Presente

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Oliver está atrasado para o trabalho, como sempre.

Enquanto praticamente corre pelas ruas da cidade, tenta não pensar no frio que está sentindo e no vento que congela seu rosto.

É apenas mais um dia, como qualquer outro desde que conseguiu a vaga que mais queria na empresa em que trabalha. Nem acredita que tem a oportunidade de trabalhar na sua paixão desde pequeno: fotografia. Ainda parece uma fantasia. Ganhar dinheiro fotografando? O Oliver de 12 anos jamais acreditaria nessa realidade.

Apesar de tentar deixar certas lembranças de lado, sempre acaba voltando para o mesmo momento: Oliver e Emily deitados na grama todos aqueles dias, ele sempre com a sua câmera e ela sempre com o seu caderno.

Parte dele gostaria que o seu eu mais novo tivesse largado aquela estúpida câmera de vez em quando. De que todos aqueles vídeos valem se ele nem sequer pode mostrá-los a Emily? De que todos aqueles vídeos valem se ele nem ao menos aproveitou aqueles momentos?

No entanto, Oliver ainda os tem guardados em algum canto de sua casa. Mudou-se duas vezes e sempre se assegurou de que a máquina digital contendo-os viesse com ele para onde quer que fosse. Chega a ser engraçado, o apego que tem com aquelas gravações. Uma pequena parte dele acredita que, em descartá-las, um pedaço dele e da sua amizade com Emily será jogado fora. E a possibilidade de deixar isso acontecer amedronta-o mais do que ele gostaria de admitir.

A visão de uma loja de donuts tira Oliver de seus devaneios. Saiu de casa tão rapidamente que não teve tempo de comer e a fome finalmente se fez notar com os roncos vindo de sua barriga.

Oliver verifica o horário e corre em direção ao estabelecimento.

Sempre há tempo para donuts, é o que pensa enquanto abre a porta.

Mas a pessoa que o espera lá o faz perceber que talvez a sua parada seja mais demorada do que o esperado.

O coração de Oliver começa a bater rapidamente e por um momento, ele pensa estar imaginando coisas.

Parada diante do balcão, com seus longos cabelos louros despencando sobre os seus ombros e seus olhos escuros brilhando com a luz das TVs acima da bancada, está Emily.

A Lua entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora