Eram 3h da madrugada quando Milton, um jovem no auge dos seus 35 anos, despertou de seu sono. A insônia o perseguia com certa persistência nas últimas semanas e ele odiava isso, precisava estar bem descansado para o dia seguinte.
Irritado com a situação, permaneceu deitado olhando para o teto. Resistia em pegar no celular e estava determinado em fazer seu cérebro lhe obedecer e adormecer. 30 minutos se passaram, no entanto, e seu esforço não deu resultado. Vencido pelo órgão pensante de seu corpo, catou o seu celular na mesinha que fica ao lado de sua cama.
Ao abrir o Instagram, começou a descer o feed e deparou-se com a foto de um antigo colega, ou melhor... antigo amigo dos tempos de escola. Renato, ou Renatinho para os íntimos. Ele se viu ali observando aquela foto. Estava sozinho em seu quarto, mas ainda assim, sentiu-se julgado. Fechou o aplicativo, desligou o celular e o deixou ao seu lado na cama. Virou-se e tentou dormir novamente.
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-Certo, meninos... pegaram tudo? Escova de dentes? Roupas? Marcinho, está levando sua bombinha de asma?
-Tô sim, mãe.
-Ed, cuida do seu irmão, tá?
-A gente vai ficar na casa do nosso pai, pra quê tudo isso?
-Eu sei, mas eu me preocupo mesmo assim, você ficarão uma semana inteira longe. Sentirei saudades.
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Milton estava tomando o seu café, quando o interfone tocou.
-Alô?
-Sou eu.
-Estou descendo.
Seu coração estava acelerado, quase saindo pela boca. Havia algumas semanas que ele não via os seus filhos e agora iria passar uma semana inteira com eles, aproveitando os primeiros dias das férias escolares.
É meio estranho ficar na ansiedade com esta situação, mas ele realmente amava os filhotes. Márcio tinha 7 anos, meio sem jeito com as palavras, enquanto seu irmão Eduardo era mais velho, com 11 anos. Milton havia sido pai cedo, após engravidar uma namorada do colégio, sua ex-esposa – Luane.
-Olá, Luane, bom dia.
-Bom dia, Mil. Tudo bem?
-Tudo e com você?
-Tudo sim.
Milton sentiu uma nostalgia na voz de sua ex companheira. Afinal, este casamento apenas chegou ao fim por conta dele próprio. Lu nada pôde fazer. O motivo era pessoal demais. Seus filhos lhe abraçaram e subiram o elevador em direção ao apartamento.
-Os advogados ainda estão lidando com a questão dos dias que você poderá ficar com eles. Mas isso é apenas burocracia, eu sei que não preciso de uma ordem judicial para lhe forçar a ser pai.
-Eu entendo, fique tranquila.
-Tomou coragem para falar com eles sobre o assunto?
-Ainda não. Isso é algo que leva tempo, mas no momento certo, irei conversar com os dois.
-Eu entendo, bem eu já estou indo e qualquer coisa pode me ligar.
-Luane, espera um pouco... Você sabe que nunca foi minha intenção tudo isso, não é?
-Sim, eu sei sim. Mas eu te amo ainda, sabe? Mesmo tentando entender sua situação.
Ela se virou e entrou em seu carro. Pela janela do veículo deu um tchau e seguiu seu caminho.
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A Podo Love Story: Amor Decretado
RomanceUm pai recém-divorciado se vê apaixonado por seu antigo amigo dos tempos de escola.