Capítulo 1: Perturbação
O sinal tocou, anunciando o intervalo entre as aulas, e eu não perdi tempo. Corri para encontrar Peter, meu namorado atual, no canto de sempre, próximo à janela da sala de aula. Ele estava me esperando, sorrindo daquele jeito que fazia meu coração bater mais rápido. Sem hesitar, sentei-me no colo dele, sentindo seus braços me envolverem com um calor familiar.
Nós ríamos e conversávamos sobre coisas triviais — a última série que estávamos assistindo, os planos para o fim de semana. Por um momento, tudo parecia perfeito, como se os problemas do mundo ficassem do lado de fora daquela sala de aula.
Mas a paz durou pouco.
Vi Noah se aproximando com aquele andar relaxado e o sorriso presunçoso que eu conhecia tão bem. Meu estômago deu um nó. Desde que nos afastamos, Noah parecia se dedicar a tornar minha vida mais complicada. Ele parou em frente a nós, cruzando os braços e olhando para mim com uma expressão de falsa simpatia.
— Peter, cara, podemos conversar um minuto? — disse Noah, sem tirar os olhos de mim.
Peter hesitou, olhando para mim em busca de aprovação. Eu revirei os olhos, já sabendo onde aquilo ia dar.
— Pode falar na frente da Lilian, Noah. Não temos segredos — Peter diz, tentando manter a calma.
Noah deu um sorriso torto.
— É sobre isso que eu queria falar, na verdade. — Ele se inclinou um pouco mais perto, como se estivesse prestes a contar um segredo. — Você realmente acha que a Lilian é boa o suficiente para você, Peter?
Eu senti meu rosto esquentar de raiva.
— Qual é o seu problema, Noah? Por que você não me deixa em paz?
Ele ignorou minha pergunta, continuando a falar com Peter.
— Cara, você é meu amigo. Eu só estou preocupado. Ela sempre foi uma encrenca, você sabe disso. Não é uma boa influência.
Peter começou a ficar desconfortável, olhando entre mim e Noah.
— Noah, isso é ridículo. Eu gosto da Lilian, e não cabe a você decidir com quem eu devo ou não estar.
Noah suspirou teatralmente.
— Tudo bem, tudo bem. Só estou tentando ajudar. Mas lembrem-se do que eu disse.— Ele se afastou lentamente, lançando um último olhar provocador para mim antes de se virar.
O silêncio que ficou no ar após sua partida era pesado e incômodo. Eu podia ver a confusão nos olhos de Peter.
— Você está bem? — ele perguntou, segurando minha mão.
Assenti, tentando sorrir.
— Estou. Ele só gosta de causar problemas. Não dê ouvidos a ele.
Mas, internamente, algo me incomodava. Por que Noah estava tão determinado a nos separar? Havia uma parte de mim que ainda não conseguia entender por que nossa amizade havia se transformado em algo tão amargo. E, apesar de tudo, eu não conseguia parar de pensar nele, mesmo que fosse com raiva.
Peter beijou minha testa, tentando me reconfortar.
— Não se preocupe com ele. Estamos juntos, e é isso que importa.
Assenti novamente, mas a dúvida plantada por Noah continuava a crescer. Eu sabia que aquela não seria a última vez que ele tentaria interferir. E, de alguma forma, precisava descobrir o motivo real por trás de suas ações.
Enquanto Peter me confortava, senti o olhar de Noah ainda fixo em nós, queimando minha pele como um sol impiedoso. Era impossível ignorar aquela presença incômoda, e eu podia ver pelo canto do olho que ele estava observando cada movimento nosso com uma intensidade perturbadora.
Quando o sinal tocou novamente, anunciando o fim do intervalo, eu me levantei do colo de Peter com um suspiro de alívio.
Peter me deu um último sorriso encorajador antes de se dirigir para seu assento. Enquanto eu caminhava pelo corredor de carteiras, senti Noah se aproximar. Ele estava apenas alguns passos atrás de mim, e a proximidade dele me deixou tensa.
Cheguei ao meu lugar e, para minha surpresa, Noah já estava sentado na cadeira ao lado da minha, onde ele deveria estar de acordo com o mapa de sala. Ele sorriu, um sorriso que parecia vitorioso. Sentei-me, cruzando os braços, sentindo uma mistura de raiva e frustração.
— Não consigo ficar longe de você, não é, Lilian? — ele disse em um sussurro zombeteiro, se inclinando um pouco para mais perto.
— Você é insuportável, Noah. Por que não me deixa em paz — Minha voz saiu mais fraca do que eu gostaria.
Ele apenas riu, um som baixo e provocador.
—. Você sabe que a gente tem uma conexão, Lilian. Sempre teve. Mesmo que seja uma conexão de ódio.
Olhei para a frente, tentando ignorá-lo. Do outro lado da sala, vi a garota de cabelos ondulados, Layla, lançar um olhar curioso na nossa direção. Noah percebeu e, como se fosse parte de um jogo que só ele entendia, começou a mexer no meu cabelo de forma ostensiva.
— Está na hora de parar de fingir, Lilian. Você e eu... somos mais parecidos do que você quer admitir. — Sua voz era um sussurro provocador.
— Pare com isso, Noah. —murmurei entre dentes, tentando me afastar.
— Por que, Lilian? Está com medo de admitir que eu estou certo?
A professora entrou na sala, mas o olhar de Noah continuava fixo em mim, como se ele estivesse esperando que eu desmoronasse a qualquer momento. Fechei os olhos por um instante, tentando recuperar o controle.
A aula começou, e Noah finalmente parou de mexer no meu cabelo, mas a proximidade dele continuava me perturbando. Ele estava sempre ali, no limite do meu espaço pessoal, com aquele sorriso enigmático e os olhos cheios de intenções que eu não conseguia decifrar.
Tentei me concentrar na aula, mas a tensão no ar era palpável. Cada vez que a professora fazia uma pergunta, eu sentia os olhos de Noah em mim, como se ele estivesse esperando que eu cometesse um erro.
Quando a aula finalmente acabou, levantei-me rapidamente, tentando fugir daquela presença opressiva. Mas Noah estava logo atrás de mim, ainda sorrindo.
— Até a próxima, Lilian... — ele disse suavemente, enquanto se afastava com um aceno despreocupado.
Respirei fundo, sentindo um misto de alívio e confusão. O que estava acontecendo entre nós era mais complexo do que eu queria admitir. E, apesar de tudo, uma parte de mim sabia que aquilo estava longe de terminar.
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Paradoxos do coração
FanficLílian e Noah eram inseparáveis desde a infância. Estudando juntos desde o jardim de infância, compartilharam risadas, segredos e momentos inesquecíveis. Contudo, quando a adolescência chegou, algo mudou. A amizade se transformou em estranheza, e os...