A Jornada do Escolhido

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À medida que nos aproximamos, o portão imponente se ergue diante de nós, fechado e guardado por dois pilares de metal que se estendem em direção ao céu como sentinelas silenciosas. Através das barras, a paisagem se desdobra em um espetáculo de cores outonais; folhas em tons de âmbar e carmesim dançam suavemente ao sussurro do vento. De repente, com um rangido que parece ecoar através do tempo, o portão se abre por conta própria, convidando-nos a entrar no desconhecido. Recuo um passo, surpreso pelo movimento inesperado.

Com um suspiro de coragem, atravessamos o limiar. O caminho à nossa frente é ladeado por uma miríade de flores deslumbrantes, cada pétala cintilando como se fosse incrustada com minúsculos cristais. A luz do sol filtra-se através das copas das árvores, banhando tudo com um brilho etéreo.

Enquanto caminhamos em silêncio, a beleza da paisagem nos envolve. Nunca presenciei um espetáculo tão deslumbrante. Árvores majestosas, possivelmente cerejeiras ou macieiras em flor, criam um túnel natural sobre o caminho, suas flores brancas como neve contrastando com o verde vibrante das folhas. O caminho é ladeado por um mosaico de flores em matizes de rosa, roxo e branco, que dançam suavemente ao sopro da brisa.

À medida que nos aproximamos do horizonte, a silhueta imponente de um castelo antigo se desenha contra o céu azul. E ali, à beira de uma fonte ornamental, uma figura etérea chama nossa atenção.

Uma jovem de cabelos alvos e olhos azuis como o oceano profundo está sentada, imersa em sua própria serenidade. Suas orelhas pontiagudas e pele parda salpicada de sardas revelam sua natureza feérica. Ela veste um fraque elegante de cor ébano, com caudas longas e botões dourados que brilham ao sol. Por baixo, uma blusa branca com babados e gola alta acrescenta um toque de sofisticação ao seu traje sombrio.

A fonte tríplice onde ela repousa é uma obra-prima da escultura aquática, com água cristalina deslizando graciosamente de um nível para outro até se reunir na bacia ampla abaixo. O ambiente é adornado por uma profusão de flora que complementa a fonte com sua beleza natural.

Nas mãos da jovem, uma esfera aquática flutua como se suspensa por magia. A água mantém sua forma esférica perfeita, desafiando a gravidade, enquanto gotículas menores pairam ao redor em um balé aéreo, refletindo a luz do sol em um espetáculo cintilante que captura a essência efêmera e fluida da água.

Ela permanece alheia à nossa presença, imersa em sua própria quietude, até que Celina, impaciente, resolve intervir. Com um estalar ágil de dedos diante do rosto da garota, quebra o silêncio e a concentração. Sobressaltada, a jovem maga perde o controle das esferas aquáticas que dançavam ao seu redor, dispersando-as em um salpico cristalino na fonte ancestral.

Ela suspira profundamente, lançando um olhar reprovador para Celina.

"- Sério isso? Eu estava em plena meditação e você me interrompeu com sua impertinência - "reclama ela, a voz tingida de frustração.

Seus olhos então desviam para mim, mas sua mente parece não registrar minha estranheza inicialmente. Ela tenta novamente conjurar as gotículas, que obedecem ao seu chamado mágico e flutuam graciosamente em sua direção. No entanto, ao notar minhas feições inusitadas e o ar de outro mundo que me envolve, a magia se dissipa mais uma vez, as gotas caindo como lágrimas de surpresa na água límpida da fonte.

"- Ele é o quê?.. Como nunca... vi um ser assim... - "ela gagueja, os olhos arregalados não apenas pela magia que a cerca, mas pelo encanto do desconhecido refletido em minha figura.

Ele lança um olhar fulminante em direção a Celina, a irritação palpável em sua expressão.

"- Espero que você não tenha tentado mais nenhuma de suas magias imprudentes. Lembra-se das últimas vezes? Você quase incendiou toda a floresta! E agora, este caos... só pode ser fruto de suas artimanhas. Se o diretor descobrir, não haverá escapatória; ele vai te expulsar. Você já esteve à beira da expulsão antes, mas eu intercedi e encontrei uma solução - "ela repreende com severidade.