Capítulo 8

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Alice

Uma semana depois

Com uma dor horrível no pescoço, massageio a região com as mãos, olhando para a tela do notebook e procurando as horas. São 14hrs da tarde, o que significa que preciso almoçar se meu estômago tem algo a dizer, assim como preciso de um copo de água. Saio do quarto,descendo rapidamente as escadas e vou para a cozinha. Não tem ninguém lá e sinto um alívio enorme em só poder fazer minha refeição com o silêncio como companhia. Quando me aproximo da geladeira, vejo um post-it, provavelmente de alguém da cozinha. O recado é simples, preparar um jantar para os patrões que estão chegando hoje, da viagem que fizeram há quatro dias.

Ao ver o nome dos dois,meu coração aperta e me sinto instigada a rasgar o recado. Mas seria insano e imaturo e enquanto encaro o papel minha mente volta para aquele dia, a uma semana atrás.

Uma semana atrás

Com os olhos fechados e a cabeça rodando me espreguiço lentamente, afundando em lençois macios e com um cheiro que me deixa tonta. Ainda tentando juntar as memórias que me trouxeram até aqui, dou um pulo quando percebo o que fiz e com quem. Roberto e Mike. Fizemos sexo. Minhas bochechas queimam com as lembranças, mas o sentimento é apagado quando a vergonha chega.

— Calma, respira — digo a mim mesma — você é uma mulher solteira e dona da sua própria vida, você pode fazer o que quiser.

Mas mesmo quando o incentivo vem, ainda me sinto compelida a afundar nos cobertores e fingir que nada aconteceu. Será que sou apenas mais uma? Quão burra eu posso ser, para me entregar tão facilmente a esses homens para quem estou trabalhando?

— Eu preciso dar o fora daqui — olho ao redor do quarto de Roberto, agora que reconheço o lugar e procuro minhas roupas, se é que estão aqui. Estou vestida com uma camisa de xadrez que imagino ser de Mike, mas apenas isso.

Quando procuro mais um pouco e não encontro, simplesmente desisto, não posso perder tempo. Ainda não sei como agir ou o quê fazer, mas sei que preciso estar no meu quarto. Meus planos são frustrados quando a porta é aberta e Mike entra, com Roberto atrás. Seus olhos disparam para mim e meus olhos arregalados.

— Alice, o que você pensa que está fazendo? — Mike pergunta,seus lábios puxando um sorriso.

Roberto parece mais sério, sua postura mais alta e seus olhos me despindo.

— Nós te assustamos — ele diz, fazendo minhas sobrancelhas subirem uma pergunta silenciosa.

Sobre o que exatamente eles estão envergonhados? Sei que são mais velhos que eu e experientes, porque essa não parece ter sido uma experiência única pra eles, enquanto pra mim, definitivamente foi.

— O quê? — pergunto, olhando pra Roberto e depois para Mike, que agora parece está acanhado — Eu..eu..— começo, mas quando tropeço nas palavras, respiro fundo. O que faz eles se aproximarem com expressões preocupadas.

Por que isso tem que ser tão difícil? Esses homens tocaram meu corpo ontem de uma maneira que nenhum outro conseguiu. E eu deixei, mas agora, quando preciso enfrentá-los, fico nervosa.

— Eu não estou nervosa — afirmo, quando Mike se aproxima mais, enlaçando minha cintura com o braço e Roberto está mais perto agora. A posição me traz as sensações de ontem, mas ignoro as imagens, precisando ser séria sobre isso.

O olhar que Mike me dá é atencioso, como se ele entendesse a guerra que travo, enquanto Roberto parece travar a sua própria batalha.

— Então, porque sentimos que não é assim? — Mike coloca uma mecha atrás da minha orelha, trocando um olhar silencioso com Roberto. Uma mensagem é trocada entre eles. Em um momento estou nos braços de Mike e no outro, Roberto me traz para os seus. Ele se senta na cama e me coloca no seu colo. É estranho que esse homem que conheço a pouco tempo e parece ser tão rude, me segura com tanta gentileza em seus braços.

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