Senhorita Oráculo || One-shot Original

Ela só sabe rir - Capítulo Único

[...]

- Vai ficar tudo bem, meu filho. Eu prometo

Essa foi a última coisa que escutei de Amy
antes de o chão se quebrar completamente.

- O que? N-não!! Mãe!!

Então, eu gritei. Gritei muito.

Será que eu a veria outra vez? Será que realmente ficaríamos bem?

Percebi uma tonalidade de luzes diferentes ao meu redor. Um som de vento balançando as folhas, cantarolar dos pássaros e uma doce melodia no fundo.
Eu não acordei do pesadelo…

Abri os olhos. Tinha uma garota sentada perto de mim.

- Você parece meio perdido - ela disse - Tá tudo bem?

Ergui o corpo no susto. Ela era tão parecida com Amélia…
Mas ao mesmo tempo, tão diferente…
Não, não podia ser ela

Foi quando parei para olhar ao redor. Era um jardim. Alguns grupos de flores decoravam o local. Árvores aqui e ali e um lago próximo a mim.
Eu estava com a mão dentro dele.

Como eu fui parar ali? Como eu sairia dali? Será que eu morri? Eu fui preso em uma armadilha mágica também?

- Você parou pra prestar atenção na sua respiração? - A jovem fez menção de segurar minhas mãos - Posso?

Permiti o contato. A morena juntou ambas e as colocou sobre meu peito. Naquele momento percebi o quão desesperado estava. Minhas mãos tremiam e meu coração estava disparado. Também era um pouco difícil respirar.

Aos poucos, fui me acalmando. Dei um longo suspiro para recuperar o ar que me faltava.

- Muito obrigado - respondi

- Sua voz é bem parece familiar. Qual seu nome, rapaz?

- Ah, meu nome? Meu nome é…

Nada me veio à mente. Pensei, pensei e pensei. Nada, nadinha de nada mesmo
Eu tinha esquecido meu nome!

- Pode parecer mentira, mas eu acho que… Me esqueci dele…

- Não tem problema - ela riu levemente - É normal. Eu mesma esqueço o meu as vezes.

Então, a menina passou os dedos pelo meu braço, dando atenção a cada mínimo detalhe.

- A sua pele… Ela é tão… Original. Os formatos das manchas estão em perfeita harmonia, como uma obra de arte. - comentou - Você não deveria se preocupar com a diferença de cores. É bonito.

- É que… Não sei ao certo. - As palavras me faltaram - A sua também é bem única.

- É uma coisa que me agrada nas pessoas. Não há um determinado padrão para ser ou se vestir, cada um tem seu jeito

Perguntei sobre as cicatrizes dela. Ela poderia ter participado de alguma guerra ou coisa parecida, o que seria comum naquele mundo. Respondeu que foram apenas acidentes do dia a dia, multiplicados por cinco. Ela era bem desastrada.

- Vejo também que passou por maus bocados… - mudou o foco para as minhas próteses.

Realmente, aquela havia sido uma das piores fases da minha vida. Era algo que não conseguiria superar tão cedo. Felizmente, me adaptei bem a elas, mas eu ainda sentia falta de tocar o chão com meus próprios pés.