Capítulo 2

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Alice

Recuperada do susto momentâneo abaixo a o vidro da janela,me deparando com um homem mais velho,mastigando um capim no canto da boca. As rugas no canto dos olhos evidentes.

— Posso ajudar a senhorita? — ele pergunta.

Pego o cartão em que anotei o nome do homem que vim procurar na minha bolsa e me volto para ele.

— O senhor Heitor está? Eu gostaria de falar com ele.

O senhor tira o chapéu e coça a cabeça.

— Qual dos dois?

Como assim qual dos dois? Eu vim aqui apenas para falar com um.

— O chefe — digo hesitando.

Ele me olha como se eu fosse burra.

— Eu sei que é com o chefe madame,qual dos dois?

Estou aqui para fazer um acordo,contanto que eu consiga não me importo com quem seja.

— Qualquer um — aceno.

Ele gesticula para dois homens que eu não tinha visto abrirem o portão e eu dirijo com cuidado e observando,sigo o homem que montou se cavalo e estaciono na área direcionada.

Desço do carro e deixo minha pequena maleta,indo em direção ao homem somente com minha bolsa. Antes confiro meu visual no carro,minhas madeixas castanhos claros na altura dos ombros não parecem tão ruins. Não posso dizer o mesmo das olheiras.

Que diferença isso faz agora?

Acompanho o Pedro,quem agora conheço o nome até a casa alta e imponente na minha frente,a madeira velha dando um ar mais reconfortante.

— A madame pode esperar aqui na sala,enquanto eu chamo o patrão — Pedro aponta para o sofá preto que fica no meio da sala.

Aceno concordando e me sento. Os minutos se passam até eu escutar passadas lentas e pesadas vindo da frente,quando a porta é aberta pousam no meu campo de vista duas figuras que me analisam,seguro o ar. Nunca vi homens tão bonitos na minha vida,tão selvagens. Os dois seres que encaro são alto demais,forte demais,as camisas de botão pregada ao corpo pelo suor e destacando cada parte dos seus músculos me leva a ter fantasias impuras demais. Expulso meus devaneios sujos.

— Eu gostaria de falar com o senhor Heitor,qual dos dois? — pergunto,as bochechas quentes quando o olhar de ambos percorre meu corpo.

Minhas palavras o tiram do transe e quase não quero ter dito nada,se isso significasse ter olhar dos dois em mim de novo. Droga! O que estou pensando!

Um do dois se aproxima de mim,sentando-se no sofá,seu cabelo loiro e curto combina tão bem com sua barba rala,lhe dando um toque de cafajeste. Eu me pergunto como seria sentir essa barba em mim. Arranharia?

— Você pode falar com nós dois,princesa — sua voz rouca arrepia os pelos do meu braço,mas torço para que ele não perceba,não é o que seu sorriso me diz.

O outro homem que continua em pé,próximo a coluna,força a garganta atraindo minha atenção. Enquanto esse homem sentando ao meu lado parece mais divertido,o outro age mais bruto,os cabelos desagregados e mais grandes e a barba mais cheia,deveria lhe deixar com uma visão assustadora,mas não é o que minha vagina diz. Traidora.

— O que você quer,garota? — ele pergunta me observando.

Sério? Eles devem ser mais velhos do que eu,mas ele está falando como se eu fosse uma pirralha.

O que há na voz desses caras?

— Eu estou aqui pelo meu irmão Jean — digo e sinto o corpo dele e do outro rígido,ainda assim prossigo — sei que ele roubou vocês,só preciso de um acordo para pagar o que ele deve — peço gentilmente.

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