Capítulo 1- Páscoa desastrosa

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Os verões significam muito. Eram recomeços, novas chances e para elas _ uma possibilidade


   Nos sopés dos alpes julianos, mais precisamente em Bled. O palácio majestoso da família real eslovena se localizava em frente ao lago azul cobalto. Tão visivelmente pacato por fora que ninguém ousaria imaginar a energia caótica instalada ali desde que a rainha Catrina disse sim.   Os preparativos já em postos. O cheiro de lavanda infestando todos os cômodos e por onde quer que fossem haviam alfaiates e decoradores dando pitaco. Além do falatório atípico, os pés ansiosos da jovem Charlie também batiam o piso amadeirado de uma das salas de antiguidades. Assim como o palácio, a princesa também transparecia calmaria, fazendo ser inimaginável pensar em sua inquietação. A menos, é claro, um de seu irmãos mais velhos, que notaria seu desconforto a quilômetros de distância.


__Vai perfurar o piso desse jeito. -Caleb para de tocar o piano e se aproxima enérgico. __Acho que posso adivinhar o motivo de seu nervosismo, Huh? -Sentou-se também.


__Eu sei que é falta de compaixão. Estou feliz pela nossa irmã. -Desabafa com um sorriso. -O problema é rever a detestável da Duquesa. -suspira fundo.


__Ah, Charlie deixa disso vai...pensa que é só por um verão. Não é como se fossem virar melhores amigas. Só terão de fingir melhor. -Levanta, ab-rogando as cortinas. __Afinal, todos precisamos parecer harmônicos e espirituosos para evitar escândalos. Experimenta isso. -Entrega um aperitivo embrulhado.


Enquanto refletia os conselhos do irmão. Charlie degustava o salgado como se fosse sua última refeição e sentia o desconforto se transformar em nostalgia pelo sabor da infância.


__Isso é muito bom. Onde foi que achou?


__Ele roubou da cozinha interditada. -Uma outra voz responde, de forma brincalhona adentrando a sala junto aos demais. __O que fazem aqui se empanturrando de comida? e como ousam fazer isso sem mim. -Timothy se junta fazendo todos abrirem um largo sorriso.


__Perdoe-nos grande Tim, estava tentando convencer Charlie a não abrir uma cratera no chão. -Fala em ênfases voltando ao sofá marrom. Charlie dispara uma almofada no mesmo, enquanto tenta esconder o rosto dos olhares de reprovação.


__Já posso imaginar o motivo. Tenta se apegar ao fato de que agora já estão mais velhas, maduras o bastante para deixar pra trás uma inimizade boba. -Tim aconselha a irmã. —Quem sabe podem virar grandes amigas. -Os dois lançam olhares incrédulos.


__Mais fácil eu sossegar minha bunda e me casar com uma Condesa. -Caleb joga os pés gargalhando.


__Está aí duas coisas impossíveis. -A princesa joga as mãos no ar. —Já imaginou as manchetes, Tim? anunciando o casamento do príncipe festeiro. -Caleb devolve uma careta.


__Difícil de imaginar mesmo. Mas convenhamos que os dois deveriam deixar para trás velhos hábitos e de desfiar a mudar. -Coloca os braços no corpo do sofá. —Afinal e verão. Lembram como amávamos essa época? -O moreno lembra nostálgico.


Pelo restante da manhã, nostalgia e afeto é tudo que se pode encontrar na casa Scarbrough. Os três aproveitam a companhia um do outro, antes que os compromissos de seus títulos batessem a porta. Aliviada, quando estava com os irmãos, Charlie sentia-se bem o bastante para ser ela de verdade. Por um momento, eles esqueciam do dever que os  perseguia e podiam sentir o doce ar de uma juventude normal.   Ao menos, por alguns instantes.

Ao saírem da sala privada, os três seguiam em sincronia até o jardim onde ocorreria o piquenique de Páscoa. Os vozerios animados ficavam mais altos a medida que andavam, Caleb toma a frente como o mais velho e então Charlie pode sentir o frio na barriga tomar conta assim que alguns olhares acompanhavam os três.

Céus do verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora