Capítulo 3

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Deixar Colin para trás foi como soltar um fragmento do seu próprio ser no vento. Aquilo entre eles foi uma conexão inesperada, mas que deixou uma sensação estranha e difícil de explicar. Parecia que ela estava deixando para trás um capítulo de sua vida, um pedaço de sua alma... Ridículo, não é mesmo?

Tudo aconteceu de forma tão rápida e avassaladora. Em apenas algumas horas de conversa, Colin se infiltrou em seus pensamentos de maneira tão profunda que Penélope se viu envolvida por ele, como uma mariposa irresistivelmente atraída pela luz hipnotizante de uma vela em uma noite escura. Ou talvez fosse apenas sua carência falando. 

Choramingando, ela se afundou no banco do trem quase vazio. O tempo estava bem frio, mas os campos pitorescos do interior da Inglaterra mantinham sua magnificência intocada.

Ao longo das quase cinco horas de jornada ferroviária, a presença de Colin a envolveu como uma névoa persistente. Suas mãos calorosas e firmes ainda ecoavam em sua pele, o som cativante de sua risada ressoava em seus ouvidos como uma suave sinfonia, e seu olhar penetrante que a faz sentir-se única, como se fosse a única flor desabrochando em um vasto jardim, já estava gravado fundo em sua mente. Essa experiência era desconhecida para ela, uma mistura de inquietude, avassalamento e a certeza de algo que seria impossível de se repetir.

A paisagem fluía lá fora, mas dentro dela, o perfume do encontro ainda pairava, entrelaçado em cada pensamento.

Um suspiro melancólico escapou de seus lábios, transportando consigo as lembranças do beijo que a fez sentir como se estivesse mergulhando nas profundezas inexploradas do oceano. Ela levou os dedos aos lábios, como se pudesse recriar a sensação daquele toque único que a deixou perdida nas marés de uma emoção indomada.

Penélope já estava com dor de cabeça por causa da tormenta de sentimentos quando finalmente chegou à casa da mãe. Ela parou em frente a porta, se obrigando a respirar fundo antes de tocar a campainha, já sabendo o que a aguardava do outro lado.

Alguns segundos depois, foi sua irmã quem abriu a porta, um sorriso ansioso iluminando seus lábios assim que a viu.

"Pen, você voltou pra me buscar?" questionou Felicity, seus olhos transbordando de expectativa.

"Liss, eu só me ausentei por uma semana. É óbvio que eu voltaria." Penélope a envolveu em um abraço apertado, sentindo a culpa pesar em seus ombros.

"Você não me ligou hoje," murmurou a menina, suas palavras ecoando como um suspiro doloroso que penetrava fundo em Penélope, provocando uma mistura de culpa e angústia. Ela passou as últimas 24 horas tão transtornada e focada em Colin que nem se lembrou de checar a irmã, que sussurrou bem baixinho em seus ouvidos: "Me leva para bem longe dessa bruxa, por favor. Eu não aguento mais."

A compreensão iluminou os olhos de Penélope enquanto ela assentia, tentando sorrir de maneira solidária: "Onde ela está?"

"Na sala, eu acho," respondeu Felicity.

"Então, pegue suas coisas e vamos, não quero..." No entanto, antes que pudesse concluir a sentença, a voz estridente da mãe reverberou pelo corredor, interrompendo o momento.

"Olha só quem decidiu aparecer. Soube que andou ocupada ontem à noite," debochou Portia, lançando um olhar acusador em direção a Penélope. Com sarcasmo, acrescentou: "Só espero que não tenha se desviado do que foi fazer, por um qualquer que, só estando bêbado o bastante para ir atrás de você."

Penélope sentiu o sangue subir à cabeça, e uma confusão estampar seu rosto. Ela não esperava que a mãe soubesse de Colin... é dele que ela está falando, não? Contudo, decidindo não se abalar com o insulto, ela inspirou profundamente, tentando manter a firmeza na voz, perguntou: "Do que você está falando?"

Eclipse | PolinOnde histórias criam vida. Descubra agora