Bright Vachirawit

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Em uma sala pequena, com menos de trinta alunos, podiam se ouvir passos, risadas, cochichos, a voz de uma mulher na casa dos trinta anos que só queria cumprir seu dever, ela pedia por atenção e compreensão.
Neste lugar todos podiam ter sido ou até mesmo serão protagonistas de suas histórias, eles sim tinham alguma importância e um grande potencial, mas logo ali no canto da sala, umas quatro carteiras de distância da professora e ao lado de uma janela, havia um garoto de cabelos castanhos, cujo o nome era Bright, ele suspirava enquanto observava o pátio da escola, desejando que logo fosse embora, mas não da escola e sim do mundo, a vida ali já não o agradava.



Esse garoto sim tem talento, mas claro que não sabia, afinal, pessoas com grandes potenciais nunca percebem o quanto são importantes, elas podem estar no canto de uma sala fazendo papéis de um figurante, mas sempre terão valor aos olhos de um escritor.

Basta conhecê-lo um pouco mais para perceber que não é apenas um garoto anti social, mas sim alguém que guarda muitos segredos por trás daquele rosto que soa estranho para alguns adolescentes mais populares.

Nunca passaria pela cabeça do garoto com olhos amendoados do porquê pessoas diferentes do padrão são consideradas estranhas ou até mesmo serem chamadas de loucas e vistas como anticristos.



Nada disso importava mais, pois sua vida já era um desastre e não havia como deixar de ser ele mesmo, poderia gostar de fumar como outros adolescentes, mas odiava o cheiro da fumaça, poderia começar a beber, mas só de sentir o cheiro de cachaças já o repudiava, poderia até gostar de garotas, mas era algo impossível, pois essa "maldição" o acompanha desde o nascimento e diria com certeza de que não precisava de uma cura, mesmo apanhando e sendo humilhado por pessoas que espalham um tal de "amor desconhecido".



Todos os pensamentos do garoto foram interrompidos por pessoas correndo e se esbarrando, o sinal do recreio era algo tão perturbador quanto as pessoas que estavam ali.

Em passos apressados ele se direciona até o banheiro masculino, se fosse pego ali mesmo poderia entrar em sérias confusões, o banheiro era algo que o assustava muito, aquelas cabines eram aterrorizantes, só de olhar ficava com o coração batendo como louco e suas mãos suavam frio, mas precisava enfrentar seus medos, pior seria se suas calças ficassem cheias de urina, só de imaginar já lhe dava frios na barriga, isso jamais deveria acontecer.

Garantiu que não havia mais ninguém ali e logo entrou em uma das cabines.



Assim que apertou a descarga ouviu risos e sons de pessoas correndo pelo corredor, como ele já imaginava...Estava trancado, o prenderam, sem pensar direito o garoto começou a bater na porta, ele gritava e se debatia ao máximo, mas isso não era suficiente para que algum coordenador ouvisse, por fim ele se cansou e se sentou no chão gelado, não era muito limpo, mas não ficaria em pé pois já estava cansado e a ansiedade tomava conta de seu corpo.


Por sorte seu amigo Ren sentiu sua falta, quando o encontrou estava em prantos, seus pequenos olhos estavam inchados de tanto chorar, ele sabia que Bright tinha sérios traumas por causa do bullying, mas nem sequer adivinharia o que se passa em sua casa, a maioria de seus traumas vinham de lá, a casa em que ele deveria ser acolhido era um dos seus piores pesadelos.

Ren segurava seu amigo com força ao andar pelos corredores, nenhuma palavra foi dita até que chegassem na biblioteca, ali era um lugar seguro, nenhum adolescente rebelde adivinharia que eles estariam ali.



- Bright, você está com fome? - Em resposta o garoto balançou a cabeça em afirmação - Okay, então vou ir comprar algo, não se preocupe, eles não podem entrar aqui.

Ren era o único que o ajudava, ele cuidava do pequeno como se fosse uma criança e o mesmo amava isso, amava ser cuidado por alguém, ele o amava com todo seu coração e alma, faria de tudo para estar junto ao seu amigo do começo até o fim.

Ren, o garoto alto e com um sorriso lindo e marcante é um funcionário da biblioteca que fica no colégio, e sim, ele largou seus estudos para viver de arte, quando não está na biblioteca ganhando seu pão de cada dia, está fazendo trabalhos voluntários ou se inspirando com sua arte, ama pintar quadros. Ele nunca admitiria o quanto ama Bright, mas suas ações falam por si só, pintou o rosto de seu amigo em mais de dois quadros, o garoto isolado na verdade é uma inspiração, ele é arte, basta saber apreciá-lo.

- Cheguei, aqui, é o seu favorito não é? - Disse sorrindo, o mesmo amava mimar seu amigo, sabia de todos os seus gostos.

- Sim, obrigado. Você sempre acerta, sua memória é incrível.

Aqueles elogios fizeram seu coração palpitar, era como se ele estivesse nas nuvens.

- Ei, quer eu eu leia um livro? O nosso favorito?

- Sim! Você leu o meu pensamento!

Alguns instantes depois eles estavam ali no chão de uma das fileiras da biblioteca, Vachirawit estava deitado em seu colo enquanto o mais velho lia o livro em voz alta para que os dois escutassem, de vez em quando o mais novo dava colheres de bolo de morango para o mesmo, era uma sensação acolhedora estar ali, eles eram o porto seguro um do outro e isso era ótimo, mas não perfeito, afinal nem tudo é perfeito, todos passam por problemas.



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My Angel is a DevilOnde histórias criam vida. Descubra agora