Sentada no banco gasto do ônibus surrado, Hana Kurogane observava através da janela. A paisagem verde passava rapidamente por seus olhos negros até que, finalmente, o ônibus diminuiu a velocidade aos poucos, revelando a visão dos diversos prédios distintos que deslizavam lentamente pela janela. Era sua primeira vez em uma cidade grande, e ela se sentia assustada. A quantidade de pessoas ao seu redor a fez questionar se realmente conseguiria sobreviver naquele lugar.
"Será que há espaço para mim no meio de tantas pessoas?" , ela se questionou, apertando sua mochila preta. Hana mordeu o lábio. Seu coração doía com a ansiedade que aumentava a cada segundo. Suas mãos pálidas suavam frio, e uma leve tremedeira a acometeu, acompanhada de um pequeno enjoo.
Estava começando a se arrepender de sua decisão, até que as memórias dos gritos e choros invadiram sua mente, fazendo-a franzir as sobrancelhas escuras e apertar firmemente a mochila.
"Mesmo que eu morra no meio dessas pessoas, ainda assim não terei tomado a decisão errada."
A cidade grande a engoliu assim que ela desembarcou do ônibus. Com uma mochila surrada e 29.000 ienes economizados, a garota estava determinada a encontrar um lugar para ficar. Afinal, não podia viver nas ruas.
Ela percorreu ruas movimentadas, focando nos prédios decadentes. A tinta descascava e as janelas sujas pareciam esconder histórias sombrias. Entrou em cada um deles, esperando que o aluguel não fosse tão caro considerando o estado dos locais.
Para sua decepção, o aluguel não era menor que 49 mil ienes. Mesmo que os lugares parecessem assombrados, estavam bem localizados no centro da cidade, justificando os valores. Para alguém desesperado por um local próximo ao trabalho, certamente pagaria esse valor sem questionar.
Finalmente, ela encontrou um modesto edifício com um letreiro enferrujado que dizia "Residencial Tanaka". Embora mais afastado do centro, ela adentrou o pequeno prédio com poucas esperanças.
A pintura branca estava descascada e suja em alguns pontos, mas não era tão horrível quanto os outros lugares que havia visitado. O chão de madeira escura também não parecia tão sujo.
Na recepção, não encontrou ninguém no balcão e ponderou se valeria a pena esperar ou procurar outros lugares.
- Inquilina nova? - Uma voz masculina a tirou dos próprios devaneios. Olhando para o lado, deparou-se com um rapaz alto e definido. Sua pele pálida e seus olhos de cor cinza escuro eram brilhantes. Abaixo dos seus olhos havia uma cicatriz que formava um "x" em seu rosto. Os longos cabelos soltos na cor cinza escuro que caíam como cascata até seus joelhos chamavam toda a atenção. Ele vestia-se de forma simples, com uma calça moletom rosa e uma camiseta branca de mangas longas, além dos tênis brancos em seus pés.
Ela evitou admirar sua beleza para não parecer estranha.
- Ainda não sou inquilina. - Respondeu sem emoção. - Você sabe onde encontro o proprietário?
O rapaz deu de ombros.
- Ele não está por aqui. Normalmente aparece apenas uma vez no dia para verificar como estão as coisas e vai embora. Ele é um cara meio estranho, sabe?
A expressão da garota denunciava a decepção.
- Você sabe que horário ele normalmente aparece?
- Ah, normalmente no final do dia. Ele tem muitas residências, então deve ser muito ocupado. Aparentemente, coloca muita dedicação no que faz.
Ela examinou o ambiente, seus olhos percorrendo a pintura descascada das paredes. "Não parece ser tão dedicado assim," pensou. A atmosfera do lugar não inspirava confiança.
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Café dos Corações
RomanceHana Kurogane, fugindo de uma casa conturbada em uma cidade pequena, busca recomeçar em uma metrópole agitada. Com poucos recursos, ela precisa encontrar um lugar para ficar e um emprego. Inesperadamente, cruza o caminho de Haruto Watanabe, um garot...