Sonhos de infância

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Estou deitado, tranquilo. Será que estou na minha escola? Sim, sim. Quem é essa garota que fala comigo? Ela está sorrindo. Não consigo escutar sua voz, tampouco a minha... Apenas percebo suas feições, que indicam simpatia. Seu cabelo loiro está preso em um coque alto, e seus olhos parecem cansados. Ela se senta ao meu lado na aula da Miss Vincent.

Agora estou só com essa garota. Ela pega minhas mãos, e nós giramos. Parece que estamos cantando e rindo... Nada faz sentido. Não consigo ouvir, sentir, respirar. E se eu falo, não sou atendido, nem ao menos percebido. Estou em terceira pessoa.

Em outra cena, estamos sozinhos em um terraço. Nossas mãos se tocam, mas alguém chega, e nos afastamos. Espera... Eu conheço esse alguém! É o Noah Miller, meu melhor amigo que não faz questão de nada. Sempre um estraga-prazeres, HAHAHA.

Uma disputa? Os testes são mostrados, e eu fui massacrado... E agora posso ver seu nome! Anne! Anne Saunders. Somos amigos ou namorados? Não vejo aliança... Ela é muita "areia para o meu caminhão", isso é certo.

Vários "takes" se passam, cada um melhor que o outro, até que chega o dia da formatura. Convido Anne para ir comigo, e ela aceita. Mas após algumas horas de espera, mando uma mensagem de texto para ela. Ela não visualiza, mas recebe. Faz sentido ela estar com raiva; eu deveria ter proposto buscá-la em casa.

Agora está escuro... Não sei onde estou, mas posso perceber o clima ruim ao meu redor. Sangue? Isso é sangue? Não! Não pode ser! Flores pelo chão... Rastros de sangue... Anne...

E então, um clarão aparece.

- Uhf! O que é isso? Nossa... apenas um sonho, de novo esse sonho! Não posso dormir uma vez sem essas perturbações?! - Pego meu celular e percebo que era quase cinco da manhã, não conseguiria dormir de novo e então, após uma briga com meu travesseiro, me levanto, me arrumo, espero o tempo que faltava para meu horário e vou à escola.

Chegando lá, Noah pula em mim, esquecendo o fato de que ele é pelo menos três vezes meu tamanho. Nos cumprimentamos e eu já reclamo:

- Cara, aqueles sonhos bizarros voltaram, não tem um dia que eu não durmo sem isso... aliás, você conhece alguma Anne Saunders?

Noah pensa um pouco e diz: 

- Conheço uma Anne da turma 3C, mas ela não é Saunders. É algo como Carter ou Foster... por que você se recusa a me falar o que acontece nesses sonhos?

- Não posso - respondo friamente, entrando no prédio e virando para trás, onde ele se encontrava parado - estou entrando, vou tentar dormir um pouco, já que de noite é impossível.

O sino toca, e se passam várias aulas impossíveis de engolir, cada uma pior que a outra. Meu olho já pesava, e eu não conseguia raciocinar. Até que, nas duas aulas de humanas com a Miss Vincent, os minutos se passam e ninguém entra. Depois de mais um tempo, a Mrs. Foster, que acabara de se reeleger como vice-diretora, entra e diz em um tom sério:

- Pessoal, sem bagunça! A senhorita Vincent não pôde vir para a escola e não tivemos uma substituta, portanto, essas duas aulas serão vagas... para colocar uma emoção no dia, eu tenho uma surpresa. Entre, senhorita Saunders.

Eu não ouvi direito o recado dado, mas quando a garota entrou, vi os cabelos loiros de quem veio me perturbar em sonhos durante anos. Fiquei abismado e a encarei grosseiramente durante sua apresentação, que eu também não ouvi.

- Oi, gente. Sou Anne Saunders... acabei de ser transferida para essa escola, pois fica mais próxima da minha casa. Sei que vocês não querem ouvir mais, então é isso... espero que nossa convivência seja boa!

Continuei a encará-la vergonhosamente, e ela foi com sua bolsa, que aparentava estar pesada, em minha direção. A única cadeira disponível na sala estava ao meu lado; ela se sentou e sorriu, com aquela cara de simpatia, e disse:

- Hola!

Demorei para responder, pois vi que era exatamente igual ao sonho, mas finalmente disse:

- Oi! - Virei minha cabeça e corpo para frente e me deitei sobre a mesa, com a cabeça virada para o lado da janela.

Minha cabeça estava a mil. Será que o sonho era apenas coincidência? Se não for, será que posso fazer algo? O que devo fazer? Nesses pensamentos invasivos, acabei dormindo.

" - ... O assassino das flores ataca novamente. Agora foram somadas 4 pessoas vítimas desse serial killer, mas nenhuma tem ligações com as outras, e foram em pontos distantes. A polícia não tem nenhum suspeito, mas afirmam que seguirão incessantes com a busca..."

Acordei mais uma vez, sobre a mesa, com uma voz doce chamando:

- Oi! Oi! Você dormiu a aula toda, já acabou tem tempo. Você tem sorte de eu ter esquecido minha pasta, pois você ia ficar preso na escola até segunda!

- Obrigado. - Recobrei a consciência e olhei adiante para ver com quem falava. - Ugh! - Levantei de uma vez da mesa, pois percebi que era Anne ali. - O-obrigado.

- Você fica me devendo uma depois. Sou Anne. - Ela estendeu a mão. - Prazer em conhecê-lo.

- Sou Daniel Moore, me chame de Daniel ou Dan. - Sorri de volta, mas logo percebi que talvez não deveria falar com ela. - Obrigado de novo.

Saí em passo apressado, derrubando várias coisas pelo chão, e assim acabou o dia. Voltei para casa mais cansado ainda e liguei a televisão. Estava passando o jornal local:

" - E então, Eliza, já que o tempo está bom, Lembrei de flores, mas algo desagradável está ligado a elas... O assassino das flores, assim apelidado pelos detetives responsáveis pelo caso, você tem alguma atualização?

- Sim, Dylan. Antes, quero prestar homenagem às famílias afetadas. Não sabemos muita coisa sobre ele, apenas que ele deixa uma rosa de variadas cores após a vítima ir a óbito. Ontem à noite, tivemos mais uma vítima. Então, pode-se dizer que o assassino das flores ataca novamente. Agora foram somadas 4 pessoas vítimadas por esse serial killer, mas nenhuma tem ligações com as outras, e foram em pontos distantes. A polícia não tem nenhum suspeito, mas afirmam que seguirão incessantes com a busca por esse criminoso."

- Merda, é real! Não sei o que faço! - Desliguei a televisão e fui para o quarto. Sem jantar ou ao menos tomar um banho, me deitei e fui dormir.

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⏰ Última atualização: Jun 29 ⏰

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Você é meu sonho (O pesadelo da formatura)Onde histórias criam vida. Descubra agora