Capítulo 1

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        Eu nunca me importei de ser 'a garota nova', existe uma bela sensação quando todos não fazem ideia de quem você é, dos seus gostos e medos... ou talvez eu só esteja acostumada de mais em ser essa garota.

        Quando se cresce em uma família de cientistas, as coisas são imprimíveis, mudam toda hora e tudo sempre é novo e diferente. Meus pais estão constantemente viajando por causa de novos projetos, são chamados como consultores ou resolver problemas, e eu sempre acabo indo de um lado para o outro, casa nova, colégio novo, novos amigos e quase nunca namorados. Essa é a minha vida.

       Mas para mim, está longe de ser uma coisa ruim.

       — Está ansiosa? — minha mãe perguntou entregando dinheiro para o almoço.

       — Não, é só mais um colégio — respondi dando de ombros, lancei uma olhada para a sala de visitas notando que ainda tínhamos muitas caixas para desempacotar. Segundo os cálculos do meu pai, ficaríamos 6 meses, muito mais tempo do que o de costume. — Eu arrumo mais um pouco quando voltar — avisei fazendo-a sorrir.

      — Vamos desempacotar juntas depois do jantar — comentou, quase me fazendo rir.

       — E desde quando vocês chegam a tempo do jantar? — indaguei em diversão, arrumei a mochila nos ombros e abri a porta da frente.

       — Dessa vez vai ser diferente — respondeu de forma suave.

      Franzi a testa em desconfiança, mas sorri mesmo sem acreditar em suas palavras.

      — Então até o jantar — me despedi e peguei a bicicleta jogada na grama sentindo o olhar analisar de minha mãe.

       — Se comporte — pediu no vão da porta.

       — Sempre — declarei pedalando em direção ao colégio.

       Decorei o caminho mais perto para o colégio pelo mapa na internet, eram apenas 15 minutos pedalando. Enquanto seguia pelas ruas movimentadas, estudei as casas e as lojas do centro, era uma cidade pequena, tinha um cinema antigo, uma livraria com café e alguns restaurantes. Não era nada demais, mas a arquitetura e as cores deixavam a cidade charmosa e acolhedora.

       Parei no sinal ao lado de um carro vermelho chamativo, franzi a testa quando o vidro fumê começou a abaixar e um garoto de cabelo preto e olhos verdes me encarou.

       — Oi — falou me enviando um sorriso.

       Não posso negar, seu sorriso era a pura perdição.

        — Oi — respondi desviando o olhar para o sinal vermelho.

        — Você é a garota nova, certo? — perguntou, fisgando minha atenção.

        — Já nos conhecemos? — indaguei com calma.

       — Não — respondeu e franziu a testa, confuso.

       — Isso responde sua pergunta óbvia — disparei lhe enviando uma piscadela, comecei a pedalar quando o verde do sinal apareceu, me afastando do carro.

        — Ei, não quer uma carona? — sugeriu seguindo com o carro ao meu lado.

        — Não — respondi sem olhá-lo.

       — Posso pegar seu número? — insistiu tentando puxar meu interesse, mas apenas sorri, ignorando sua voz rouca atraente.

       — Esse idiota está te incomodando?

       De repente uma garota apareceu entre mim e o carro, ela estava em um patinete elétrico, usava jeans apertado e cropped sob um cardigan colorido.

Garota PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora