Capítulo 1

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      Hannah


       – Droga! Nightmare,saia de cima do meu computador! – gritei para minha gata, que já estava se preparando para dormir em cima de meu novo notebook. Parece que ela não consegue entender a diferença entre a sua cama e as minhas coisas.

       – Hannah desça já! Está na hora de ir para escola! – minha mãe gritou da cozinha, ela tinha uma capacidade incrível para gritar a distâncias inimagináveis, mas uma mínima para ouvir, mesmo que você tenha falado do lado dela, ela ouvia e falava apenas o que queria.

       Para não escutar mais um desses gritos ensurdecedores, terminei de arrumar minhas coisas na bolsa e dei uma última olhada na minha maquiagem para ver se estava tudo no lugar. Mexi em meus cabelos. Alisei minha saia e coloquei meu celular na bolsa, já que sem ele eu não era nada.

       Eu estava repleta de alegria no dia de hoje, pois finalmente havia chegado o meu primeiro dia de aula na Sorceress High School, e para falar a verdade, eu estava mais que entusiasmada, estava tendo tudo o que eu queria, mas um ano como veterana, faltando agora apenas um para me formare além disso, esse era o meu primeiro ano como capitã das líderes de torcida. Agora essa escola estaria em minhas habilidosas mãos.

       Desci as escadas às pressas, peguei meu suco e fui rumo à porta da frente sem ao menosme despedir de Charllote, minha mãe, que ficou parada esperando por um beijo de despedida.

       Andei até a garagem e ao chegar lá, retirei meu novo carro de sua vaga. Ele nada mais era do que um Maybach Landaulet, meu carro favorito, pelo menos até um mais caro e mais bonito aparecer. Meu pai simplesmente não conseguiu dizer "não" para mim quando o pedi, o que o fez ser mais prazeroso ainda de ganhar.

       Corri como o vento.

       Hoje era o meu dia.



       – Hannah! Hannah! – alguém que não dei muita atenção me gritava no momento em que me dirigia para a entrada do colégio. Ao me virar, dou de cara com um par de olhos azuis me encarando. Melissa, a dona dos olhos , é minha melhor amiga. Somos como unha e carne desde os oito anos de idade e mesmo eu sendo uma idiota com elaàs vezes, ela nunca me abandonou, vai entender.

       – Bom dia Mel! E belo penteado. Eu acho. De onde tirou esse dessa vez? - disse lhe dando meu mais belo sorriso.

       E por incrível que pareça, realmente, aquela monstruosidade estava bonita. Melissa tinha um dom de transformar penteados feios, e em sua grande maioria estranhos também, parecerem obras primas, afinal como não poderia, ela era perfeita.

       Olhei-a de cima a baixo.

       Ela tinha uma pele cor de ébano, que contrastava e realçava seus olhos claros, iguais aos de seu pai. Seu cabelo era de um tom tão negro quanto à noite e que se estivesse solto, chegaria a cachos perfeitos até sua cintura. Mel é o contraste perfeito para a minha pele extremamente clara e meus cabelos loiros dourados que nenhuma tintura conseguiria copiar. Já meus olhos, bom, eles são grandes e de um verde esmeralda vivo, nesse ponto, os olhos de Mel me eram mais atraentes, mas os meus eram muito mais cheios de vida que o dela, obviamente.

       Porém, existia algo nela que me causava inveja: o fato dela possuir um corpo cheio de curvas, não daqueles que vemos nas modelos magras e esguias, mas sim aquele natural, sem esforço.

       Mordo meu lábio e coloco minha bolsa sob o ombro.

       – Você soube da novidade? – disse ela tendo um ataque histérico enquanto pulava feito uma louca.

       – Tem uma garota sendo transferida pra cá hoje, não é legal? Nós podíamos chamá-la para se sentar conosco. Seria muito, muito divertido. Podemos? – ela me indagou claramente excitada, sem ao menos respirar entre as frases. Esse era o problema de Mel, ela era legal com todo mundo, absolutamente todo mundo, e eu odiava vê-la decepcionada, principalmente quando era eu que fazia isso. O que chegava a ser extremamente frustrante para nós duas.

       – Claro Mel, pode ser. Mas vamos vê-la primeiro, ok? – respondi em um tom frio enquanto suspirava profundamente, como se a conversa estivesse me cansando. Era melhor uma resposta vaga do que ela começar a reclamar de como estou sendo mal educada.



       Já estava quase na hora do almoço e o Sr. Lafont estava falando algo sobre cadeias carbônicas, mas eu não estava com a mínima vontade de prestar atenção em sua aula hoje, meu interesse estava mais em entender o porquê de eu ainda não ter me encontrado com a tal aluna nova que todos falavam. Eu realmente esperava que ela não tivesse vindo hoje, assim me livraria de um almoço incômodo com uma garota que nem ao menos conheço. O que pra mim, é extremamente desagradável.

       Meu grupo era exclusivo, e apenas quem eu queria, poderia entrar nele. Um barulho ensurdecedor atrapalhou meus devaneios e toda a sala começou a se retirar. Foi aí que percebi que fora apenas o sinal do intervalo. Levantei-me preguiçosamente pegando meus livros sobre a mesa e saí da sala em passos largos. Eu precisava urgentemente comer.

       Passei primeiro em meu armário para guardar meus livros e em seguida fui caminhando lentamente em direção ao refeitório. Ao abrir a porta, procuro por Mel, que provavelmente já estaria em nossa habitual mesa, mas neste momento, eu desejei com toda a minha alma não tê-la encontrado, porque junto com ela e nossas amigas estava uma garota que eu não conhecia. Porém ao somar 2 + 2, ficou nítido que aquela era a tal aluna nova de que todos falavam. Para a minha total falta de surpresa só de olhá-la, eu já podia dizer que a odiava.

       Sorri e fingi que aceitava toda essa história para não frustrar Mel enquanto me caminhava para nossa mesa.


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Os Olhos da Bruxa [ATUALIZANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora