Eu me levanto rapidamente da cama ao ouvir o som do sinal indicando que é hora do jantar. O quarto está escuro, e a luz fraca do corredor entra pelas frestas da porta. Sinto o chão frio sob meus pés descalços enquanto me aproximo do armário. As roupas lá dentro são de um tecido estranho, diferente de qualquer coisa que já vi. São macias ao toque, mas também parecem resistentes. A vestimenta retratada consiste em uma camisa azul de mangas compridas, com gola e uma carcela frontal que possui dois botões visíveis no pescoço. A camisa está enfiada dentro de calças pretas, que são presas por um cinto marrom com uma fivela prateada. As calças parecem ser de corte reto e são usadas sobre botas marrons que chegam até a metade da panturrilha, com punhos mais claros na parte superior. Na parte de baixo do armário, há uma gaveta onde estão as roupas íntimas. Eu as pego e vou direto até o pequeno banheiro. Quando vou tirar minha calça, sinto algo no meu bolso: era o meu celular. Tento ligá-lo, mas não funciona. Volto até o armário e coloco-o dentro da minha mochila. Terminando minhas higienes, vou até o espelho para arrumar meu cabelos .
Após me preparar, dirijo-me à porta que se abre. Logo de cara, um grupo de pessoas desce apressadamente em direção ao refeitório. Decido segui-las, pois o local é vasto e facilmente me perderia. Infelizmente, sem a ajuda da Celina, que costumava me orientar, estou por minha conta.
Os corredores são adornados com pinturas que retratam batalhas épicas e majestosos castelos. Cada imagem é uma janela para um passado glorioso. Enquanto caminho, meus olhos se fixam em uma pintura singular: um retrato de um jovem. Ele deve ter entre doze a deiz anos. Por pura coincidência, sua semelhança comigo é impressionante.
Seus olhos são dourados, como o mel, e parecem conter segredos antigos. Os cabelos loiros e amarelados caem em mechas perfeitamente arrumadas. A boca, carnuda e vermelha como uma maçã madura, parece prestes a sorrir. Sua pele é alva, e o rosto, de uma delicadeza angelical, contrasta com a expressão determinada em seus olhos.
Ele veste roupas elegantes, dignas de um nobre. Uma coroa adorna sua cabeça, sugerindo que talvez seja um rei. Se fosse um príncipe, já teria ascendido ao trono nos dias atuais. A pintura parece ter séculos de existência, mas sua aura permanece viva e intrigante.
Continuo a admirar o quadro, perdido em pensamentos, até que uma voz rouca e inesperada me tira do transe. Viro-me para o lado e, por um instante, acredito ter visto o próprio capeta em pessoa. Era Nicholas. Ele estava lá, conversando com Max, os dois parecem bem próximos pelo jeito que conversam. Max, com seu sorriso confiante, olha na minha direção e acena com a cabeça, como se dissesse: "E aí, cara?". Já Nicholas, com seus olhos estreitos e dentes cerrados, me encara de forma ameaçadora.
Eles se aproximam de mim. Max lança um sorriso gentil, enquanto o insuportável do Nicholas apenas fecha a cara e finge que eu não estou ali. Max percebe que a situação não está boa e quebra o silêncio que se instalou:
"_Henri, você está indo para o refeitório? Bora ir junto, Itao?_" Quando Max termina a frase, Nicholas começa a resmungar e sai andando na nossa frente, sem dizer uma palavra. Max grita para o amigo esperar, mas ele nem sequer olha para trás, deixando-o falando sozinho.
Eu aperto o punho, frustrada: "_Como ele pode ser tão rude assim, meu Deus?_" Max suspira: "_Eu não sei por que ele está agindo assim o dia todo. Hoje parece que ele está com ainda mais raiva._" Ele me olha e percebe que estou escondendo algo.
"_Aconteceu algo entre vocês hoje?_" Ele me olha sério. "_Talvez, só talvez, a gente discutiu um pouco mais porque eu tinha esbarrado nele. Aí ele agiu com ignorância, e resolvi debater com ele. Só isso. Mas ele me insultou, e eu que deveria estar com raiva, não ele._"
Max dá um sorriso: "_Bem provável que ele não te deixe em paz até você se humilhar a ele._" Ele continua: "_Eu conheço o Nicholas desde que a gente tinha sete anos de idade. Ele é meu melhor amigo, mas as atitudes dele são horríveis. Eu queria que você conhecesse o lado bom dele._"
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A Jornada do Escolhido
Short StoryHenrique, desde cedo, percebeu que não era um adolescente comum. O dia do seu aniversário marcou uma revelação: algo de extraordinário pulsava dentro dele. Agora, ele se vê diante de um mundo de aventuras e descobertas. O que será que o aguarda? Ser...