Pegação

7 1 0
                                    

Ao chegar a casa de Verona toco o interfone 5 vezes da mesma forma q uma criança faria e ela atende resmungando:
-Quem é?
-Sooooou eu- eufórica e imitando uma criança
-Eu quem?-ela diz bufando
-Dianinha do country 2000- meu user no MSN, e vejo pelo meu ombro Josh suprimir um riso mas não ligo
-Diana?aff -ela bufa mais uma vez e destranca o portão. Segundos depois ela abre a porta com a maior cara de bunda e já me da uma bronca:
-Diana já procurou saber que horas são? ta todo mundo dormindo e acho q tenho q trabalhar amanha!!
-Ai creeeeeeeedo Verina quanto mau humor- eu começo a rir escandalosamente
-af você está bêbada? E quem é vc? - ela fala isso olhando pra Josh atrás de mim.
-Eu sou..-Eu interrompo Josh
-Ele é o gostoso que quase me atropelou quando eu tava saindo da casa da tia chata depois de brigar com os papaizinhos que vieram pedir desculpa pela merda que fizeram e- contínuo rindo e Josh RI CMG
-Iih já vi q essa noite vai ser longa, entra pra dentro.-ela fala isso torcendo a boca
-Não espera, tenho q agradecer o Josh -me viro pra Josh e o abraço- Obg Josh por tudo e principalmente por me dar esse vinho muito bom e me fazer rir muito, Tchaaaau- dou um beijo em sua bochecha
-Eu que agradeço -ele me abraça

-ai credo q nojo dessa melaçao de bêbados - Verina fala com voz de nojo
Eu entro pra dentro da casa dela.
Verina tem 20 anos trabalha pra uma agencia de modelo e apesar de muitas vezes dobrar a noite em desfiles, não pagam o suficiente para ela se manter. Por isso, trabalha eventualmente para uma agência de House Cleaner para complementar a renda. A conheci no bar em que trabalho assim que me mudei pra cá. Ela estava fazendo um freelancer por lá no dia em que fui fazer a entrevista para a vaga de garçonete. Antes que digam que eu roubei a vaga dela, o meu chefe (isso, aquele mesmo) é o tio dela, ganhando esse ilustre título ao se casar com a irmã da mãe dela, a dondoca da classe média Sue Rinald, e Verina definitivamente não é capaz de suportar a donzela e o indivíduo incapaz de manter a higiene pessoal tempo o suficiente para cumprir um expediente. 
Mais uma curiosidade sobre ela: Ela divide apartamento com Ivy. Sobre essa, não tenho muito o que dizer, passa mais tempo com o namorado tóxico do que em casa. Só o que eu sei, é que estuda jornalismo e é latina.

Acordo com o sol batendo no meu olho e tonteio quando levanto já são 10 da manhã fico feliz por ter perdido a hora pro trabalho, então visto uma roupa de Karina e vou pra cozinha, Vera já deixou um bilhete na mesa:

"Vejamos senhora Diana, chegou aqui em casa bêbada e com um boy magia e nem me esperou pra contar espero q tenha explicações para isso quando eu chegar, tem pizza na geladeira sinta-se em casa"

Comi um pedaço de pizza e fui pegar um pano de chão pra limpar a casa afinal estava uma bagunça. Acabei por volta das 18:00 e deitei no sofá pra assistir tv, quando meu celular toca é um numero desconhecido, ignoro a ligação mas ele torna a tocar então atendo:
-Alo?
-Oi. Diana?
-Sim.
-Josh Wolderhood.-Demoro um pouco para recordar, ate q tenho uma vaga lembrança e rio alto.
-Do que esta rindo?
-Você deve ter pensado q sou uma babaca alcoólatra ontem a noite.Desculpa.
-É talvez.
-Então o que você quer?
-Bom amanha eu estou com o dia livre ia te chamar pra ir ao shopping. Você iria?
- Bom, eu poderia dizer que não iria, pois se quer te conheço. Mas como já me coloquei em situações mais aterrorizantes, eu topo. Afinal, ainda tenho dois rins - Dou uma risada ao lembrar de algumas histórias, mas meu semblante muda ao relembrar dos meus problemas. Pauso e só o que escuto é o som dos carros buzinando enlouquecidamente lá em baixo. Retorno a si quando escuto a voz de Josh do outro lado da linha me chamando. - Tenho um problema pra resolver antes. A gente se fala depois. - Desligo o telefone imediatamente por medo de ter falado demais na noite anterior e Josh abordar o assunto.
Afogo o celular entre as almofadas do sofá de Verina, e corro de volta ao quarto.
O bairro em que minha amiga mora não é o dos mais bonitos da cidade, mas desde a primeira vez que eu vi essa janela, enxerguei-a como meu ponto de refúgio. Não sei explicar, é como se estivesse olhando um retrato imperfeito como eu e partido por trincos no vidro, cuja poeira e fuligem se misturam com a mais bela loucura do centro da cidade. Fico ali admirando a vista da cidade a qual fui forçada a morar, ao fundo escuto o tilintar do meu celular e não me permito pensar. Agora é só eu. Somente eu e eu não vou pensar. Não posso pensar. Não consigo pensar. Sou trazida de volta a realidade com o som de abertura da porta. Estou com o rosto molhado, quando foi que eu comecei a chorar? Enxugo as lágrimas e retorno a sala. É a Ivy.

- Oi! Ivy, né? Lembra de mim? - A minha voz me trai e sai levemente trêmula, mas não o suficiente para ela perceber. Ao me notar, ela se assusta, desvia o olhar para a cozinha e ajeita a franja de forma a esconder um lado de seu rosto.

- Sim.... - Ela fala sem graça - Verina não me disse que você estaria aqui... Estou  cansada, vou para o meu quarto, fique a vontade - Ivy passa por mim quase correndo e sem me olhar, entra em seu quarto e fecha a porta.

Eu não a conheço o suficiente, nem Verina a conhece. No entanto, tive o desprazer de conhecer o seu namorado, mais do que eu gostaria ou deveria. Conheci-o em um aplicativo de relacionamento, eu tinha acabado de chegar em Detroit e estava em uma fase bem sombria da minha vida, adotando o estilo "Se acham que eu sou uma prostituta, farei jus ao título". Nessa loucura, decidi que iria cobrar para transar com alguns caras, rompendo totalmente o que eu acreditava. Tobb foi um dos meus primeiros, eu não lembro muito bem como foi, estava alcoolizada e drogada demais para isso e só descobri o seu nome meses depois, quando o vi com Ivy. A propósito, foi uma situação bem bizarra que eu conto outra hora. Mas sei que ele já a namorava nessa época, afinal estão juntos há pelo menos 8 anos e com certeza, eu não fui a primeira. Gostaria de saber se ela sabe disso...

Ok. Você deve estar me achando incoerente, então acho que já está na hora de eu contar a história desde o início.

Quem é você Diana?Onde histórias criam vida. Descubra agora