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Chimmy



Eu o odiava com todas as minhas forças, especialmente quando ele não fazia nada para me seduzir. No entanto, aqui estou eu, passando os dedos sobre as tatuagens em seu peito, sentindo a eletricidade do contato de nossas peles percorrer todo o meu corpo e se alojar bem entre minhas pernas.

Ontem, quando Tata me disse que não sentia que ele era perigoso para nós, eu discordei. Qualquer pessoa minimamente envolvida no tipo de comércio de Orion não poderia ser considerada boa. Embora eu concordasse que ele não nos comprou nem fez algo parecido, isso não o torna um cidadão exemplar.

Minha sede de vingança estava longe de ser saciada apenas com a morte daquele alfa. O som das crianças chorando no barco ainda me assombra durante o sono, e enquanto eu não vingar o que fizeram, não vou estar satisfeito nem confiar nesse alfa. Levantei os olhos para seu rosto másculo, ainda adormecido, e não consegui evitar ficar afetado novamente por sua beleza.

Coloquei minha mão no queixo para observar melhor, enquanto seus olhos de chamas permaneciam fechados, sem queimar minha pele como brasas. Ele era fodidamente gostoso e perfeito, completamente injusto com o resto do mundo. O alfa inspirou profundamente e eu deitei minha cabeça novamente, com medo de ser pego; não vou dar esse gostinho ao seu ego.

Sua respiração tranquila continuou, e como se fosse um ímã, lá estava eu novamente, contornando a tatuagem tribal que cobria todo o seu peito e terminava perto do mamilo com um piercing prateado. Estralei a língua para conter a vontade de lamber e puxar a joia entre meus dentes.

— Vai ficar só olhando? — sua voz grave me fez tremer levemente de susto. Em um impulso, sentei-me como uma criança pega no flagra.

— Não precisa fugir, coelhinho, estou brincando.

— Eu sei.

Levantei-me, tentando disfarçar meu coração batendo descontroladamente. Sem olhar para trás, segui para o banheiro e fechei a porta. O que há de errado com os alfas dessa família? Eles sempre parecem estar observando e percebendo tudo à sua volta. Liguei a torneira e lavei o rosto. Não sei o que era pior: ficar excitado só de ouvir sua voz ou não conseguir impedir minha mão de tocá-lo toda vez que ele se aproxima.

Eu o odeio. Odeio a forma como ele me deixa. Talvez eu possa matá-lo e fazer tudo voltar ao normal. Até porque não sei qual é o seu nível de envolvimento com aquelas pessoas do barco. Olhei para minha silhueta no espelho, minha pele repleta de hematomas com marcas de mordidas, minha boca inchada e meus olhos com um brilho muito familiar.

Gemi de frustração. Eu nunca me senti atraído por um alfa. Não tenho nada contra; tenho até alguns amigos que gostam, mas minha preferência sempre foi ômegas. Eu já havia ficado com alguns de forma casual, mas nada além de uma noite.

No dia em que nos conhecemos, foi uma tortura sentir seu cheiro à distância enquanto ele conversava sobre assuntos importantes com alguns velhos. Pior ainda, ele não se dava ao trabalho de disfarçar seu olhar intenso sobre nós. Meu ventre se contrai só de lembrar dos seus olhos predadores.

Terminei de me lavar, enrolei-me na toalha e saí do banheiro para encontrar na cama apenas o Tata, abraçado ao travesseiro. Meu humor melhorou cinquenta por cento só de observá-lo. Aproximei-me e sentei ao seu lado, passando as mãos em seus cabelos platinados, que já estavam com a raiz escura aparecendo.

— Amor?

Ele gemeu baixinho, quase como um miado. Não resisti e o puxei, ainda sonolento, para abraçá-lo forte, sentindo seu cheiro de cereja.

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