Depois de ter acordado aos prantos com os gritos da minha vizinha, finalmente veio ela, a dor de cabeça. Parecia que minha cabeça ia explodir de tanto que doía, tava martelando como um inferno, sem contar a tontura que eu tive que suportar quando levantei.
Depois de ir ao banheiro e tirar todos os acessórios das minhas orelhas e dedos, que não tive tempo de retirar ontem. Dou uma passada na cozinha pra beber pelo menos uns 2 Litros de Água.
Queria poder dizer que não lembro de nada da noite anterior, mas... não posso, porém não é de todo mal, por causa dela.
Elena...
A moça de cabelos longos castanhos, de franja bagunçada, olhos brilhantes de amêndoa e surpreendente gentileza.
Não esperava que ela me ajudasse sinceramente, quando vi já tinha entrado naquele bar velho "Dama da noite" com uma decoração duvidosa em tons de azul.Só queria encher a cara. Meu chefe, aquele filho da puta sempre pega no meu pé, todo dia a mesma coisa, um saco. É sempre comigo, não é minha culpa que ele tem uma queda por mim, mas não é desculpa para me lançar olhares nojentos e tentar me tocar "inconscientemente". É ontem ele passou dos limites... Agradeço por hoje ser sábado.
Sinceramente... Só não me demito porque preciso do dinheiro e o salário é bom. Por mais que eu não compartilhe a casa com ninguém, tem a minha mãe. Sempre mando um dinheiro extra pra ela, já que ela não pode trabalhar fazendo muito esforço por causa da escoliose.Pego meu celular em minha bolsa preta. Dois porcento? mas que droga... Além do meu telefone viciado ter desligado, é meio dia e meu carregador ficou na casa da Diana. A minha sorte é que a casa dela fica só a 3 ruas daqui.
Diana é minha melhor amiga, doce, gentil e ama usar laços, seu cabelo crespo e o mais lindo que eu já vi. Nós nos conhecemos no ensino médio, precisamente no 2⁰ ano.
Umas garotas estavam fazendo bullying com ela, não era da minha conta, mas a mesma já tinha me ajudado antes com uma atividade. Eu fui lá ajudar e viramos amigas, uma das melhores decisões da minha vida.
Antes de meu telefone morrer, eu mando uma mensagem pra ela, perguntando se está em casa. Nem espero uma resposta, só vou pro chuveiro tomar um banho, pra ver se essa dor de cabeça diminui, porque até o dipirona dessa casa acabou. Ser pobre é foda.
Depois de um longo caminho até a casa de Diana, finalmente cheguei. Dou algumas batidas no portão e depois de alguns minutos alguém abre.
- Hannah?
É a Tia Luce, mãe da minha amiga.
- Bom dia, tia.
- Bom dia? - Pergunta num tom irônico - Menina é duas horas da tarde.
Duas? Como assim? Eu dormi esse tempo todo? Deve ser por isso que eu tô "morrendo" aqui e além disso meu celular desligou antes de eu ter a chance de olhar as horas.
- Desculpa dona Luce é que eu tô sem
celular, ele "morreu" e eu vim aqui justamente pegar meu carregador.- Ah, tá. Então espera aí que vou chamar a Dina- Ela entra e solta um grito chamando a filha.
Uma risada sai pela minha garganta, como eu amo eles. Me acolhem muito bem, me sinto parte da família. Depois de um uns minutos uma figura feminina abre o portão, usando uma touca de cetim azul, um pijama de patinhas felinas e com um chinelo branco do Brasil. Era Diana.
- Hannah! Oque tá fazendo aqui?
- Que foi? Não tá feliz em me ver? - Abro um sorriso largo em meu rosto. Ela me olha confusa e lembro o quão lerda minha amiga é.
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Luz no fim do Túnel
RomanceMesmo em 2024, o preconceito, a homofobia e o machismo estão presentes. No estado do Rio de janeiro, iremos conhecer Hannah e Elena, duas mulheres com vidas diferentes, personalidades opostas, mas com muitas semelhanças. Em um bar decaído, com um le...