos enterrados no subsolo caso suas famílias não quisessem seus corpos. Porém seus espíritos não conseguiam sair do prédio que internamente era um labirinto complexo de corredores e salas principalmente em sua parte inferior ao solo, que após reformas um pouco recentes acabou adquirindo dois longos andares que pareciam ir além do prédio, e que ninguém tentava explorar.
As crianças chegaram ao salão de entrada. Era um lugar amplo, com várias portas e uma escadaria que levava a parte superior. Ouvia-se goteiras por toda parte e plantas cresciam vagarosamente se tornando parte do ambiente.
A bola não havia caído no salão de entrada, mas sim em um dos cômodos do prédio.
Ao chegar no sistema nervoso dos garotos, essa informação causou um pequeno choque de pavor, até o mais velho parecia aterrorizado com a idéia de que teria de entrar mais ainda naquele lugar terrível.
- Por aqui - sussurrou o Thomas, como se entrassem no covil de uma fera adormecida - vamos pegar a minha bola e dar logo o fora desse lugar.
O ambiente tinha um forte cheiro de morfo, as paredes possuiam uma coloração acinzentada e descascada pelo tempo. Havia um balcão ao outro lado com armários abertos e uma velha caixa registradora. O salão lembrava um hotel antigo, do tipo que aparece em desenhos animados.
Dentre as várias portas que o ambiente possuía eles optaram pela lateral direita, pois a bola entrara por aquele lado.
Seus passos eram razoavelmente lentos, mas minuciosamente pensados para evitar ao máximo barulhos indesejados. A respiração dos três era tensa e sutil, os únicos sons que quebravam o tênue silêncio eram os agitados batimentos cardíacos de cada um deles.
Chegaram a porta. Estava apenas encostada e o mais velho empurrou-a vagarosamente, porém gerando um ruído agudo que o fez exibir o tenso maxilar numa expressão clara de "Droga!".
Ao abrir por completo a porta, viram um enorme e escuro corredor iluminado por feixes de luz solar que atravessavam as janelas. Havia vidro quebrado no final do corredor, que acabava com outra porta que parecia fechada. A bola caíra em um dos quartos na esquerda do corredor, mais precisamente o último deles. Todo o corredor tinha uma extensão de cerca de 20 metros. Os três entreolharam-se e pareciam querer desistir, porém o mais velho gesticulou com o braço num gesto claro de "Vamos!".
Eles andavam vagarosamente mais uma vez, colados a parede direita como se algo pudesse puxar eles para dentro dos quartos abertos e escuros. O tempo parecia não passar até chegarem na metade do corredor. Um dos quartos coicidia com a iluminação das janelas e foi possível ver o que havia la dentro. Era ambiente de uns 5 metros quadrados com uma cama e criado mudo.
Chegaram então ao final e olharam para dentro da última porta. O breu a preenchia, não era possível ver nada. O líder das crianças sacou seu celular e ligou a lanterna, mirando para dentro do cubículo que felizmente era igual ao anterior.
A bola estava dentro do quarto, porém um pouco afastada, próxima a cama.
O garoto com o celular começou a entrar, mas os outros não o seguiram, ele parecia não se importar e apenas foi em direção a bola.
Os dois começaram a tremer, a tensão aumentava e não se via o que havia debaixo da cama. O mais velho estava alguns centímetros da bola, deu mais um passo e então a pegou.
Nesse momento virou-se pra eles sorriu e olhou para o lado do quarto que os dois não conseguiam enxergar, graças ao seu posicionamento, e quando virou a lanterna, seu sorriso deu origem a uma expressão de horror clara. Correu na direção dos dois que ficaram sem reação e quando perceberam que deviam correr, o mais velho pulou encima dos dois, fazendo com que os três caíssem em um baque surdo que ecoou em todas as direções.
- Hahahaha - ria ele quase desesperadamente - vocês deveriam ter visto as caras que fizeram, achei que iam infartar hahaha.
O Lucas fitou o mais velho, que rolava no chão de rir, furioso ele gritou:
- VOCÊ QUASE MATA A GENTE DE SUSTO IDIOTA, ISSO NÃO TEM A MENOR GRAÇA CARA!
O terceiro garoto respirava ofegante e o Thomas levantou-se rindo levemente e disse gesticulando:
- Relaxa! Foi só uma brincadeira, nada demais, agora vamos dar o fora daqui. - falou pegando a bola que havia caído.
Os três então se levantaram, se limparam e no exato momento que voltaram ao silêncio, um barulho alto e distante ecoou pelo lugar. Parecia algo sendo destruído e vinha do lado esquerdo do prédio. Os três se olharam e ouviram mais uma vez o barulho, e outra, se aproximando mais a cada som. Parecia algo indo na direção deles e destruindo as portas no caminho.
O mais velho virou-se pra eles e falou quase sussurrando:
- Vem pela entrada, vamos nos esconder no quarto, rápido!
Os três correram para debaixo da cama, tensos e horrorizados buscando explicação para aquele fenômeno.
O som se aproximava mais, e mais até que foi possível ouvir uma porta que ficava no salão de entrada sendo destruída, pouco tempo depois a porta do corredor havia sido arrombada. Os três ja se encontravam devidamente escondidos e mal respiravam.
A criatura checou o primeiro quarto rapidamente e nada encontrou, foi para o segundo e não achou nada, quando se dirigiu ao terceiro viu algo que chamou sua atenção no chão. Um celular com a lanterna ligada encontrava-se caído próximo ao último quarto, próximo a ele haviam inúmeros cacos de vidro. Caminhou vagarosamente até ele, movimentando suas asas levemente, abaixou-se. Analisou a cena atenciosamente e esmagou o celular com uma pisada. Fitou então o quarto e rapidamente entrou. Conseguiu distinguir os objetos do cômodo graças a algumas habidades suas. Uma bola ainda se movimentava no canto do local e parecia querer parar. A coisa novamente pisou esmagando a bola e a fazendo explodir num ruído altíssimo. Nenhum dos três ousava abrir os olhos, não havia o menor interesse em ver o que era aquilo. O ser olhou o ambiente cautelosamente, então moveu-se levemente dando a impressão de que saira do lugar.
Tudo o que se ouviu em seguida foi o silêncio. Nenhum som a mais.
Passaram-se 10 minutos e todas as crianças ainda estavam de olhos fechados, Thomas sentiu os dois tremendo próximo a ele, que finalmente criou coragem e olhou se o quarto estava vazio.
O que viu foi um ser de cerca de 1,80 m que lembrava um gafanhoto ou um louva-deus gigante, suas asas eram de inseto, ao invés de mão possuia garras, seus olhos eram vermelho vivo e suas antenas estavam estáticas, aquilo penetrava nos seus olhos e ele não conseguiu mais fecha-los novamente.
- Olá crianças! - falou pausadamente e esboçando algo que parecia ser um sorriso mostrando suas mandíbulas. - Vieram brincar comigo?
O garoto mais velho desmaiou.

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⏰ Last updated: Jul 09, 2015 ⏰

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