PRÓLOGO

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O bater de asas de uma borboleta é uma das coisas mais preciosas do mundo. É gracioso, delicado e lindo. O formato curvilíneo de suas asas, os desenhos estampados de forma tão única que parece feito à mão, as cores que muitas vezes se completam. Tudo isso é muito lindo. É impossível não olhar e se encantar.

E é isso que a criança pensa ao ver uma borboleta tão pequena quanto ela bater suas asas em tons diferentes de verde no parque central de Calgary, no Canadá. De forma um tanto exibicionista, a borboleta bate suas asas cada vez mais devagar e se aproxima do indicador esticado da garotinha, pousando graciosamente logo em seguida.

― Olha mamãe, uma borboleta! ― A menina vira para sua mãe, esticando a mão.

O movimento rápido faz com que a borboleta volte a bater suas asas, voando livremente pelo parque. No solo, acompanhada de risadas, a menina corre atrás da borboleta com um sorriso estampado em seu rosto. Tentando acompanhar o voo do inseto, a garotinha corre cada vez mais rápido.

― Hayley, tenha cuidado. ― A voz da mãe se perde em meio a risada da menina que segue caminho até o meio da rua movimentada, o que faz com que a mãe se levante tão rápido quanto o seu tom de voz que muda bruscamente para um grito que é interrompido pelo barulho de uma batida forte.

No meio da rua é possível ver os cabelos loiros da garota, que ainda está de pé. No lugar do sorriso que existia no seu rosto, agora tem uma feição assustada. Seus olhos fixos em três carros com suas carcaças amassadas, um dos motoristas teve que frear bruscamente para não acertar a menina.

Felizmente todos estão bem, e ninguém se machucou, mas agora a rua está obstruída pelos veículos envolvidos no engavetamento. É possível ver uma longa fila de carros se formando atrás do acidente. Em um deles, está Leo, que tinha como destino final uma cafeteria na cidade, ele ia se encontrar com um amigo. Ao ver a demora da situação, ele mandou mensagem para seu amigo cancelando o encontro, pois não chegaria a tempo.

Na cafeteria, o amigo de Leo lia aquela mensagem e não tardou a pedir a conta do que já havia consumido. Eles tinham muito assunto para colocar em dia, se Leo tivesse comparecido, eles ficariam no estabelecimento por algumas horas, mas por conta do acidente, o amigo de Leo deixou o estabelecimento mais cedo do que o planejado.

Depois de pagar a conta, ele sai do local em rumo a seu carro parado do lado de fora da cafeteria, distraído com o celular em mãos, ele não nota quando um homem fardado com as vestes de um piloto de avião está passando pela mesma calçada que ele atravessa. Eles acabam se batendo e o piloto de avião perde alguns segundos se desculpando com o homem.

Talvez se ele não tivesse perdido esses segundos, ele conseguiria chegar a tempo no aeroporto antes das portas do elevador se fecharem. Depois de soltar um suspiro frustrado ele pressiona o botão para chamar o elevador, leva cerca de 2 minutos para que o elevador chegue. O piloto entra, pressiona seu andar e segundos após as portas se fecharem o elevador para. O piloto ficou preso, mas ele tinha uma viagem para fazer em poucas horas. Depois de chamar ajuda e avisar que estava preso, a companhia aérea teve que cancelar o voo.

Isso foi o que a atendente do aeroporto informou para Mackenzie, que estava com a viagem marcada justo no voo que foi cancelado. ― Você não entende, eu tenho uma entrevista de trabalho muito importante, se eu não for eu vou perder a vaga! ― Ela debateu.

― Sentimos muito, senhora. Mas o próximo voo para Nova Iorque é somente à noite. ― A atendente informou.

― Mas minha entrevista é pela tarde.

― Infelizmente não há nada que possamos fazer.

Em Nova Iorque, durante o período da tarde, Becky finalizava sua entrevista para a vaga que tanto sonhava, ela viajou da Tailândia apenas para isso. Ela soube pela entrevistadora que tinha apenas uma vaga e somente outra pessoa concorrendo com ela. O que a Becky não sabia era que essa pessoa era a Mackenzie, que era mais qualificada que ela e que se seu voo não tivesse sido cancelado, talvez ela teria sido contratada no seu lugar.

― Parabéns, Becky! A vaga é sua. ― A entrevistadora disse sorridente.

― Meu Deus! Muito obrigada! Eu prometo que serei a melhor funcionária dessa empresa. ― Ela respondeu.

A entrevistadora assentiu, apertando a mão da Becky. ― Precisamos que você inicie no cargo amanhã, consegue?

― Sim, com certeza sim!

Não demorou muito para Becky ligar para sua amiga na Tailândia e dar a notícia, depois de ser parabenizada pela mesma ela lhe pediu um favor: ― Você consegue despachar minhas coisas para cá? Vou colocar meu apartamento para alugar.

Claro que a amiga da Becky nem pensou duas vezes antes de concordar e dizer que iria tomar a frente disso pela amiga que estava em outro país. Depois de semanas, e um apartamento vazio, ela começa a fazer publicações sobre o apartamento que, agora, está para alugar. Após algumas visitas de algumas pessoas que no final não fecharam com o aluguel por algumas razões diferentes, ela está na porta do prédio esperando a possível inquilina que não demora para chegar.

― Oi, você é a responsável pelo aluguel do apartamento? ― Ela observa a mulher se aproximar com um sorriso tímido no rosto, ela confirma com a cabeça e sorri amigavelmente para a mulher na sua frente.

― Sim, sou eu sim. Você é a Manaow, certo? ― Depois de um confirmar de cabeça singelo elas seguem para o apartamento.

Manaow gostou imediatamente do apartamento. O ambiente era arejado e iluminado, com grandes janelas que deixavam o sol entrar de forma generosa, criando uma sensação acolhedora. Depois de uma breve negociação, ela fechou o contrato de aluguel, sentindo um misto de excitação e nervosismo ao assinar os papéis. A mudança foi rápida, graças à ajuda de algumas amigas que, em um misto de risadas e suor, carregaram caixas e móveis para o novo lar. Cada canto do apartamento começou a ganhar vida com os objetos pessoais de Manaow, desde suas coleções de livros de programação até as lembranças de infância que ela espalhou pelas prateleiras.

Na primeira manhã em sua nova casa, o silêncio era diferente, um silêncio de possibilidades e novas histórias a serem contadas. Depois de uma noite de sono profundo, a luz da manhã a despertou suavemente. Manaow se levantou com um sorriso tímido nos lábios, ainda se acostumando com a ideia de que aquele espaço agora era seu.

Ela se espreguiçou, sentindo o conforto do piso frio sob seus pés descalços, e caminhou até a janela da sala. A vista era simples, mas para ela, parecia um novo horizonte cheio de promessas. Pegou sua única planta, uma pequena suculenta que ela carinhosamente chamava de "Verdinha", e começou a regá-la. O ritual de cuidado com a planta tinha um significado especial para Manaow; era um símbolo de sua nova vida, de crescimento e de florescimento em um espaço que ela podia chamar de seu.

Enquanto a água caía lentamente no vaso, Manaow observava o movimento da rua abaixo. Pessoas indo e vindo, cada uma com suas próprias rotinas e histórias. Ela sentiu uma conexão silenciosa com aquele cenário, como se estivesse entrando em uma nova fase de sua própria jornada. O sol brilhava através da janela, aquecendo seu rosto e a planta em suas mãos, e ela sentiu uma onda de tranquilidade e satisfação.

Uma borboleta colorida invade sua casa, e assim como a garotinha loira do início da nossa história, ela observa a borboleta voar pela casa e a acha linda e delicada. Com um suspiro contente, ela colocou Verdinha de volta no parapeito da janela, onde a planta poderia absorver a luz do sol da manhã. A sensação de estar enraizada em um lugar próprio encheu Manaow de um sentimento de realização. Ela sabia que desafios viriam, mas naquele momento, tudo parecia exatamente como deveria ser.

Manaow não sabe, mas sua vida estava prestes a mudar e isso foi decretado no exato momento em que uma borboleta verde bateu as suas asas no Canadá. É interessante como um simples bater de asas de uma borboleta causou uma sequência de acontecimentos que a levaram até aquele apartamento. Cada decisão que tomamos na nossa vida nos leva a um lugar novo mas, ao mesmo tempo, faz com que exista um descarte de infinitas possibilidades que poderiam acontecer caso aquela decisão em específico não tivesse sido tomada.

Talvez tenha sido o destino que preparou tudo para ela, ou talvez a Teoria do Caos realmente exista, e com isso o efeito borboleta seja real. Mas não vou me alongar muito, vocês vão saber de tudo o que vai acontecer com ela ao longo da história. Sem spoilers. Não quero estragar o final para vocês ;)

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BUTTERFLY EFFECTOnde histórias criam vida. Descubra agora