Prólogo

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   Vinícius seguia correndo desesperadamente a rua inclinada a sua frente, sem olhar para trás em nenhum momento. Não sabia se estava sendo seguido, mas não queria arriscar conferir. Sabia que estava parecendo o diabo correndo da própria cruz em meio às ruas desertas de seu antigo bairro, no entanto, não se importava com o que os poucos pedestres que se deslocavam por ali pensavam, seu único objetivo no momento era se afastar de sua antiga casa o mais rápido que conseguisse.

   As lembranças dos últimos dias iam e vinham em sua mente, nada lhe parecia certo naquele momento e torcia para encontrar um local para descansar. Não muito longe, avistou uma pequena praça iluminada por um único poste, sem nenhuma pessoa. Ele finalmente parou, sentindo o ar frio da noite entrar e sair dos seus pulmões de maneira descompassada, suas pernas tremendo, sua cabeça latejava de dor, tanto pelos últimos acontecimentos quanto pelo vento que cortava suas orelhas e o fazia estremecer ainda mais, seus olhos arregalados eram o toque final para fazê-lo parecer um verdadeiro louco.

   Após alguns momentos tentando estabilizar sua própria respiração, Vinícius se permitiu sentar em um dos bancos do pequeno local, sentindo suas pernas finalmente clamarem de alívio depois de sua corrida desesperada.
Não sabia onde estava, mas sabia que estava longe de casa, o que já era um alívio. Seus pensamentos corriam loucos em sua cabeça, sua mente revivendo aqueles últimos momentos de puro terror que nunca em seus dezoito anos imaginava presenciar. Aos poucos, se deu conta de que voltar para sua casa não era uma opção, não tinha certeza do que aconteceria se voltasse, mas não queria dar o braço a torcer.

    Sentiu seus olhos lacrimejarem, finalmente se dando conta de que não tinha para onde ir, não sabia se seus poucos amigos o acolheriam, seu trabalho de menos de oitocentos reais provavelmente não seria suficiente para sobreviver. Uma lágrima escorreu de seus olhos, depois outra, e antes que percebesse, chorava compulsivamente, seu corpo tremendo pelo seu repentino ataque e pelo vento que sua fina camisa de mangas não era capaz de proteger.

   Se sentia perdido, se sentia sozinho, e talvez estivesse mesmo. Sozinho naquela praça, chorando por medo de sua descoberta, chorando pela solidão que assolava seu peito, e principalmente, chorando pelo futuro incerto que o aguardava.

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⏰ Última atualização: Jul 01 ⏰

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