Jaqueta

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Eu nunca iria imaginar que seria presa. Ainda por cima, presa por invadir a casa de uma das pessoas que eu mais admirava nesse mundo. Só de lembrar da expressão fechada de Ester ao ver que eu era a intrusa de sua casa, meu estômago se revirava. Ela com certeza acha que eu sou maluca, e talvez eu seja, e vai pedir ao Drake que me demita. O que eu tinha na cabeça? Acho que levei essa obsessão além do que deveria.

Os policiais continuavam falando de rosquinhas.

- Ei, policial! - Chamo um policial gordinho que estava sentado em uma cadeira lendo um exemplar da Sports Illustraded.

- O que você quer? - Ele se aproxima, com cara de tédio.

- Pode me falar quantas horas são?

Ele olha em seu relógio de pulso. - 2 da manhã. - Meu Deus, já era tarde pra caramba! Arón e Omar deviam estar preocupados.

- Posso fazer meu telefonema agora? - Ele faz uma careta, e leio na placa que há em seu uniforme que seu nome é Timbers. - Valeu, Timbers. - Digo quando ele abre a porta de minha cela. Timbers me leva até um canto da delegacia onde havia um telefone, no caminho vários policiais me encaram e eu dou um sorriso amarelo.

- Está ai. - Timbers se afasta. Decido ligar para o celular de Omar, que atende rapidamente.

- Alô? - Ele tem a voz abafada.

- Oi, Omar. Sou eu, S/n.

- S/n! - Ele grita, e escuto a voz de Arón ao fundo: "Aquela desgraçada deu sinal de vida?"

- Omar, escuta, não posso demorar. Preciso que você me busque aqui na 23ºa delegacia.

- Delegacia, mas por que?

- Digamos que eu fui presa.

- O que? - Omar grita. - Por que você fez isso S/n S/s? Qual o seu problema?

- Olha Omar, eu te explico depois. Você pode vir aqui?

- Está bem. Arón e eu estamos indo pra aí. - E desliga o telefone. Timbers se aproxima novamente.

- De volta pra cela, S/s. - Bufo, frustrada por ter que voltar para aquele lugar abafado. Sento no chão da cela e Timbers coloca uma cadeira ao meu lado, mas obviamente fora da cela. Arón e Omar estavam furiosos e minha cabeça doía só de pensar nas broncas que iria levar. Tento pegar no sono, mas é óbvio que não consigo. Eu queria desesperadamente ir pra casa. Passam-se uns 20 minutos, eu acho, até eu ouvir uma voz que me faz pular de alegria. Omar.

- Omar! Omar! - O baixinho está com uma expressão séria, conversando com o delegado, que foi quem me prendeu. Ele mostra uns papéis pra ele e se aproxima de mim.

- O que você tinha na cabeça? - Seu tom de voz é furioso. - Invadir propriedade privada, e ainda por cima a casa da Expósito?

- Eu...

- Você nada! Você não tem noção do quão preocupadas Dinah e eu ficamos, S/n S/s. - Me sinto envergonhada e abaixo a cabeça.

- Me desculpe. Omar, eu só fiz isso porque queria de alguma forma me sentir próxima dela. Entende?

Omar suspira, pegando na minha mão. - Olha, eu vou te tirar daqui, ok? Arón está lá fora e eu liguei pro Miguel. Ele está morto de preocupação e só não vai vir porque a Amber está com bastante cólica. - Me sinto um pouco melhor ao saber que Omar ligou pro Miguel. Miguel Bernardeau, ou Guel, era o meu melhor amigo de infância. Nos conhecemos desde os 8 anos e somos inseparáveis. Ele é bioquímico, casado com Mina El Hammani, também bioquímica. Os dois se conheceram no primeiro ano de faculdade e tem uma filha chamada Amber. Amber tem 7 meses e é a coisa mais linda do mundo.

- Tudo bem, Omarcat. Muito obrigada.

Omar se afasta, me deixando sozinha com Timbers e meus pensamentos culposos. Eu simplesmente estava ferrada. Passa um bom tempo e o delegado se aproxima da minha cela.

- Você está liberada, senhorita S/s.

- Liberada?

- Sim. A Srta. Expósito retirou a queixa contra você. Ela está aqui e mandou que nós a soltássemos.

Dou um salto e ele abre a porta, tirando as minhas algemas. Saio de lá de dentro vacilante, sem saber exatamente o que fazer. Ester me liberou? E estava aqui? No momento em que chego até o hall da delegacia, vejo Ester lá parada. Ela me encara, seus belos olhos faiscando, mais maravilhosa do que nunca. Ela usa uma jaqueta preta, e percebo com assombro que era a minha jaqueta, deixada no chão de sua escada.

- Oi, S/n. - ela diz sorrindo. Quantas vezes eu não sonhei com esse dia? O dia em que ela saberia o meu nome.

- Oi. - Falo tímida.

- Ficou sabendo que eu retirei a queixa contra você?

- Sim. - Abaixo a cabeça, atordoada.

- Ótimo. Você e eu temos assuntos a discutir. Mas quero que vá pra casa e descanse. O Sr Ayuso está lá fora te esperando. - Fico encabulada por ela saber o nome de Omar e falar que tem assuntos comigo.

- Tudo bem. - Ela me entrega um cartão, que tinha seu nome e um número.

- Esse é meu número. quero que me ligue mais tarde o mais rápido que puder.

Confirmo com a cabeça, assombrada por finalmente ter seu número. Isso tá tão estranho. Ester se afasta, indo em direção a saída, mas para.

- Adorei a sua jaqueta. - Diz e sai, me deixando de boca aberta. Assino alguns papéis, pego meu celular e saio para fora. Liberdade.

Arón e Omar estão parados próximas ao Prius da primeira. Omar me abraça e entramos dentro do carro. - Você tem bosta na cabeça, S/n? Eu sempre soube que você é fã da Ester, mas invadir a merda da casa dela? - Arón diz finalmente, após uns minutos silêncio. - Nós estávamos mortos de preocupação. Omar chegou a chorar.

- Eu sinto muito, Arón. Sério. Eu não pensei direito. - Ele se cala e vejo Omar sorri pelo retrovisor.

- Vai ficar tudo bem. - Tento acreditar em sua palavras, mas sem sucesso. A presença de Ester na delegacia não é citada e fico satisfeita. Não queria ter que explicar coisas que nem eu sabia. Logo estamos em casa e eu corro para o banho. Omar e Arón não falam nada comigo, entendendo que eu queria ficar sozinha. Fiquei deitada na minha cama, pensando em tudo que aconteceu. Por que ela me liberou?

Por que pegou minha jaqueta e disse que queria falar comigo?

Bom, Ester Expósito era mais estranha e maravilhosa do que pensei.

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⏰ Última atualização: Aug 30 ⏰

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Hands To Myself - Ester/You intersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora