Prólogo

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  Apesar da vasta escuridão noturna da meia noite, da densa chuva que caia sobre o chão e do ranger assustador das árvores – devido ao forte vento – nada impedia que os bravos cavaleiros de armaduras de metal, que cavalgavam em seus cavalos, de seguir aquela silhueta feminina, de capa e capuz de tons escuros, – o que mesclavam com a escuridão da noite na floresta – que carregava em seus braços algo que estava envolvido em panos, que possuíam tonalidades da cor cinza, o que provavelmente antes era branco. 

  Os cavaleiros, ainda que estivessem fadigados, de tanto cavalgar e perseguir a tal figura, se mantinham de punhos cerrados nas rédeas, persistentes em seguir e poder então apanhar a mulher de vestimentas escuras, que também aparentava se esgotar com tanta correria. Os indivíduos já estavam a chegar no centro da floresta na qual era repleta de árvores absurdamente grandes, podiam passar facilmente de 120m, suas folhas eram de um tom verde escuro e seus troncos tão escuros quanto uma madeira de carvalho. Foi quando o suposto objeto que se mantinha ao aconchego da mulher, começa a se colocar em prantos, o que se deu a entender que era um bebê ali. O choro da criança fora tão alto, que assustava as criaturas da noite antes mesmo do mesmo chegar perto delas, o que desesperou mais ainda quem o carregava, fazendo-a ter tentativas falhas de fazê-lo parar, com medo de que criaturas perigosas, aparecessem, e tivesse mais seres correndo atrás dos próprios.

  Em um outro local, era visível ver grandes íris vermelhas aparecendo em meio a obscuridade, mas que logo desaparecem. 

  O desespero e o medo eram nítidos no rosto da fugitiva, que agora era possível ver seu rosto, a partir da luz dos relâmpagos que passavam com as brechas das folhas, era uma mulher jovem de cabelo negros, pele clara e olhos azuis-claros. Quando chegará no centro da floresta deu um suspiro aliviado ao avistar a conhecida colina na qual havia uma árvore-de-cerejeira branca, porém para seu desencanto, ela acaba por tropeçar em uma raiz de árvore e cai no chão, segurando ainda mais firme a pequena vida em seus braços, quando por fim os alarmados gritam como um ato de vitória, contudo, em meio a gritaria pode-se ouvir um grande rugido, assustador e estridente, e dele, uma sombra reptiliana monstruosamente colossal sob os céus que pousa no chão, a cima dos abatidos fugitivos e rugi novamente como uma ação de deixar a todos com medo. Assustados, os cavalos param bruscamente de cavalgar ao se darem conta do ser a sua frente. A criatura possuía imensas asas, seu corpo, no entanto, não era de um pássaro, mas sim de um lagarto, repleto de escamas vermelhas, chifres curvados em sua cabeça, assim como os de um bode, olhos escarlate e garras tão grandes quanto uma árvore de Mutambo. 

  Muitos aparentavam estar amedrontados com aquela silhueta assustadora, exceto a pessoa que era protegida por ele, na qual mostrava alívio e calma, a própria se levanta e volta a correr, só que desta vez ela tinha um rumo, direcionava-se a uma grande montanha, na qual o seu topo estava tampado pelas nuvens escuras. Um dos guerreiros vê o seu objetivo fugindo e tenta segui-la, falhando miseravelmente, pois um único golpe da calda do reptiliano, faz com que ele seja lançado para longe, batendo a cabeça em um galho de uma árvore, assim obtendo uma morte rápida. Após esse ato, todos vão em direção ao inimigo, com suas espadas apontadas para o céu e gritando novamente, só que desta vez, com o intuito de animarem aos seus companheiros, para irem há batalha.

  Enquanto o conflito ocorre em meio a mata, a mulher que seguia em direção ao pé da montanha, já muito exausta, vai em direção à uma caverna escura e grita, com um sorriso em seu rosto: 

— Eu imploro, cuide de meu filho com sua vida, seu velho rabugento! — sua voz era tão doce quanto mel, até em um momento de grande aflição, sua beleza e serenidade era óbvia a qualquer um. 

  Então a mulher que cuidava da criança a coloca gentilmente na entrada da caverna, já com lágrimas em seus olhos e volta a correr, só que voltando em direção ao matagal. 

  Em seguida, uma silhueta um tanto parecida com reptiliano anterior, só que um pouco menor, branca de detalhes dourados e olhos castanhos, sai da escuridão indo em direção ao bebê e usa sua imensa garra para tirar parte do pano, que escondia o rosto do menor, e se espantará ao ver um bebê de aparência humana com cabelos negros, pele escura e olhos vermelhos-púrpura, mas com chifres idênticos ao do gigante que ao olhar a fera para de chorar e o encara de forma curiosa, a criatura o encara de volta e diz: 

— ... Eu avisei que essa coisa daria problema. – Sua voz era grossa e roca, assim como a de um velho de 60 anos que fuma desde os 14. Mesmo que esse não fosse o contexto.

  Logo, mordendo os panos para carregá-lo para dentro, tomando muito cuidado para não machucar a criança, deixando um papel cair no chão sem ao menos perceber. Ao entrar o coloca no chão novamente e cospe uma pequena chama em um monte de madeira que havia no chão, para iluminar o local, mas de repente, um grito feminino é escutado fora da caverna, assim fazendo-o olhar para trás com um semblante preocupado e triste, até que acaba olhando para o chão e vê o papel caído no chão, que com letras e palavras da língua humana, estava escrito: 

  Akasofu Ryunosuke.

  O ancião chega mais perto do escrito, lendo-o: 

— Ha! Então... meu neto se chama Ryunosuke, quem diria que usariam o nome do nosso clã... 

  A grande criatura, logo, indo em direção a entrada do covil, saindo dele, e pegando algumas pedras e cascalhos com a sua boca, em seguida entrando novamente na cripta, só que de costa e jogando os as pedras na entrada, dessa forma conseguindo disfarçar a existência do local.

...

  O céu havia se limpado por completo, nem aparentava ter chovido em algum momento, o céu estrelado cortejava o luar, a vibração da noite era algo mágico. Se fixasse seu olhar sobre os astros, poderia imaginar que suas constelações estão girando e dançando nos torvelinhos e redemoinhos do infinito. 

  Pelo menos essa era o que um homem via no céu, tendo uma vista espetacular da sacada de seu quarto, apesar das únicas iluminações da vila – que está à frente de seu lar – sejam as tochas dos guardas da patrulha noturna, os astros permitiam ter uma visão formidável de um grande palácio de arquitetura tradicional japonesa. 

  A única coisa que podia ser ouvida são as cigarras e os grilos, estrudalando durante a calma noite, até que: 

— É a sua vez... – é possível escutar uma voz feminina, meio rouca e inexpressiva, vindo de dentro do aposento que era decorado somente com tecidos negros, como as cortinas e as peles de animais no chão, ao lado da porta de madeira escura da sacada havia uma pequena mesa baixa do mesmo tipo de madeira, com uma pequena almofada cinza de detalhes de ouro, no chão era possível ver algumas roupas espalhadas de uma maneira despojada, eram dois quimonos, um azul de detalhes de prata e outro vermelho de detalhes de ouro, mais a frente uma cama do mesmo tipo de madeira do quarto. O luar aclara, uma face de uma mulher de pele clara, rosto oval, nariz fino, lábios finos e rosados, sobrancelhas de tom amarelado e finas, cabelos loiros e curtos, deitada na cama de lençóis pretos. 

  Era nítido que a própria se referia ao choro infantil, vindo do aposento ao lado, dirigindo a sua fala ao homem seminu na sacada. A silhueta masculina, apresentava uma musculatura simples, de rosto quadrado, nariz reto, uma pele um pouco bronzeada, lábios cheios, sobrancelhas de cor de couro‐escuro e finas, com uma barba meio rala no queixo, cabelos castanhos meio grisalhos e lisos.

— Tks... estou indo... – declarou com um sorriso de canto, já indo em direção ao respectivo local ao lado. 

  Abrindo a porta, ainda com a boca curvada num sorriso, andou até a porta a sua direita e adentrou no pressuposto quarto de prontidão, onde era um total oposto do aposento anterior, ao invés de um tema escuro, a madeira do quarto quase chegava a um tom de branco, os tecidos, lençóis e as peles mesclavam de branco a bege, e no chão havia uma grande variação de brinquedos de madeira. O senhor chegou perto de um berço do mesmo tom de madeira do quarto, onde se encontra um bebê, com uma aparência um tanto do parecida com o perfil da dama que repousa em sua cama, porém de rosto mais rechonchudo. O adulto alcança seus braços para ter a criança em seu aconchego, fazendo-a parar de chorar instantaneamente, e procedendo a voltar a dormir. 

— Ha... você é realmente filho da sua mãe... - o senhor então olha para a janela aberta ao lado do berço, voltando a apreciar o espetáculo estelar.

Os seus olhos escarlateOnde histórias criam vida. Descubra agora