N'INACHIS IO

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Aviso de gatilho: este conteúdo aborda temas de manipulação emocional e marcas físicas de abuso.

Boa leitura!

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— Bonus, você precisa me escutar. — Acelero meus passos pela sala, na expectativa de o alcançar.

— Não, você que tem que me ouvir. — Ele para, próximo a porta. — Mas você é teimosa e só faz o que quer.

Respiro fundo, me sentindo frustrada. Eu simplesmente odeio quando essas discussões bobas acontecem entre a gente, por isso faço de tudo para não o irritar, ou deixá-lo frustrado; mas nem sempre o esforço resulta em algo bom, como agora.

— Me desculpa, ok? — Peço, sentindo meu corpo fraquejar; não queria que ele me deixasse sozinha. — Eu vou te escutar e nós vamos conversar, só... — Me aproximo e envolvo suas mãos com as minhas, beijando seus dedos suavemente. — Só não vai embora, por favor.

Sinto as lágrimas se acumularem em meus olhos, lutando contra minha mente para alcançarem sua liberdade. Minha cabeça está baixa, meus olhos fechados e ainda seguro suas mãos, como se implorasse por sua presença.

— Minha pequena... — Ele afastou suas mãos das minhas apenas para tocar em meus cabelos, deslizando sua mão do topo da minha cabeça até minhas bochechas. — Você sabe que não é assim que funciona. Você me chateou e precisa pensar no que fez, por isso eu vou embora. — Ele inclinou meu rosto para cima e não consigo segurar as lágrimas que começaram a escorrer. — Acredite, pequena, eu também não queria ir, mas é necessário. Você sabe disso, certo?

Fungo, com meu nariz começando a ficar um pouco irritado pelo choro. As dores de cabeça que tenho sentido ultimamente parecem até fichinha perto da que está se formando agora; tão forte, como se minhas sobrancelhas carregassem o peso do mundo. A única coisa que consigo fazer é encarar seus olhos escuros e assentir.

Eu sabia disso, era tudo culpa minha. Eu não deveria ter aborrecido ele, deveria o escutar porque ele só quer o meu bem e sabe o que é bom para mim. Mais uma vez eu o decepcionei e eu me odeio por isso. O assisto se afastar do meu corpo e abrir a porta do meu apartamento.

Seu corpo alto bloqueia a minha visão do corredor, então a única coisa que consigo ver é ele parar por uns segundos na porta, encarando o lado de fora. Sinto uma pequena chama de esperança se acender em mim, ele deve voltar para mim. Ele pode ter me desculpado e não vai me deixar sozinha. Ele vira sua cabeça e olha para mim, como se conferisse se eu ainda estava no mesmo lugar. E então ele sai, me deixando plantada no meio da sala com a cara molhada e um vazio no coração.

Assim que seu corpo deixa de tapar minha visão e meus olhos finalmente alcançam o lado de fora, eu sinto meu rosto queimar em vergonha. Na minha frente estava a minha vizinha, Manaow. Parada, ainda dentro do seu apartamento, com uma mão segurando a maçaneta da sua porta. Ela me examina com seus olhos, encarando toda a pele, que a única peça de roupa que eu usava, deixava descoberta e eu só sinto o peso deles sobre mim. Como um julgamento.

Suas orbes repousam sobre meus pulsos e sua feição, que antes era indecifrável, agora vai se transformando em raiva. Consigo ver seu peito subir e descer com mais rapidez, indicando a maneira como ela respirava rápido. Quando seus olhos alcançam os meus, um grito silencioso ecoa entre a gente, como se eu quisesse falar algo para ela na mesma medida que ela queria me dizer algo.

Nossos pés entram em sincronia e caminhamos uma na direção da outra, mas eu não posso lidar com isso. Eu simplesmente não consigo lidar com mais nada. Meu caminhar se transforma em uma corrida contra o tempo. Preciso chegar à porta antes dela. E quando alcanço o material de madeira, eu fecho com toda a minha força. No último segundo em que nossos olhares se cruzam, eu noto o quão perto ela estava.

BUTTERFLY EFFECTOnde histórias criam vida. Descubra agora