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ˀ☕„ Boa leitura . . ♡°୭

Thomas.

Fazia alguns anos desde que me senti de maneira semelhante ao que senti vendo aqueles corpos pegarem fogo. A sensação de ver dois cadáveres era muito melhor do que qualquer outra coisa que eu havia experimentado ao longo dos anos.

Desde que prometi a todos que eu me manteria fora de problemas, tentei não me meter em brigas ou coisas que me levariam à delegacia novamente.

Observei a escuridão pela janela da sala. Carol chegou em casa e foi direto para o quarto tentar dormir. Depois de vomitar bastante e chorar escondida no banheiro, ela parece ter pegado no sono.

Ela não era como eu, era fraca. Quando matei pela primeira vez, o sentimento foi de alívio. Me pergunto como ela se sentiu ao matar aquelas duas garotas. Eu sabia que ela não queria fazer aquilo; eu também não quis matar o Marcelo quando eu era criança. Na verdade, queria matar alguém, mas achei que nunca faria. A oportunidade surgiu muito rápido. Caroline não parecia ter sequer considerado matar outra pessoa em sua vida. Três mortes em suas mãos.

Ela era definitivamente melhor do que eu nesse aspecto. Precisei segurar a vontade de sair e matar mais alguém só para empatar com ela na lista de assassinatos. Eu me recusava a ficar para trás nessa tabela mental que eu mesmo criei.

Senti a presença de Erica atrás de mim. Suas mãos pequenas encostaram na minha cintura, e ela colocou a cabeça em mim, parecendo um animalzinho indefeso querendo carinho. Olhei para baixo, notando seus olhos azuis brilhantes me encarando.

Ela sempre teve uma expressão inocente, mesmo que em sua mente bagunçada passassem atrocidades.

— Estou com sono — disse, coçando os olhos.

— Durma... — sugeri de forma fria.

Ela revirou os olhos e suspirou, dando a entender que ali iniciaria um discurso.

— A Carol não é como nós dois — alertou.

— Eu sei disso.

— Prevejo que a partir de agora você terá uma irmã muito diferente da que conhecia antes — pontuou.

— Não é como se eu me importasse com isso. Ela já matou antes e ficou bem, agora não seria diferente — revelei.

Erica sorriu de lado, presunçosa como sempre fazia, e se deitou no sofá, puxando a coberta. Ela abriu espaço esperando que eu fosse até lá, e então fui. Me deitei e ela se aconchegou, colocando a cabeça em meu peito.

— Você se importa, sabe disso... — comentou.

Decidi não responder. Talvez Erica tivesse razão, eu me importava. Mas a questão era: eu me importava com a minha irmã ou com a credibilidade que ela passava após matar duas pessoas ao mesmo tempo?

Não queria pensar, mas aquilo claramente não ficaria por isso mesmo. Wanger era filha do delegado da cidade; se ele não fosse até o inferno para prender o culpado, eu acharia estranho. O problema é que o culpado é minha irmã. Não ligaria de ser preso novamente, mas agora tenho coisas a preservar.

Olhei de relance para Erica, que dormia tranquilamente em mim, e suspirei.

— Como fui de uma criança assassina para um adolescente comum?

Talvez eu devesse me sentir melhor, porém era frustrante. Parece que perdi minha personalidade, se é que eu posso chamar aquilo de personalidade.

ᨳ᭬ Continue?

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⏰ Última atualização: Jun 21 ⏰

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𝑰𝒏𝒐𝒄𝒆𝒏𝒕𝒆𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒖𝒎𝒂 𝒂𝒔𝒔𝒂𝒔𝒔𝒊𝒏𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora