Presente

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O frio toma conta do corpo de Emily enquanto ela caminha pelas ruas congelantes da cidade. Ela recebeu a notícia de que teria que vir para essa cidade poucos dias depois de completar 19 anos. Havia ganhado uma oportunidade de emprego boa demais para acreditar e aqui está ela, explorando os bairros tentando não pensar em Oliver.

De todas as cidades existentes para Emily ir, o universo havia escolhido especificamente a que seu um dia melhor amigo se mudou quatro anos antes.

Quatro anos antes, Oliver havia saído da pequena cidade em que cresceram para recomeçar em uma cidade grande distante, onde a perda de seu pai não era tão dolorosa. A Emily de quinze anos viu aquilo como a chance de Oliver esquecer dela e achar amigos melhores para fazer. E ela odiava o fato de não ter errado completamente ao pensar daquela maneira.

Três anos antes, Oliver e Emily conversaram pela última vez. Não houve brigas. Na verdade, mal houve palavras naquela conversa. Foi apenas o último dia que eles tentaram manter a amizade deles viva. Mas o assunto não veio. Enquanto Emily pensava no quão diferente a vida de Oliver havia se tornado, Oliver percebia como a vida de Emily permanecia exatamente igual. Os seus pensamentos pareciam não se encaixar como antes.

Depois daquele dia, ambos esperaram o outro começar a conversa, mas nenhum iniciou-a.

Desde então, o número de Oliver nos contatos de Emily permanece um lembrete de algo inacabado, esperando o momento certo para ser novamente usado.

Os pensamentos de Emily são abruptamente interrompidos quando uma moça vindo da direção contrária esbarra nela.

A menina então tira os olhos dos carros e fixa-os nas pessoas à frente. Por um milésimo de segundo, pensa ter visto-o. A visão de um menino com cabelos castanhos claros da sua idade quase faz seu coração parar de bater e seus pés pararem de funcionar. Contudo, não é ele. Não é Oliver. O seu Oliver, pelo menos.

Emily não consegue entender se aquilo a deixa aliviada ou frustrada. Deveria ser fácil dizer como se sente, mas naquele instante, parece quase impossível.

De repente, o colar preso ao pescoço de Emily parece mais pesado que o normal. Ela então o leva à sua mão e fica girando seu pingente, como sempre faz quando algo a deixa ansiosa.

Apesar do frio, ela continua caminhando pela cidade, deixando os pensamentos sobre Oliver de lado e tentando focar em algo mais importante, como o emprego que ela terá que manter na cidade grande.

A Lua entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora