A Última Vez

Capítulo 2 - Para o desconhecido

Agora percebo a gravidade da situação, estou sendo procurada pelo FBI. A aeromoça chamou minha atenção desde o início, ela parecia muito com a garçonete da lanchonete que eu estava no aeroporto. Finalmente entendo... Todo esse tempo, eles estavam me observando de longe. Comecei a suspeitar de algumas pessoas que me encaravam bastante, especialmente o taxista que me trouxe até o aeroporto. Agora, preciso encontrar uma maneira de escapar sem ser pega.

O Nymus, o sistema de proteção que Jake criou para evitar invasões, ainda não me alertou sobre nada. Talvez eles tenham desistido de tentar me vigiar virtualmente e resolveram subir o nível da vigilância, se infiltrando na minha vida, mesmo depois do que aconteceu. É bem provável que tenham grampeado minha casa, e voltar para lá não é mais uma opção. Se eu voltar, será o fim para mim e para Jake também. Sei que ele é um idiota, não deixaria que esses caras me pegassem e acabaria se entregando por minha causa. Talvez essa situação também seja uma surpresa para ele.

Podemos contra-atacar quando sabemos onde o inimigo vai atacar, mas não podemos prever todas as armadilhas que eles podem usar para destruir nossas vidas. Preciso ser estratégica e cuidadosa, encontrar uma saída antes que seja tarde demais.


✠

Procurei o mapa de Duskwood no meu telefone e, como já esperava, o aeroporto apareceu de repente. Estava me aproximando da cidade e precisava estudar e traçar a minha rota. Abri o local marcado no mapa e observei mais informações sobre o aeroporto. Foquei em encontrar a saída mais restrita, aquela usada pelos funcionários. Precisava de uma porta dos fundos, talvez o armazém de produtos, algo discreto e menos vigiado.

Planejei minha rota com cuidado, não podia errar. Cada passo era arriscado, pois eles podiam estar em qualquer lugar, prontos para fechar todas as saídas e me encurralar. Era o único plano que eu tinha. Isso tem que dá certo, pois agora não se tratava mais de uma pessoa me perseguindo, mas de uma verdadeira tropa.

Eu precisava ser atenciosa e precisa. Não podia errar de forma alguma ou o plano estaria fracassado, e tudo na verdade estaria se me pegassem. Respirei fundo, ajustei meu capuz e me preparei para o que viria a seguir. Era agora ou nunca.

Bom, pelo menos eu dei um jeito de conseguir esconder isso dos seguranças, só para o caso de algo muito alarmante acontecer comigo. Fechei a bolsa que estava comigo, é claro escondendo isso das pessoas que estavam ao meu redor, sorte que não tinha ninguém do meu lado no assento.

Eu estava suando frio, assim como as minhas mãos, e meu coração batia tão forte que parecia que ia explodir. Claro que estava com medo, tudo era muito arriscado, e a ideia de errar me aterrorizava. Se eu não conseguisse, tudo estaria perdido. Pelo menos, os meus amigos estão bem eu acho...

Thomas ainda não respondeu, então vou ter que chamar um táxi agora. Não queria arriscar mostrar meu rosto para qualquer pessoa por causa do incidente com a Lily, que gravou aquele vídeo sobre mim e o Jake, e a situação do jornal, onde provavelmente mostraram meu rosto. Não queria ser reconhecida.

Algumas pessoas ainda pensam que eu poderia ser a assassina de Amy Bell Lewis e a sequestradora de Hannah. Até hoje recebo mensagens ameaçadoras, mesmo depois do esforço de Lily com o #IamJake para tentar amenizar a situação. Isso ajudou um pouco, mas não resolveu tudo. Só quero acabar com isso de uma vez por todas e finalmente salvar o Jake.

Arrependo de tê-lo envolvido nisso, mesmo que fosse necessário para salvar Hannah. Com toda sinceridade, não desejo mal a ela, ninguém deveria passar pelo que ela passou. Mas, entre salvar a pessoa que realmente amei e amo, eu preferia que ele estivesse a salvo. Ela tem sua parcela de culpa, mas, afinal, é a irmã dele, a única família que ele tem.

Estou com medo mas eu não posso simplesmente voltar para trás, tenho que acreditar que ainda posso resolver isso de uma vez por todas. A manhã já estava me recebendo pela janela do avião, assim como vejo a estrada do aeroporto logo quando o piloto fala:

— Senhoras e senhores, aqui é o seu capitão. Estamos iniciando nossa descida para Duskwood. Por favor, retornem aos seus assentos e afivelem os cintos de segurança. Estaremos pousando em cerca de dez minutos. Obrigado por voar conosco.

É agora!


✠

Assim que todos começaram a desembarcar, fiquei junto as poucas pessoas que estavam comigo no avião. Notei que a aeromoça me encarava, assim como o resto da tripulação. Mesmo depois de sair do avião, senti seus olhares em mim. Até aquele momento, ninguém havia se aproximado, o que era ótimo. No entanto, ao passar pelo portão, percebi seguranças por toda parte. Se quisessem me prender, já teriam feito isso ao sair do avião. Eles pareciam normais sem muitas suspeitas, mas eu precisava manter a calma. Meu nervosismo podia me entregar.

— Senhorita? Com licença, você não tem uma mala para pegar? — perguntou um dos seguranças.

— Ah, não senhor... vim só fazer uma visita. Moro a algumas horas daqui, mas preferi pegar o avião.

— Certo... Mas mesmo assim, precisa passar pelo sistema de verificação.

Meu Deus, o que eu faço? Puta que pariu.

— Senhor... que tal abrir uma exceção para mim dessa vez em? — disse, tentando suavizar a voz e sorrindo. — Em troca, posso te passar meu número...?

Espero que ele caia nessa, pelo amor de Deus. Eu não tinha escolha a não ser flertar com ele. Não sou uma estrela de cinema, mas isso tem que dar certo! Me desculpa, Jake, mas é para um bem maior...

— É que... Eu não posso gata, é um procedimento, e eu sou casado, a minha mulher é uma fera.

— Eu faço o que você quiser... quem sabe, possamos fazer alguma coisa hoje a noite? Não se preocupe, estamos guardados a sete chaves, ninguém vai saber.

Peguei um papel da minha bolsa e comecei a anotar o número do Dan, se ele souber ele vai ficar muito puto, mas tenho certeza que ele vai entender.

— Yae, o que me diz?

— Minha nossa... Pode passar, te vejo hoje a noite gata. — Me olhou de cima pra baixo, olhando pra mim enquanto saia me deu uma piscadela.

Que nojo desse homem, eu espero que a mulher dele faça ele sofrer da forma mais horrível possível. Enfim pelo menos consegui sair, nunca mais quero ter que fazer isso de novo, me senti a pessoas mais suja do mundo.

Certo, agora sim começa meu plano, eu tenho que começar a...

— Com licença, Senhorita S/n certo? Nós somos do FBI e precisamos que venha conosco. — A mulher do aeroporto!

Merda, merda, merda, merda!

— Acho que você está confundido de pessoa senhora, meu nome é... Alisson? é Alisson, então, eu não sei quem é essa s/n, então se me permite eu...

— E eu sou a Jennifer Lawrence. Me poupe das suas conversas fiadas. Na verdade, nem sei como conseguiu chegar até aqui. Você vem comigo.

Quando ela se aproximou, ouviram-se tiros dentro do aeroporto. Não sabia de onde vinham, mas corri o mais rápido possível em direção à minha saída. Ouvi passos atrás de mim, o que só me fez correr ainda mais rápido. Derrubei tudo que estava no meu caminho: cadeiras, bancos, qualquer coisa que pudesse atrapalhá-la.

— Ei! Olha por onde anda, mulher! — um homem gritou, mas eu não olhei para trás, só queria sair dali.

Eu já conseguia ver a porta.

Minha respiração estava ofegante, e meu coração batendo muito rápido!

— Nem pense nisso, sua vadiazinha!

Abri a porta e fechei imediatamente. 

 A tranca se fechou automaticamente. Estranho que a porta estivesse aberta, mas me concentrei em encontrar a saída, estava me tremendo muito, nunca tinha passado por essa situação, mas finalmente conseguir, ao menos até agora.

 A sala estava cheia de caixas com vários produtos diferentes. Vi uma fresta de luz no canto da sala imensa e corri até lá. Quando cheguei, a porta já estava entreaberta. Espiei para fora para ver se havia alguém de quem eu deveria me preocupar, mas fiquei surpresa com o que eu vi.

— S/n! Entra no carro agora!