Prólogo

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Katherine

Todas as noites eu revirava meus pensamentos em busca de respostas sobre como e porque aquilo havia acontecido.

Nós estávamos apenas nos divertindo e brincando sentadas em frente a lareira da sala de estar assando marshmallows, um ato comum e mecânico, que fazíamos todos os domingos. Era como se aquele fosse o nosso dia especial, onde o aquecedor era desligado e o vento frio da noite penetrava pela janela que deixávamos aberta para que assim, só a lareira, pudesse ter o poder de nos aquecer. Aquele domingo, infelizmente não seguiu essa regra. Ele não foi apenas um domingo normal, foi o dia em que tudo começou.

Sinto um arrepio percorrer minha espinha ao notar um porta-retratos, que estava esquecido na cômoda de meu quarto. Na fotografia eu, minha mãe e sua irmã, minha tia Ann.

Éramos felizes. Pena que tudo acabou.

- Vamos Kath, está na hora. – disse tia Ann retirando-me de minhas lembranças no momento em que uma lágrima começava a brotar em meu olho. Forcei-me a sorrir e a esconder a todo custo a cara de choro.

Ann era a irmã adotiva de minha mãe. Elas sempre foram muito apegadas e minha tia, sempre me tratava com carinho, porém eu nunca realmente acreditei que gostasse de mim.

Ela era uma mulher morena e extremamente bonita, de estatura mediana, vivia sempre um pouco acima do peso, mas insistia em dizer que a culpa era dos bolinhos da senhora Manson da padaria, que comia quase que diarimente. Possuía olhos cinza, e todos diziam que era como uma pequena tempestade se manifestando em seus pequenos olhos.

Mas uma coisa me intrigava, como pôde, sendo ela tão bonita e, de certa forma, gentil, acabar se casando com Charles! Ele, a meu ver, não tinha nada de atraente. Isso sim é o que eu poderia chamar de amor cego, ou, na minha opnião, praga. Ele era um homem com alguns quilos a mais, não muito alto, e que acabou ficando calvo ao longo dos anos por conta do estresse do trabalho. Seus olhos eram de um castanho sujo, similar a lama, ele era repulsivo e nem um pouco agradável.

– Ok tia. Eu acho que estou preparada. – disse-lhe dando um belo sorriso que não chegava aos olhos, completamente sem emoção. Eu sabia para onde ela e tio Charlesestavam me levando e a razão de não me quererem vivendo com eles. Achavam que eu era perigosa, uma aberração e, por esse motivo, me descartavam! Não! Eles abriam mão de mim para eu morar com o homem que na minha certidão, indicava ser meu pai.

– Katherine, querida, você e Taylor vão se dar muito bem. Você vai ver, docinho. – disse minha tia, demonstrando um falso entusiasmo e carinho enquanto passava uma de suas mãos pelos meus cabelos que estavam presos num rabo de cavalo.

Tia Ann e seu marido deveriam ganhar um Oscar de melhor atuação pelo seu desempenho de hoje. Eles estavam perfeitos nesse papel de tios preocupados, como se eu não conhecesse como realmente são.

– Entre no carro Katherine e me dê essa mala. – disse Charlie, já as arrancando de minhas mãos. Eles realmente estavam com pressa de me ver partir. – Você lembra o que deve fazer, não é? – fiz que sim com a cabeça sem a mínima vontade de lhe dirigir a palavra. – Ótimo, fico feliz em não ter que lhe explicar novamente.

Charles odiava repetir, mas comigo, ele era obrigado a fazer isso constantemente, pois eu não conseguia prestar atenção ao que ele dizia. Mas dessa vez, eu realmente me lembrava do que fazer. Eu devia pegar o avião para Philadelphia, Pensilvânia, que ficava a 30 Milhas, ou 48,28 km, de distância de Harridan Town, o meu destino final. Traduzindo: eu estava indo para a minha sentença de morte.

Eu realmente não conseguia entender o amor que algumas pessoas sentiam ao preferir viver em locais isolados do mapa. É extremamente frustrante, pelo menos essa cidade era relativamente perto de uma metrópole da Pensilvânia. Mas para mim, não importaria onde ela estava, pois continuaria a ser minúscula e excluída do resto do mundo.

Relutante, entrei no carro e seguimos para o aeroporto principal de Denver, Colorado, onde eu fui criada desde que possa me lembrar. A viagem foi silenciosa com exceção das trocas de marchas que faziam o carro tremer. Aquele carro era um verdadeiro perigo para a humanidade e tio Charles sabia disso.

Eu acreditava que ele tinha um plano secreto para matartodos no estado do Colorado, com aquela densa fumaça que saía do carro dele. Eu até poderia dizer que grande culpa do aquecimento global foi por causa disso. Durante toda a viagem, tive vontade de abrir a janela daquela máquina mortífera, mas tive receio de morrer asfixiada pela poluição, não que isso adiantasse muito.

– Chegamos Kath, pode descer. – falou Charles com um tom de uma alegria disfarçada de pesar.

Abri a porta e desci rapidamente. O ar puro encheu meus pulmões dominados por tanto monóxido de carbono e eu agradeci, pela primeira vez, o fato de estar me mudando do Colorado, pois sem Colorado e sem o carro dos Miller, provavelmente a minha estimativa de vida iria subir bastante. O vento soprava fortemente e o sol queimava minha vista.

Olhei pela ultima vez o lugar onde cresci, e caminhei em direção à entrada do aeroporto.

Tia Ann e tio Charles me levaram para fazer o check-in, provavelmente eles queriam ter certeza de que eu embarcaria naquele avião e que não houvesse chances de meu retorno. Após uma longa enxurrada de problemas por causa do atraso do avião e de Charles surtando com a atendente, conseguimos terminar.

Meus tios me conduziram até o portão 13, que foi para onde a atendente, depois de se recuperar da humilhação que meu tio a fez passar, nos disse que sairia meu avião. Ao chegar lá, respirei fundo, pois esses eram meus últimos momentos em minha cidade natal, ou pelo menos onde eu cresci.

Ann parecia realmente triste por me ver partir.Seu rosto estava rosado e seus olhos lacrimejando, mas ela não chorou, apenas depositou um beijou demorado no meu rosto alguns segundos pressionando os lábios. Já Charles foi mais ríspido e apenas apertou minha mão com firmeza, e sem se darem ao trabalho de me esperar adentrar o portão, foram embora, evitando olhar para trás durante sua partida.

O trabalho deles estava feito, a garota problemática não estava mais sobre suas responsabilidades.

E eu? Não tinha outra opção, a não ser entrar naquele portão rumo a minha nova vida.



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Olá meus amoreeees <3

Estou atualizando este capítulo com a edição final da história...

Eu estou finalmente publicando-o, pela editora Pachamama, e isso em deixa muito feliz.

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Espero que gostem bastante dessa história...

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Os Olhos da Bruxa [ATUALIZANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora