N'PAPILIO PALINURUS

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Boa leitura!

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Eu não conseguia parar de pensar naquilo. Naquele momento. Na Manaow.

Desde que nos despedimos, algo mudou em mim. Não conseguia explicar, mas cada vez que a lembrança surgia, era como se um calor suave tomasse conta do meu corpo, trazendo uma mistura de conforto e inquietação. Havia uma doçura nos olhos dela, uma preocupação genuína, algo que eu não estava acostumada a receber. Eu agora me pegava ansiando por mais.

Mais daquele toque.

Mais daquela atenção silenciosa e deliciosa.

Lembro da forma como a mão dela tocou meu braço. Foi um gesto simples, quase casual, mas o peso disso ficou comigo. Ficou nas horas que passaram, nas madrugadas em que eu olhava para o teto, repassando cada detalhe, cada pequena interação. O sorriso dela quando me viu cansada, as palavras suaves que soaram como um abraço quando ela me disse para me cuidar. E eu queria isso de novo. Eu precisava disso de novo. Aquele tipo de cuidado, de ternura... era diferente de qualquer coisa que eu já havia experimentado.

Por que era tão difícil tirar Manaow da minha cabeça? Eu sempre fui próxima das pessoas, sempre me senti à vontade em demonstrar carinho, mas com ela era algo mais. Um carinho mais profundo, que parecia atravessar a barreira do comum e tocar em algo dentro de mim que eu nem sabia que existia.

Tentei afastar esses pensamentos, mas eles insistiam em voltar. Eu sempre fui forte, sempre soube como me manter firme. Então, por que essa sensação de vazio agora? Por que esse desejo por mais proximidade, mais contato, mais... dela?

Me virei na cama, frustrada comigo mesma. Isso não fazia sentido. Eu não podia sentir esse tipo de coisa por alguém como a Manaow. Não por ela.

A Manaow era... a Manaow. A garota que beijou outra pessoa depois de parecer querer mais comigo, minha vizinha que vive trocando farpas e revirando os olhos pra mim, e, agora, minha colega de trabalho, ou seja, uma presença constante na minha vida, mas nada mais. Não deveria ser mais. E eu me recusei a deixar minha mente divagar para um lugar que poderia complicar tudo.

Nós éramos colegas de trabalho, vizinhas, e só isso. Mesmo que algo dentro de mim tentasse dizer o contrário, mesmo que houvesse uma parte do meu coração que batia mais forte quando pensava nela, eu não podia me permitir ir por esse caminho.

É só que ela é tão diferente de todas as pessoas com quem já tive um relacionamento amoroso, ela pareceu se importar comigo de verdade, e não apenas para ter a oportunidade de foder comigo. Os toques delicados, as olhadas sutis. O que era isso?

— Não, isso não faz sentido — murmurei para mim mesma, fechando os olhos com força. — Eu não posso sentir esse tipo de coisa por alguém como ela.

A frase ecoou na minha mente, mas soou vazia, como se eu estivesse tentando convencer a mim mesma de algo que já sabia não ser verdade. Respirei fundo e forcei minha atenção para outro lugar, qualquer lugar que não fosse a Manaow.

A dança. Sim, a dança sempre foi meu refúgio.

Levantei da cama, sacudindo o peso das emoções confusas e tentando me concentrar em algo que eu sabia dominar, algo que me trouxesse de volta ao controle. A coreografia já estava pronta, e eu estava ansiosa para colocá-la no mundo. Cada passo, cada giro, estava perfeitamente alinhado na minha cabeça, como se meu corpo soubesse exatamente o que fazer antes mesmo de eu pensar.

BUTTERFLY EFFECTOnde histórias criam vida. Descubra agora