O despertar de Serafine foi como emergir de um pesadelo para uma realidade ainda mais sombria. Ela se encontrava em um lugar desconhecido, um ambiente saturado por uma atmosfera de ocultismo e tensão. Ao seu redor, sombras dançavam nas paredes desgastadas de uma sala que parecia ser parte de um antigo castelo abandonado.
Randara e Judite estavam à sua frente, encarando-a com olhos que transbordavam segredos insondáveis. Serafine, agora consciente de sua fragilidade diante dessas figuras sobrenaturais, levantou-se com cautela."Onde estou?", murmurou Serafine, seus olhos buscando compreensão nos rostos das duas mulheres."Está no limiar entre mundos", respondeu Judite, sua voz ecoando com um eco sobrenatural.
"Este lugar é uma encruzilhada, um ponto de convergência entre a vida e a morte."Serafine engoliu em seco, sentindo um arrepio percorrer sua espinha. Ela estava diante de forças além de sua compreensão, e a gravidez que carregava era mais do que uma simples gestação.
"Você carrega não apenas filhos comuns, mas portadores de destinos entrelaçados", disse Randara, seus olhos penetrando na alma de Serafine.
"O que vocês querem de mim?", questionou Serafine, sua voz tremendo entre a confusão e o medo.
"Você é uma peça em um jogo muito maior, minha querida", afirmou Judite. "Seus filhos carregam algo único, algo que poderia alterar o equilíbrio de poder neste reino."
Serafine sentiu o peso da responsabilidade sobre seus ombros, uma carga que ela mal compreendia. Seu destino estava agora entrelaçado com forças além de seu controle, e ela se viu envolvida em uma trama sinistra que se desenrolava em camadas de segredos obscuros.
"O que devo fazer?", perguntou Serafine, buscando orientação nas expressões das mulheres.
Randara sorriu, mas seu sorriso carregava a frieza de uma noite sombria.
"Aceite seu destino, minha querida. O caminho à frente será tortuoso, mas as recompensas podem ser grandiosas."Judite, olhando nos olhos de Serafine, acrescentou: "Você é a chave para desvendar mistérios há muito enterrados. Em suas mãos, repousa o poder de escolher entre a luz e a escuridão."
Serafine sentiu uma mistura de determinação e temor. Ela não tinha escolha senão prosseguir, guiada por um destino que se desdobrava como um pergaminho macabro. O reino celebrava, alheio à teia de magia e intrigas sobrenaturais que envolvia a futura rainha.
...
Numa noite enevoada, envolta em um véu, Serafine deu à luz a seus filhos em um cemitério. O primeiro a vir ao mundo foi um menino, cujo choro ecoou pelas paredes dos túmulos como um presságio sombrio. Logo em seguida, nasceu uma menina. Mas quando Serafine aceitou as trevas que se insinuavam ao seu redor, um terceiro filho foi concebido. Os nascimentos foram acompanhados por um silêncio. Três crianças.