O trânsito ingovernável

5 0 0
                                    

Mais uma vez eu contemplei mapas topográficos, acinzentando minha pele, desmistificando minha idade, atiçando os lobos que rodam em círculos no raso da garganta, me fazendo cuspir indiferenças e violências.

O toque áspero, lambuzando minha fome, deixando uma casa ressentida, que intimida o prazer como uma catedral da culpa.

Além dos sacrifícios que não me permito, a resposta que tranca as danças sublimadas, eu enterro tudo que eu sei como proteção, eu me difamo para desorientar o público rubricável.

Não entendo se amo ou temo, escorrendo sobre mim a aparência de pavões, ate paralisar em frente, aos bustos de barro que ergui.

Eu cruzo os vieses de Saturno, pela manhã, o gosto de madeira, pela tarde, o perfume de arroz abafado, a noite, meus restos derretidos.

Encontro espelhos e ataduras em covas, desenho caminhos com unhas quebradiças, o puro silencia reencontrado do autoabandono, os ecos que se misturam a silhuetas e criam bestas.

A força que o susto suspende atos, inventa uma necromancia absoluta, barganhando ossos, delírios e ferro no sangue contra a persuasão de mistérios desperdiçados.

Todas as chances que eu tenho, eu anseio voltas, reviver e estimular dores na insistência de sobriedade, transtornar traumas em cascos e outras performances, ir desgovernado, remendar-me e existir no depois...

O mudo através dos meus olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora