O sino ressoou em algum lugar no alto do castelo, uma badalada firme que reverberou por todo o reino, capturando a atenção de todos que estavam ocupados em suas tarefas, especialmente os servos do castelo. Eles estavam imersos em trabalhos árduos, prontos para atender prontamente aos desejos do rei.
O inverno havia chegado mais cedo este ano, porém, isso não impediu o príncipe de praticar seus exercícios matinais. Sua mão subia e descia em movimentos repetitivos, sua respiração soltava grunhidos enquanto seus olhos se fechavam sorrateiramente. Embora suas mãos estivessem um pouco geladas devido ao frio do inverno, ele persistiu, até que as primeiras gotas de sêmen começassem a sair.O esperma voou e atingiu o próprio peitoral musculoso. Não muito preocupado, o príncipe deixou que o líquido branco e quente escorresse sobre o abdômen, descendo sobre a barriga sarada e parando no quadril. Respirou fundo, satisfeito consigo mesmo, antes de se levantar para se preparar para as responsabilidades do dia.
Era exatamente sete horas da manhã quando o Ministro chegou em frente ao quarto de Loriel e bateu repetidamente à porta, com aspereza. O príncipe abriu os olhos, soltando uma respiração pesada ao se levantar da cadeira perto da janela. Embora estivesse praticando sua masturbação há cerca de uma hora, ele se apressou e pegou uma toalha, limpando o esperma rapidamente o suficiente para não deixar vestígios visíveis.
Chegando próximo à porta ao ouvir mais batidas, ele pegou um de seus trajes íntimos e esticou a mão na maçaneta, abrindo-a com um rangido fraco e ignorável.O conselheiro estava com um pergaminho entre as mãos, concentrado como se nada o distraísse.
"Ora, o que o ilustre Ministro William..." Loriel colocou o antebraço no batente da porta, exibindo o seu tórax sendo flexionado. "...está em frente ao meu quarto a esta hora da manhã?!"
O conselheiro soltou uma respiração pesada ao ver o príncipe à sua frente. Ele percebeu que o jovem rapaz estava brincando com ele. Era evidente em seu rosto o sorriso no canto da boca, revelando dentes brancos.
"O Rei solicitou que eu viesse aqui convocar você e seu irmão para uma assembleia organizada pelos representantes do reino."
O príncipe olhou para o conselheiro, estudando seu rosto até parar em seu traje visivelmente simples. O Ministro era culto, isso era notável; no entanto, suas feições claras revelavam o que ele estava pensando. Em um silêncio tenso, notou-se que o Ministro olhava para o corpo escultural do príncipe antes de engolir em seco e perceber que suas próprias mãos estavam suadas, o nervosismo acelerando seu coração.
O príncipe trocou o peso de um pé para o outro, lambendo os lábios.
"E eu sou obrigado a comparecer?"Loriel era perspicaz o suficiente para ler as expressões alheias, e o Ministro não era exceção. Esta era a oportunidade perfeita. Aproximando-se o suficiente para sentir o calor do corpo do outro, Loriel soltou uma respiração ofegante, quase erótica, que poderia ser interpretada como um gemido contido, antes de falar:"Por que você não nos adianta o que têm a dizer?"O Ministro engoliu em seco, gaguejando ao dar um passo para trás. O suor escorria de sua testa."Lamento, mestre Loriel, mas não posso."William virou-se e saiu rapidamente, desaparecendo pelos corredores.
Depois de se trocar, Loriel dirigiu-se ao salão de reuniões, passando pela biblioteca até chegar à porta do estreito corredor. Os candelabros altos forneciam luz ao salão, que era menor do que os salões de baile. As janelas estavam cobertas por cortinas douradas e espessas. Do outro lado da mesa, estava sua mãe, seu irmão gêmeo e, no centro, sentado no trono, seu pai.
"Que bom que chegou, meu amor," a mãe sorriu para Loriel, deslizando os dedos sobre a mesa. Depois que Loriel se sentou, seu irmão gêmeo lançou um olhar feroz para o pai, claramente chocado com algo.
"Agora que meu irmão chegou," sugeriu Moriel, fazendo um gesto de desdém com a mão, "podemos iniciar esta reunião?"O rei concordou com a cabeça, olhando de um para o outro.
Ao abrir a boca para falar, um ruído estranho surgiu, como algo muito antigo sendo tocado novamente. Após uma tosse, ele se recompôs.
"Meus filhos. Como sabem, estou doente," ele lembrou, fazendo todos no salão abaixarem a cabeça em sinal de respeito. "E ontem à noite, os conselheiros da aldeia vieram me visitar... E, ao ver meu estado debilitado, clamaram por um sucessor ao trono. E como sabem... Não pode haver dois reis em um único reino." O rei engoliu em seco, fechando os olhos por alguns segundos. "Como vocês são gêmeos... Entraremos em um acordo de honra..."
"Querido marido," interrompeu a rainha, olhando do rei para os meninos. "Conversar não irá adiantar nada. Provavelmente eles mudariam de opinião e se matariam um ao outro para ser o único rei, enquanto o outro seria um simples servente do rei." Todos olharam para ela, mas ela continuou. "Proponho que sigamos a tradição dos Sucessores-Gêmeos."
O rei e Moriel soltaram exclamações de defesa, mas antes que pudessem protestar, o outro filho falou.
"E qual seria essa tradição?" perguntou Loriel, do rei para a rainha.
Serafine, a rainha, nunca foi considerada a melhor mãe do mundo. Seus planos sempre foram marcados pela ganância por riqueza. No entanto, entre seus filhos, ela demonstrava preferência por Loriel, sempre o defendendo e agindo como se ele fosse o melhor.Dona de uma beleza incomparável, ela tinha o poder de conseguir o que queria, inclusive tirar conclusões precipitadas do próprio rei.
"Ora, ambos devem participar de uma competição mortal," ela sorriu, olhando de Loriel para Moriel.
"O vencedor se tornará o rei, claro."
"E o perdedor morrerá?" indagou Moriel, incrédulo para a mãe. "Você não pode estar pensando nisso, mamãe."
"Isso não é natural," protestou o rei para sua esposa. "Um irmão matando o outro... Isso é desumano! O que o reino irá dizer? Serafine, são seus filhos!"
Serafine levantou a mão, silenciando-o.
"Estamos em um período de hierarquia, meu amor. Se mantivermos dois reis no poder, estaríamos desafiando as autoridades. O reino de Gruver entraria em contato conosco e nos expulsaria do reino, nos deixando à mercê da sorte. Pobres!"
Loriel e Moriel se encararam até que um deles cedeu e disse:
"Eu me esconderia do reino se assim fosse feito," disparou Loriel.
"Me esconderia e não deixaria ninguém me ver."Moriel negou com a cabeça, cruzando os braços sobre a mesa."Eu não vou deixar meu irmão trancafiado como se fosse um animal enjaulado.
E então começaram a discutir sobre o que fazer, até que Serafine se levantou da cadeira e bateu na mesa com força.
"Eu sou a rainha," declarou, triunfante. "E prosseguiremos com meu plano. Sacrifícios geram benefícios."
Todos ficaram em silêncio. O rei soltou uma breve respiração, voltando para a papelada em sua frente sobre a mesa."Sacrifícios geram benefícios", "Expulsar do reino","A beira do carvalho"
Essas palavras ecoaram na mente do rei, até que ele finalmente pegou o carimbo e preencheu o papel com sua assinatura, referente à questão da sucessão.
"Está feito. E não pode ser desfeito".