Capítulo 26

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Maratona 3/3:

DULCE

Ele estava ali, tão perto e tão longe como sempre. Eu queria correr pro seus braços e sentir que tudo que eu tava sentindo ía passar e mesmo que não passasse ele estaria ali comigo. Mas eu não podia.

Passei toda a noite naquele lugar, por mais que o Dan, Maria e até Blanca insistissem pra eu ir descansar, eu não poderia, eu não conseguia. Não com meu pai sendo velado na minha sala.

Pela manhã tudo correu de forma normal, o caixão foi lacrado e saímos em direção ao cemitério. Depois do padre falar algumas palavras que eu sinceramente não faço idéia de quais foram, chegou o momento em que desceram o caixão e começaram a jogar terra.

Despois de passar toda a noite sem derramar mais nem uma lágrima agora, nesse momento eu comecei a chorar novamente, por que só nesse instante eu percebi que aquilo era mesmo verdade, que eu nunca mais veria meu pai.

Após o enterro eu fiquei um pouco mais no cemitério. Eu precisava ficar um pouco só, poder deixar essa armadura de lado e somente colocar pra fora tudo que eu tava guardando desde o momento que meu pai se foi.

Depois de finalmente enxugar minhas lágrimas fiquei pensando em como eu nunca mais poderia abraçar meu pai, escutar sua voz ou sentir o seu cheiro e que teria que arrumar um jeito de seguir em frente, mais uma vez na minha vida.

Todos já tinham ido embora e quando eu finalmente resolvi me levantar e sair dali, vi Christopher parado perto de seu carro me esperando.

Não falei nada, eu simplesmente fiz o que queria ter feito desde quando o vi ontem. Me joguei em seus braços e ele me acolheu. Comecei a chorar como uma criança, acho que depois de hoje não vou ter lágrimas pra mais nada.

Continuamos ali por um tempo, eu chorando agora baixinho e Christopher acariciando meus cabelos e me consolando. Quando me acalmei mais, me soltei devagar do seu abraço. Abri a boca pra falar mas Christopher falou antes.

Ucker: Não precisa falar nada Dul. Eu entendo o que você tá sentindo. Vamos, vou te levar pra casa.- Falou calmamente como se tivesse falando com uma criança.

Dulce: Pra casa não, eu quero ir pra outro lugar.

Ucker: Tudo bem.- Ele sorriu tímido.

Entramos em seu carro e logo chegamos onde eu queria ir. Esse parque ficava cheio de gente nos fins de semana mas na semana quase não tinha ninguém, como hoje.

Saí do carro e me sentei em um banco perto da pequena fonte que havia ali.

Christopher se sentou ao meu lado e logo eu encostei minha cabeça em seu ombro, ele passou um dos braços ao redor dos seus ombros. Eu respirei fundo.

Dulce: Eu vinha aqui quando era criança. Ele sempre me trazia quando tava de folga. Era o nosso lugar.- Contei um pouco melancólica.

Ucker: Vai continuar sendo.

Dulce: Antes dele morrer…

Ucker: Não precisa fazer isso Dul.- Me interrompeu.

Dulce: Ele disse que queria que eu fosse feliz e que me amava. Mas como posso ser feliz se a minha vida é uma eterna bagunça? Como posso ser feliz sem as pessoas que eu amo? Como vou ser feliz dessa forma?- Desabafei frustrada.

Ucker: Dulce...- O interrompe.

Dulce: Ele disse que nós dois escolhemos o mais fácil ao nos separar. Que devíamos ter lutado e que sempre vale a pena quando há amor.- Continuo e ele suspira.

Laços Eternos (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora