Eloise Bridgerton estava com os nervos à flor da pele. A semana de provas se aproximava e, embora ela tivesse passado incontáveis horas estudando na biblioteca da universidade, a ansiedade não diminuía. Normalmente, ela tentava evitar seu vício, mas hoje estava nervosa demais para resistir. Pegou seu maço de cigarros e saiu do campus, buscando algum lugar tranquilo onde pudesse espairecer.
Caminhando pelas ruas arborizadas do bairro universitário, Eloise se perdeu em seus pensamentos. Ela sempre amou literatura, mas a pressão acadêmica estava começando a pesar. Quando percebeu, havia caminhado mais longe do que pretendia. Foi então que avistou uma pequena floricultura na esquina de uma rua tranquila. A placa desgastada acima da porta dizia "Crane's Garden".
A floricultura era charmosa, situada na borda da rua, com grandes janelas de vidro que permitiam que a luz do sol iluminasse o interior. O exterior da loja estava decorado com Geranium pratense, suas flores azul-violeta criando uma moldura encantadora para a entrada. Vasos de diferentes tamanhos estavam estrategicamente posicionados, exibindo uma variedade de plantas e flores que davam à loja um aspecto acolhedor e convidativo.
Curiosa, apagou o cigarro e entrou na loja. O aroma de flores frescas imediatamente acalmou seus nervos. Ela passeou entre as prateleiras de plantas e arranjos florais, admirando as cores vibrantes e a delicadeza das pétalas. Quando estava prestes a sair, uma voz masculina a surpreendeu.
- Posso ajudar em algo? - perguntou um jovem de cabelos castanhos e olhos penetrantes.
Ele estava ajeitando um vaso de lírios brancos no balcão. Eloise sentiu seu coração acelerar, não de nervosismo, mas de uma curiosa excitação.
- Ah, não, eu só estava... explorando - respondeu ela, um pouco envergonhada por sua incursão inesperada.
O jovem sorriu.- Sou Philip Crane, o dono desta floricultura. É sempre bom ver novos rostos por aqui. Estuda na universidade?
- Sim, estou no curso de Letras. Sou Eloise Bridgerton - ela respondeu, sentindo-se mais à vontade.
- Letras, hein? - Philip comentou, com um brilho nos olhos. - Gosto muito de poesia. As flores e os poemas têm muito em comum, você não acha?
Ela concordou com um aceno de cabeça, intrigada pelo comentário. - Sim, acho que sim. Ambos são formas de expressão, uma maneira de capturar a beleza do mundo.
Philip sorriu, parecendo satisfeito com a resposta de Eloise.
- Exatamente. Eu sempre penso nas flores como pequenos poemas da natureza. Cada uma com sua própria personalidade, sua própria história para contar.Eloise sorriu, achando a comparação encantadora.- Isso é realmente bonito. Nunca pensei nas flores dessa forma.
- Bem, você está convidada a descobrir mais - disse Philip, gesticulando em direção às flores ao redor. - Tenho certeza de que encontrará inspiração entre as pétalas e perfumes daqui.
Ela olhou em volta, admirando a explosão de cores e aromas. Flores de todas as formas e tamanhos estavam organizadas em arranjos deslumbrantes, cada uma parecendo contar uma história própria. Philip começou a mostrar algumas das flores, explicando seus significados e histórias. Eloise ouvia atentamente, encantada com o conhecimento dele e a beleza ao seu redor.
- Você tem um talento especial para isso - comentou Eloise, enquanto Philip terminava de falar sobre uma rara orquídea.
- Obrigado - disse ele, sorrindo. - É algo que eu realmente amo. E você? O que você mais gosta na literatura?
Ela pensou por um momento, tentando encontrar as palavras certas.- Acho que é a forma como os livros podem nos transportar para outros mundos. Como podem nos fazer sentir emoções tão intensas e nos conectar com pessoas e histórias de tempos e lugares diferentes.
Philip assentiu, apreciando a profundidade da resposta dela.- Isso é maravilhoso. Acho que temos muito em comum, afinal.
Eloise sorriu, sentindo-se cada vez mais à vontade na companhia de Philip. O nervosismo da semana de provas parecia desaparecer, substituído por um sentimento de paz e uma nova amizade florescendo entre as flores.
O tempo passou rapidamente enquanto conversavam sobre poesia e literatura, cercados pelo encanto das flores. Eloise sentiu-se mais leve, como se a conversa tivesse dissipado o peso das preocupações acadêmicas.
- Eu adoraria continuar aqui, mas acho que preciso voltar e estudar para minhas provas - disse Eloise, um pouco relutante.
Philip assentiu, compreensivo.- Entendo perfeitamente. A educação é importante. Mas antes de você ir, deixe-me ao menos oferecer algo para lembrar deste momento.
Eloise sorriu, curiosa com o que ele poderia oferecer. Philip pegou um pequeno papel e escreveu à mão uma poesia curta que tinha acabado de compor ali mesmo, inspirado pelo momento e pela presença de Eloise.
Ele entregou o papel a ela com um sorriso gentil.- Para lembrar de nossa conversa entre as flores - disse ele suavemente.
Eloise pegou o papel com cuidado, lendo as palavras que fluíam com simplicidade e beleza. Um calor reconfortante se espalhou por seu peito, e ela sorriu de volta para Philip.
- Obrigada, Philip. Esta poesia é maravilhosa. Vai me inspirar nos estudos.
- Fico feliz que tenha gostado. Boa sorte com suas provas, Eloise. Espero vê-la novamente em breve.
Com um último aceno, Eloise se despediu de Philip e saiu da floricultura. Ela caminhou pelas ruas movimentadas da cidade, o pequeno papel com a poesia de Philip guardado com carinho em sua bolsa enquanto ela seguia em direção ao campus da universidade.
Após chegar em seu quarto na residência estudantil, suspirou aliviada por estar de volta ao ambiente familiar. Ela organizou seus livros e cadernos sobre a mesa, pronta para mergulhar nos estudos. As horas se passaram rapidamente enquanto ela se concentrava nos textos e apontamentos, absorvendo cada detalhe com dedicação.
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Quando o sol começou a se pôr lá fora, tingindo o céu de tons dourados, Eloise sentiu a necessidade de uma breve pausa. Ela preparou uma xícara de chá, deixando o aroma reconfortante se espalhar pelo quarto. Com um suspiro de contentamento, ela se sentou à mesa e pegou seu caderno, onde guardava o papel com a poesia de Philip.
Ao reler as palavras escritas à mão, um sorriso suave iluminou seu rosto. A poesia evocava não apenas a beleza das flores e os versos, mas também a memória do encontro especial com Philip na floricultura. Em meio ao ritmo acelerado da vida universitária, aquele momento se revelava como um oásis de calma e inspiração.
Enquanto dobrava cuidadosamente o papel onde suas palavras haviam dançado em tinta azul, Eloise sentiu o peso das próximas semanas se dissipar, substituído por uma sensação de serenidade renovada.
A floricultura, com seus ramos perfumados e a gentileza de Philip, tornou-se mais do que um refúgio temporário; era agora um símbolo de esperança e inspiração em seu mundo agitado.
Guardando a poesia em sua bolsa, Eloise decidiu que, após as provas, retornaria à Crane's Garden. Não apenas para mais flores ou conversas, mas para alimentar o vínculo recém-descoberto entre as palavras que escrevia e as experiências que vivia. Era uma promessa a si mesma: encontrar beleza e inspiração nas pequenas pausas que a vida oferece, mesmo nos momentos mais desafiadores.
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Imagem ilustrativa do
"Crane's Garden"
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Cartas entre Pétalas • Philoise
FanfictionEm Londres, Eloise Bridgerton descobre "Crane's Garden", a floricultura de Philip Crane. Sem seus números de telefone, eles começam a trocar cartas através das compras de Eloise. Enquanto compartilham suas vidas e sentimentos através das palavras es...