Eijirou Kirishima se arrependeu amargamente de ter aceitado o trabalho no momento em que lhe colocaram naquele traje apertado. A camisa de botões impecavelmente branca por dentro da calça social nem era tão ruim assim, mas o colete preto que mal fechava na altura dos seus peitorais e aquela gravatinha borboleta estavam simplesmente ridículos.
Quando a garota de cabelos rosa choque — quem o tinha convencido a usar aquela palhaçada — chegou com duas luvas brancas, para completar o look de "mordomo britânico em filme de época", ele finalmente se encheu:
— Nem pense nisso, Mina.
— Ah, qual é! Faz parte do uniforme, Eiji!
— Pode esquecer. Eu já fiz demais por você, aceitando usar essa roupa engomadinha... Não abuse.
Mina fez um biquinho de irritação, mas logo desistiu. Ela realmente não estava em posição de exigir muito. Se Kirishima não estivesse lhe prestando aquele favor, ela estaria frita. A cerimonialista de casamentos da alta sociedade havia perdido um garçom de última hora para o evento daquela noite. O maldito havia ligado cerca de uma hora atrás dizendo que se atrasaria, então quinze minutos depois ligou para dizer que não iria mais, porque supostamente "sua moto enguiçou". Mina sabia que aquilo era uma desculpa esfarrapada para folgar nessa sexta à noite, mas fazer o quê? Quem mandou confiar naquele maconheiro do Sero?!
Por sorte, seu melhor amigo, que também era dono de uma academia de lutas marciais há cinco minutos de distância do hotel de luxo onde seria o casamento, estava livre naquela noite. Coincidência? Mina preferia acreditar que era destino, e Kirishima não conseguiu ignorar o chororô dela ao telefone. Teve que ir ao seu resgate, mesmo já estando de pijamas e se preparando para assistir a um especial da sua série favorita, no estúdio acima da academia onde morava. Para quê servem os amigos, não é mesmo?
Como ele havia trabalhado de garçom em uma lanchonete na época da faculdade, achou que não teria problemas com aquele job, mas, ah! Como estava enganado... Mina ia ter que lhe pagar uns bons drinques por fazê-lo usar aquele uniforme ridículo.
Não só isso, ela ia ter que lhe compensar muito bem pelas inúmeras cantadas e olhares indiscretos que estava levando das senhoras naquela festa. Cruzes, as mulheres não lhe deixavam em paz! Se ele fosse hetero, poderia ter aproveitado toda aquela atenção, mas como não era... Aquilo só o fez ficar extremamente desconfortável.
— Garçom! Uma bebida, por favor! — pediu uma voz masculina atrás de si.
Quando Kirishima virou-se para atender ao chamado, deu de cara com a pessoa mais bonita que já havia visto na face da terra.
O rosto era perfeito como o de um anjo esculpido em mármore, abrigava olhos felinos e selvagens sob sobrancelhas grossas e loiras, naturalmente franzidas em uma expressão que mostrava irritação constante e uma confiança inabalável ao mesmo tempo. Seus cabelos eram também loiros e rebeldes, como se o sol tivesse emprestado seus raios para enfeitá-lo, e o homem trajava um terno azul marinho bem cortado que lhe caia perfeitamente sobre o corpo definido e masculino.
— Perdeu alguma coisa? — disse o loiro, e Kirishima teve que voltar à realidade, corando violentamente por ser pego encarando.
— Ah... Não! Não, senhor... Me desculpe, aqui está. — ele abaixou a bandeja para servir, o homem retirou duas taças de champanhe e saiu.
Kirishima não conseguiu deixar de segui-lo com os olhos (ainda mais por causa daquele traseiro tão bonito sob a calça social...), e o viu entregar uma das taças a um jovem de cabelos verdes vestido de terno preto e a outra a uma mocinha de cabelos cor de chocolate e rosto redondo, em um belo vestido branco. Os noivos estavam tirando as tradicionais fotos com o bolo de quatro andares, sorrindo como duas crianças abobadas e felizes enquanto brindavam com os braços entrelaçados. O loiro bonito ficou um tanto distante ali ao lado, esperando os flashes das câmeras pararem. Ele até sorria pelo canto dos lábios, mas Kirishima não sentiu muita felicidade vir daquele sorriso...
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The Best Man - Kiribaku
RomanceAssistir ao amor da sua vida casando-se com outra pessoa não é fácil, ainda mais quando você é o padrinho do casamento. Tudo o que Bakugou queria era esquecer para sempre daquela noite, perder todos os sentidos. Ainda bem que um certo ruivo estava l...