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Os dois caminham por um tempo, Valete na frente, passando sua espada para afastar grandes arbustos. Red vinha logo atrás de maneira pretensiosa.

A única iluminação que tem é da grande lua cheia no céu, dando a impressão de sombras de galhos vivas na espreita. Red sentiu um arrepio.

-Estamos chegando?- Pergunta ela.

Valete responde alguns minutos depois, quando de repente para de andar, encarando o que quer que esteja em sua frente.

-Chegamos.

Red se apressa para ficar ao seu lado, tentando distinguir as formas de pouca luz em meio a mata.

-O que é isto?

Os dois encaravam um grande pedra fincada no chão de terra. Sua estrutura é lisa como uma folha de papel , também alta. Red conseguia ver que havia escritos nela, ou melhor, desenhos muito bem elaborados por toda a estrutura. Mas que ela não conseguia distinguir.

-Esta é a Pedra da Profecia- Valete não encarava a garota. Ele olhava a pedra com certa fascinação-Nela está desenhado o que uma profecia que está prestes a se cumprir.

-Prestes a se cumprir? Por que?

-Pela sua chegada.

Red ficou calada. As coisas ficavam cada vez mais loucas.

Valete pegou mais firme em sua espada, estendendo-a para frente. Quando o objeto pontiagudo refletiu a luz da lua, apontou ela para a pedra, deixando claro a leitura dos desenhos.

-Olhe- Ele começou-Aqui está você, a criadora do País das Maravilhas. A Rainha Vermelha, a precursora do caos e destruição, dona de um poder imensurável.

Ele dizia sobre um desenho no alto da pedra, uma mulher com um vestido vermelho e cabelos ruivos. Assim como Red.

Valete desceu a luz que estava sendo refletida.

-Aqui diz que você será responsável por matar o Jaguadarte, que acordará de vez para destruir este mundo- Diz apontando para um desenho de Red que usa uma amadura segurando uma espada, pronta para atacar um grande dragão negro de olhos vermelhos.

Red sente um calafrio percorrer seu corpo. Logo, Valete desce mais o refletor.

-O ultimo desenho apresenta a Vossa Majestade tendo a sua determinada glória, recebendo o que merece por salvar todos nós das garras do terrível dragão.

Red encara o desenho dela mesma sentada em um trono idêntico ao que vira no castelo, com o mesmo vestido vermelho, mais com uma coroa dourada nos cabelos cor de fogo.

-Mas eu não tenho nenhum poder- Red diz, aceitando a realidade estranha em que estava.

-Você nem imagina-Valete sorri.

-Como eu posso ter criado este mundo?

-Vossa Majestade...

-Não- Exclama a garota, a fúria voltando- Você me confundiu com outra garota. Eu não sou sua rainha. Eu preciso ir embora...-Ela sussurra, voltando com pressa para onde veio, em meio a mata espessa.

-Vossa Alteza!- Grita Valete, preocupado.

Red para, percebendo lágrimas voltando a descer em sua bochecha.

-Eu já disse para não me chamar assim!

Antes que terminasse de gritar, as árvores ao seu redor estavam voando para o alto, outras despencando no chão. Valete, ao encontro de Red, assustado e fascinado, se abaixou para não ser atingindo pelas arvores que Red enviara pelos ares por um simples grito imerso em sua raiva e confusão mais profunda.

A garota abriu os olhos, encarando o seu redor. A clareira quase não tinha arvores, e havia inúmeros troncos no chão. Ela não se mexeu. Como poderia ter feito isto?

Valete se aproximou com cuidado.

-Está vendo Alteza. Você é ela, a Rainha Vermelha.

A Rainha do País das Maravilhas (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora