01 - Organizando os sentimentos

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Toda a atenção daquele olhar azul gelo é focado no homem à sua frente. Eles admiram Neuvillette como uma pedra preciosa, e o peito de Wriothesley aquece, trazendo um gosto doce em sua boca. Os lábios do melhor amigo pareciam atrativos para saborear.

— Você voltou mais cedo. — Sorri fraco ao ver que os olhos lilases o evitam. — Eu fiz biscoitos e deixei para você, estão na cozinha e talvez estejam mornos ainda.

— Obrigado, eu queria saber... — fala em voz baixa e quase inaudível, ainda encarando as íris de tom frio de Wriothesley, portanto, desiste e suspira cansado. — Eu vou tomar um banho, pode fazer a janta, por favor...? Não me sinto bem. — Abaixa o olhar, focando-os no tapete onde fica o escritório de Wriothesley.

— Sim, eu posso fazer, vai descansar então. — Cora de leve ao lembrar que o clima estranho e distante entre eles surgiu por conta de alguns copos vazios de bebida. — Você está doente?

— Não, só... exausto — responde e se vira para sair, sem intenção de falar mais com o outro.

Wriothesley suspira e passa a mão no rosto. Já havia se passado uma semana que Neuvillette estava com esse comportamento evitativo, e parte dele era sua culpa. "Um abraço suspeito, uma aproximação calorosa... Me perdoe, Neuvi." Ele não se lembrava de ver seu melhor amigo falando ou demonstrando um afeto diferente de amizade, mas tinha certeza que sentia algo pelo outro. "Isso seria um grande segredo." Ao sair da mesa e ir preparar um jantar, deseja que Neuvillette o perdoe pela ousadia de ter ultrapassado as barreiras da amizade e tê-lo ofendido com abraços e olhares sugestivos.

Os pingos de água descem pelos longos fios brancos e se espalham pelo chão, que é encarado pelo olhar pensativo de Neuvillette. Ele não sabe o que fazer, sabe que o álcool muda o estado das pessoas drasticamente, entretanto, aquele sentimento caloroso se esvaiu no ar e Wriothesley já estava mais distante de acordo com suas observações... "O que ele sentiu?", suspira, vestindo-se e terminando suas tarefas noturnas até que escuta uma batida na porta.

Antes de dar atenção ao barulho, vê que Furina lhe tinha enviado um convite para sair um pouco, observar os campos fora da cidade e respirar ar mais puro. Ele ainda não sabia como responder ao convite de Furina.

— Eu posso entrar? — A voz cheia de expectativa de Wriothesley surge através da madeira.

Um silêncio curto veio antes de responder, imaginou que não seria necessário o moreno entrar no lugar e mais tarde queria ficar sozinho para responder sua antiga colega de trabalho.

— Claro, pode empurrar a porta, está aberta. — Fecha os olhos depois de hesitar e espera o momento para observar o belo rosto de Wriothesley. Ele cora de leve com a lembrança da beleza do outro homem.

— Neuvi, você não parece bem. — Aproxima-se do homem, olhando para baixo e toca a testa para verificar a temperatura. — Está quente — suspira e franze o cenho.

— Estou bem, não fique preocupado comigo. — Abre os olhos e olha para baixo, evitando o máximo olhar Wriothesley, já percebendo que um frio na barriga era o suficiente para desordenar os sentimentos.

Diante da resposta curta e do semblante fechado e desconfortável, Wriothesley se afasta um pouco. Sentia que Neuvillette não estava tão confortável com ele há semanas, mas quando perguntou, viu-o responder que estava doente.

— Você está me deixando preocupado mesmo assim — responde ele, cruza os braços e o encara. — Me fale o que te preocupa? Seu trabalho? Algo aconteceu na sua vida para te deixar tão quieto?

Mesmo com essas perguntas, tudo o que conseguiu visualizar foi um silêncio e Neuvillette ficando mais incomodado, então só lhe restou suspirar e passar a mão no cabelo.

Uma paixão Reveladora - WriolletteOnde histórias criam vida. Descubra agora