Dentes tão brancos. Suas peles, lisas como porcelana. Seus olhos, claros como a mais cristalina água.
Mente tão podre. Minha pele, áspera como a mais dura pedra. Meus olhos, escuros como a mais sombria noite.
Por que nunca posso tocar meu reflexo? Por que apenas vejo-os e não me reconheço em cada um?
Meu único desejo era ter o que eles têm. É pedir demais?
Queria ter alguém que viesse e dissesse boas palavras ao meu coração. E, mesmo que dissessem, eu não acreditaria. Já estou tão afundado nesta tendência de ódio a si mesmo, que nem as mais belas palavras me tirariam de toda a dor que sinto.
Às vezes, sinto a vontade de correr e me esconder em um lugar que ninguém possa ver. Não merecem ver tamanho desgosto que tenho em minha aparência. Sou torto, estranho, como poderia alguém me amar?
Sinto que estou me odiando demais. Talvez eu mereça, já que também não sou um bom amigo e nem sequer me reconheço no espelho.
É uma pena, caso tenha se identificado.
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Sussurros - Uma coletânea de pensamentos intrusivos. (Edição Voz alta).
PoesíaSussurros (Edição Voz alta), é uma introdução ao primeiro trabalho escrito de Natã Miguel.