001 ─ O começo do fim

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Um ano antes...

— Tudo bem crianças, vejo vocês amanhã, e não se esqueçam do dever de casa! — Exclamou a professora após o sinal tocar.

No mesmo instante em que todos ouviram o alarme que comunicava finalmente o encerramento de um período tenebroso do dia, saíram todos os alunos às pressas da sala de aula —, Todos esbarrando uns aos outros, enquanto empurravam e corriam como alunos do 1° nível da educação básica — com tamanha afobação e barulheira alta o suficiente para distinguir a voz da professora. Provavelmente poucos a escutaram ou tiraram de suas próprias mentes a memória de tê-la escutado.

Somente eu e minha professora permanecemos naquela sala de semelhança à um cômodo hospitalar, na qual tinha luzes exageradas no tom de branco e um ar-condicionado que em minha opinião, mais frio que Polo Norte. Eu nunca tinha motivos para pressas, e ao que eu diariamente percebia, ela também não. De minha mesa, com um olhar de soslaio, no tempo em que guardava minhas coisas cautelosamente na mochila, notei minha professora me encarar como se eu fosse um símbolo cômico. Olhei debaixo da minha carteira para me certificar de que não era sobre algo que eu esquecia, mas os únicos materiais de fora eram os meus livros mais pesados.

— Minha caneta, Lucy — Proferiu minha professora ao tempo que forcejava por conter uma risada.

— Ah, sim, me desculpe Sra.Abbey — Respondi embaraçada e totalmente envergonhada. Depressa abri minha mochila e alcancei o meu estojo, pegando desajeitadamente a sua caneta — Aqui está, obrigada.

Eu havia pegado emprestado a sua caneta cor de rosa para dar vida à uns detalhes em meu desenho — que eu fizera no tempo livre que nos sobrou da aula. Entreguei sua caneta e lhe dei um sorriso simpático, e quando feito, confesso ter me sentido bem constrangida, mesmo sendo algo bobo e comum de se acontecer. Eu não costumo ser muito esquecida, porém, um pouco desatenta. Portanto, é ótimo que meus professores sejam cientes disso, porque, longe de mim tentar algum furto de canetas.

Organizei minhas coisas novamente e coloquei minha mochila nas costas, pronta para finamente me dirigir até a saída, — quando, outra vez, ouvi aquela sua voz soltar-se logo atrás de mim.

— Lucy? — A mais velha chamou-me a atenção outra vez, fazendo-me segurar meus passos e parar em frente a porta.

— Sim? — Virei-me lentamente em sua direção. Desta vez, esperei que ela me cobrasse uma possível borracha esquecida nos fundos da minha bolsa.

— Retire o "senhora" do vocabulário. Me chame apenas de "professora Abbey" — Ela soltou uma piscadela e guardou sua caneta no estojo — Não sou tão velha, certo?

— Certo — Afirmei com um sorriso ladino e em seguida, saí daquela geladeira que costumam chamar de sala de aula.

Abracei meus livros que estavam sob meus braços e saí as pressas pelos corredores até a saída principal. Não que essa informação vá fazer diferença, mas no colégio sempre fui considerada estranha e conhecida como uma pessoa muito tímida, além de que nunca tive muitos colegas. Costumo sempre a passar a maior parte do tempo na biblioteca, estudando e lendo livros, e eu tenho vantagem nisso, obviamente, sou vista como bom exemplo aos olhos dos meus professores. Outra vantagem, é que também ganho lanche de graça muitas vezes por passar tempo demais conversando com as funcionárias do refeitório. Mas a verdade, é que eu só não gosto de falar tanto. Não é que eu seja tímida… ou sim, talvez eu até seja; no entanto, eu só sou mais reservada mesmo. Não sei por quê de tantas piadas sobre isso. Eu, por exemplo, nunca fiz piada de algum garoto popular que se orgulha por não estudar. E é por isso, que quanto mais rápido o possível eu passe por aquele corredor, menor chance de eu poluir meus ouvidos com comentários ruins sobre mim. Bom, não é que me afete… eu só prefiro não gastar minha audição saudável atoa.

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⏰ Última atualização: Aug 03 ⏰

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