Sentimento antigo

21 4 2
                                    

Rui Pov

Eu estava a caminho de casa, a rua estava silenciosa e laranja, por causa do por do sol, andando olhando para o chão já tinha decorado o caminho, não precisava ver por onde eu andava e normalmente aquelas ruas eram calmas nessas horas.

Quando finalmente cheguei em casa olhei para o outro lado da rua, o de vivia meus vizinhos, e vi a Nene sentada na calçada enquanto parecia esperar por algo. Me perguntei por que ela não entrou em casa, talvez tivesse tido problemas com a família? Ou ela estava esperando alguém?

A primeira opção parecia não estar certa, a segunda pior ainda. Queria perguntar o que havia acontecido, mas já fazia muito tempo desde a nossa última conversa, depois do fundamental nossa amizade foi frágilizada, nós não éramos mas iguais a antes, ela não vinha mais até mim quando se sentia ansiosa entre as pessoas, eu não á mostrava minhas invenções. Nós não éramos mais amigos, apenas conhecidos, vizinhos. Era estranho, eu queria conversar com ela, mas sentia que talvez ela não gostasse que eu "iniciasse" contato, contando que meio que foi eu que cortei ele.

Eu queria voltar, voltar ao que nós éramos antes. Amigos. Não. Melhores amigos. Sim, é isso, mas até mesmo a ideia de melhores amigos não parecia o suficiente, eu queria.. que nós fossemos mais que isso, muito mais. Acho que já sentia isso há muito tempo atrás, mas tive medo, medo que isso acabasse com o que nós tínhamos, igual nos filmes sabe, que a mocinha não quer aceitar a confissão do mocinho por não querer acabar com a amizade sabe, se bem que agora que tecnicamente voltamos a não ter "nada" podesse ser uma boa hora pra pra tentar me declarar, já que não tinha nada a perder né.

Ou eu poderia apenas esquecer tudo o que tínhamos, e esquecer esse sentimento que me encomodava tanto durante esses anos.

Depois de uns 2 minutos olhando pra ela ali, sentada com um olhar vago nos olhos, ela pareceu notar que eu estava encarando ela. Ela me olhou de volta e eu rapidamente fingi que não tinha visto nada, e que só tava cuidando da minha vida. não tive coragem de ver se ela continuou a me olhar, apenas andei em direção a porta da minha casa.

Tirei a chave do bolso e destranquei a porta, abri, mas antes de entrar hesitei e olhei pra trás denovo

Ela ainda estava lá, tinha voltado a olhar pro nada. Tentei apenas seguir minha vida, mas era impossível, a garota que eu gostava praticamente desde que eu nasci estava sentada, sozinha, com um olhar meio triste, no meio da calçada, parecendo bastante decepcionada. Eu precisava saber o que ela estava esperando. Depois de mais um minuto tomando coragem, eu me virei e chamei por ela.

-Nene!- ela levantou a cabeça, ela parecia confusa, e suas bochechas estavam um pouco rosadas- Esta ficando tarde, porque você está aqui fora?- tentei parecer que não estava muito proucupado.

Ela desviou um pouco o olhar, parecia hesitar, e então me respondeu.

-Eu esqueci a chave de casa, estou trancada pra fora, meus pais só chegam às nove- Fique feliz por ela ter escutado a voz dela falando diretamente comigo. Por outro lado, fiquei mais proucupado do que antes.

-Eles vão demorar bastante, ainda são seis horas, você não quer entrar?- falei apontando pra minha casa, foi instantâneo, nem pensei antes de falar, mesmo assim não ia deixar ela lá pegando poeira. Ela pareceu bastante surpresa, e vermelha, me perguntei se tinha dito algo estranho.

Fazia anos que eu não á convidava pra minha casa, mas eu tinha que ter a decência de ajudar ela naquele momento.

-hum... na verdade.. não precisa, eu acho.. eu posso esperar..- Ela não parecia segura de suas palavras enquanto falava, parece que teria que obrigar ela a entrar, senão, do jeito que eu a conheço ela ficaria lá passando fome e frio naquela calçada.

-Vamos lá Nene, não vou entrar sabendo que você está aí fora passando frio, sede e fome sentada nessa calçada suja- Parecia que eu tinha irritado ela, ela desviou o olhar, mas depois percebi que ela apenas havia ficado envergonhada -Venha, entre- me posicionei ao lado da porta, dando um espaço para que ela passasse.

Ela finalmente pareceu ceder, se levantou 3 andou em minha direção. Parou na porta e olhou pra mim. Hesitou mas um pouco e finalmente falou mais alguma coisa

-Obrigada, mas eu poderia esperar lá fora- Ela ainda insistia nisso.

-Aham, sei, mas eu não quero ver você morrer de pneumonia na frente da minha casa, porque você tem vergonha de aceitar ajuda. Você não precisa ter vergonha de mim- Tentei soar confiante e despreocupado, o que talvez tenha funcionado, por que ela abaixou a cabeça e soltou uma pequena risada nasal.

-ah, então tudo bem- Ela levantou a cabeça e eu tenho a impressão que ela até mesmo sorriu, o que me deixou muito feliz.

Nós entramos e eu fechei a porta.







~~~{Notas}~~~

Espero que gostem!!

•Amigos De Infância•Onde histórias criam vida. Descubra agora