The Assassin's Dilemma | l.s

10. Fleeting Gleam

Niall está de volta à escola.

Harry nem percebe até entrar na sala e avistar o rapaz de cabelos loiros que ele reconheceria em qualquer lugar. O ar é subitamente retirado de seus pulmões, recusando-se a deixá-lo respirar corretamente, até que sente um empurrão por trás que o faz tropeçar para dentro da sala de aula.

"Opa, desculpa... ah, é o Harry. Você pode entregar isso para o Niall?" uma colega de classe entrega-lhe uma pilha de papéis. "Você sabe como ele pode ser assustador quando não está de bom humor, então não quero tentar."

Os papéis são empilhados em seus braços antes que ele possa reagir, e a garota já se afasta dele. Se Niall não está de bom humor, há uma grande chance de que ele não queira ver Harry também; considerando que a última conversa deles não terminou bem.

Com passos pesados, ele ainda caminha em direção ao lugar onde Niall está sentado, parando ao lado de sua mesa. "Oi."

Nenhuma resposta. Harry morde o lábio inferior para engolir sua decepção e medo, tentando voltar a ser seu eu usualmente animado e insistente que fez amizade com o garoto tímido em primeiro lugar.

"Eu não sabia que você estava voltando para o dormitório. Deveria ter me avisado... eu poderia te buscar ou algo assim!"

Ou não. Não há sinal de que Niall esteja sequer ouvindo-o. Será que chegaram a esse ponto? Anos de amizade calorosa transformados em um ombro frio só por causa do que aconteceu naquela noite. Ele espera mais alguns minutos ali, olhando para os cabelos de Niall para ver se ele cederia sob seu olhar e se renderia como geralmente faz. Ele não cede.

Afinal, Harry nem sempre consegue tudo o que quer.

Com um suspiro escapando de seus lábios e uma sensação familiar de ardor nos olhos, ele finalmente coloca a pilha de papéis sobre a mesa de Niall, tentando muito não bloquear o que quer que o garoto esteja lendo. Há um leve sobressalto quando os papéis entram em contato com a mão de Niall, e então ele olha para cima.

Ver os olhos de Niall faz Harry querer chorar ainda mais, percebendo o quanto sentiu falta dele.

"Sinto sua falta," ele solta, beliscando a coxa quando percebe o que acabou de dizer.

Niall pisca para ele e, em seguida, levanta as mãos para tirar os fones de ouvido. "Você estava dizendo algo?" ele pergunta. A alma de Harry está prestes a deixar seu corpo de tanto alívio que sente. Pelo menos o garoto não está ignorando-o, e nem ouviu a bobagem que ele acidentalmente soltou.

"Não. Só entregando uns papéis, provavelmente para seu dever de vice-presidente."

Ele desvia o olhar de Harry para olhar os papéis, acenando com a cabeça e levantando-se. Nenhum traço de tristeza da última vez que se encontraram pode ser visto no rosto de Niall agora, e ele é gentil ao acariciar a cabeça de Harry.

"Obrigado. Eu estava esperando por isso."

Quando Niall se afasta, Harry ocupa o assento com um longo suspiro saindo de seu peito. Não é muito. Seu melhor amigo ainda não está sorrindo para ele ou falando com ele mais do que o necessário, mas é um começo. É só mais um momento na vida de Harry em que ele está sendo egoísta, não querendo que algo seja tirado dele. Desta vez é Niall que ele segura para não deixá-lo ir, ao custo de machucar o rapaz sempre que vê Harry.

"...mas agora realmente dói te ver."

Será que ele faz alguma relação genuína? Harry pensa enquanto deita a cabeça na mesa de Niall, olhando para a fila ordenada de canetas em cima dela. Ele pensa em Liam, que costumava dar aulas particulares para ele porque ele estava sempre atrasado na aula. E há também Louis, que ele ameaçou para trabalhar para ele, e acabou se apegando. Agora, tem que ser Niall, que provavelmente não pode deixá-lo por causa do senso de responsabilidade que ainda mantém pelos pais deles.