Coçando sua carne

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Neste universo, o inferno realmente pune os seus pecadores e Lúcifer nunca foi banido do paraíso. Inspirado em filmes.

Agora vamos ler o sofrimento do Vox :)

∆-----/- NOTAS DA AUTORA

Abriu os olhos... Tudo o que viu foi a frente várias sacolas pretas plásticas com corpos dentro; cabeças de fora de alguns, braços ou penas de outros. As cabeças estão sem carne, os ossos deteriorados, cheios mofo podre e panos velhos sujos os cobrindo. Estão amontoados. Há alguns objetos tão quebrados e velhos que são irreconhecíveis.

As sacolas pretas emitem um cheiro horroroso e horrível. Quanto mais você engatinhava pelo espaço pequeno e muito escuro, mais sacolas aparecem: sacolas coladas em corpos humanos, tão firmemente amarradas que parecem uma segunda pele. O som do bater de asas de mosquitos e o zumbir de seus sons estão próximos as sacolas.

O ambiente é tão menor que você não consegue se levantar... Mas parece vasto. Tudo o que lhe resta é se arrastar.

Suas vestes estão sujas e rasgadas, quais antigamente eram formais e bem arrumadas. Você estende uma mão....metálica....azulada....com garras no lugar de unhas, agarrando uma das sacolas pretas mais enchidas em um desespero semi humano: onde estou? O que é tudo isso? Esse é o inferno?... Quando conseguiu pegar a sacola contra a palma da mão, a jogou longe, tentando descontar a própria frustração e medo do desconhecido nisso.

Seus soluços começam a encher o som do ambiente. São abafados. Não quer que ninguém te ouça? Não há ninguém aqui.

Você está sozinho em um descarte de lixo humano.

O local onde a sacola de lixo que foi retirada, fez com que uma torneira de sangue escuro e podre jorrasse pela sacola que estava por baixo na pilha. Você fez uma expressão de desgosto... O líquido é espesso, o choro parou, pois o choque é tão grande que não consegue ser vulnerável.

E você é Tom Limmped. Sim, esse era seu nome. Mas agora, você só se lembra de ser chamado de Vox.

Vox continua a revirar as sacolas apenas para achar outro corpo em visão crua e real: uma ossada sem carne, apenas tecidos ocasionais grudados entre as juntas do ossos, e banhada em sangue escuro avermelhado. Há uma parte do intestino grosso ainda ali, em uma cor podre.

Se afastou imediatamente, virando a cabeça para o lado, uma careta profunda pintando a tela. A tela da Tv que ocupa sua cabeça.

Vox continua a engatinhar, tendo que se arrastar por cima dos corpos e sujeira humana, fazendo o melhor que pode para desviar de tais coisas. O som dos ossos quebrando sob o peso do corpo do demônio da Tv é a nova única coisa ouvida.

Os movimentos do corpo de Vox são lentos, exaustos, chocados e em pavor.

Em um certo momento não há mais o chão escuro. E sim os corpos. As tripas rasgadas e trituradas por onde Vox passa; as mãos metálicas grudando contra os restos mortais e líquidos do corpo, os joelhos se arrastando e raspando contra os ossos pontiagudos.

A incerteza é algo que o come vivo. Os crânios o rodeando. Pilhas e mais pilhas de corpos amontoados aparecem... Mas então Vox vê algo. Uma luz. Seria isso um ser angelical ou ele acordando e um coma?

Se arrasta pelo buraco que é ainda menor... Tendo que ficar cada vez mais abaixado para passar pela nova passagem a qual era como uma esperança no fim do túnel. Porém algo dificulta a passagem; o tecido da camiseta suja e velha engancha em um dos ossos da coluna de um cadáver próximo. Vox faz a força que tem, o tecido puxando o osso e o esticando consigo até que consiga se desprender.

Rastejar e rasgar - RadiostaticOnde histórias criam vida. Descubra agora