— EU VOU EMBORA DESSA PORCARIA DE CASA, NÃO AGUENTO MAIS ESSA DROGA DE VIDA. — Gritei, indo em direção ao meu quarto e logo pegando uma velha mochila, onde procurei colocar o máximo de roupa que conseguia.
— MARILIA, VOLTA AQUI, VOCÊ NÃO VAI A LUGAR NENHUM. — Meu pai gritou de volta, vindo atrás de mim.
— Ah, não vou papai? — Falei com ar de deboche. — E quem vai me obrigar a ficar? — Disse colocando a mochila nas costas, com toda a coragem do mundo junto à mim, pois meu pai era praticamente meu dobro, poderia me impedir numa facilidade só. Mas ele apenas ficou me encarando não acreditando que sua "menininha" havia se tornado tão inconsequente.
— A questão é — continuei a falar. — Eu não fico nem mais um segundo de baixo do mesmo teto dessa vadia, que você trouxe para casa e ainda chama de mulher.
— Marília, querida... — Meu pai tentou se acalmar. — Você está sendo injusta com Nicole, ela é como uma mãe para você. — Senti vontade de vomitar, e meu sangue esquentar como se eu fosse explodir a qualquer momento, mais do que eu já havia.
— NUNCA MAIS. — Gritei. Mas logo respirei fundo tentando voltar à um tom aceitável de voz. — Nunca mais mesmo, compare essa biscate com a minha mãe, aliás que Deus à tenha. — Falei, pois minha mãe havia morrido quando eu tinha apenas dez anos, e quando eu completei quatorze meu pai conheceu Nicole, fazendo minha vida virar um inferno. — Minha mãe era uma mulher digna, não precisava se aproveitar de ninguém para se dar bem na vida, eu cansei pai, de ver você sendo feito de idiota. E também cansei dessa vadi...— Me segurei. — Mulherzinha, tentando tomar o lugar da minha mãe, e me tratando como um nada. Ela realmente conseguiu o que queria, eu vou embora. — Nicole observava tudo, as vezes dava até para ver um sorriso vitorioso saindo de seus lábios, mas rapidamente ela voltava a se fazer de vítima. Eu odiava ver meu pai sendo feito de idiota, ela só queria seu dinheiro.
Ali eu não ficava mais, estava cansada de tudo isso!
00h30. Eu realmente não sabia para onde iria a essa hora, mas resolvi arriscar, meu pai tentou me impedir. Porém, ao mesmo tempo que ele era mais forte do que eu, eu era mais rápida. Na minha mochila, que agora pesava em minhas costas, enquanto eu andava pelas ruas um pouco mal iluminadas do meu bairro, haviam algumas peças de roupas, coisas para a higiene e um pouco de dinheiro da minha mesada. Eu estava quase me arrependendo, com medo e com frio, apenas eu e minha insegurança.
Para onde eu iria? Droga.
Até que me veio a cabeça um apartamento que meu pai possuía, porém ficava um pouco longe, eu planejava pegar um táxi e pagar com o dinheiro que havia em minha mochila. Enquanto pensava comigo, passei por um grupo de garotos. Se eles não tivessem feito gracinhas, eu nem perceberia.
— Ei, garota. Isso é hora da princesinha estar na rua? — Continuei andando o mais rápido possível, mas podia ver que eles estavam me seguindo.
— Qual é gatinha?! Vai mais devagar, rápido assim, só na cama. — Os garotos riram e até onde deu para ver haviam quatro, não pude ver muito, o medo me impedia de olhar para atrás, em minha minha cabeça eu só conseguia pensar "continue andando'".
— Olha, Murilo. Eu acho que ela está com pressa, hein?! — Uma garota com uma voz maravilhosamente rouca falou, e logo começou a rir.
— Ei, delícia, não corre não. — Falou um dos garotos, não fazia ideia de quem se tratava. Eu estava morrendo de medo, confesso, mas ao mesmo tempo eu já estava me irritando com aqueles babacas e meus pés já estavam doendo de tanto eu andar rápido. Então, eu senti uma mão segurar meu braço com força.
— Qual a parte do "Ei, delícia, não corre não" você não entendeu? — Um garoto com lindos olhos castanhos falou. Ele tinha um olhar um tanto malicioso.
— Merda, qual o seu problema? Me larga seu idiota. — Falei tentando tirar suas mãos de meu braço direito. Pude observar todos se divertindo, exceto uma garota de cabelos negros, e maravilhosos cor de mel, ela era realmente linda e parecia estar entediada. Até que eu me dei por conta de quem ela realmente era, e estremeci. Seu celular tocou, ela atendeu e foi saindo.
— Falou, gays. Tô largando. Ah, e peguem leve com essa mini vadiazinha aí. — Ela riu, e virou-se de costas com o intuito de ir ao seu destino. Me irritei com o fato de ela ter se referido daquele jeito à mim e resolvi me pronunciar. Com muita coragem, claro.
— Do que você me chamou, seu resto de Betty Boop? — Perguntei, levando minhas mãos à cintura, como se tivesse alguma moral com ela, e totalmente enraivecida com todas as merdas que estavam acontecendo naquele dia. Mas antes me soltei das mãos do garoto de olho castanho e fui para o meio, a fim de falar umas verdades para aquela idiota. Eu sabia quem ela era, e mesmo assim eu estava pouco me importando. Ela virou-se para mim, me olhando de cima a baixo com uma expressão séria e ao mesmo tempo sedutora, mas mantive a pose.
— Quem você acha que é pra me chamar assim? — Ela era a líder dos The Canadians, uma das maiores gangues da cidade, todos só ouviam falar neles, mas ninguém sabia quem realmente fazia parte. Eu sabia porque eu morava no mesmo bairro que eles, mas não na mesma rua, e minha melhor amiga, Luisa, já havia me falado deles, ela sabia tudo e entrou em choque quando descobriu que essa gangue se situava no nosso bairro.
E como ela descobriu que eram eles membros da gangue? Um dia, faz mais ou menos dois anos e pouco, esses garotos se mudaram para o nosso bairro e ela ficou curiosa para saber quem era a garota de olhos cor de mel, o qual ela achara linda, então uma vez ela seguiu ela para ver se descobria alguma coisa útil e ela sem querer deixou cair do bolso uma "Folha de Plátano" feita de metal, onde continha a seguinte informação: "Carla Maraisa D'Angelo, líder - The Canadians". Diz ela que quase caiu dura. Eu cairia, no caso. Acontece, que depois que ela descobriu isso, ela viciou-se mais ainda nela...Carla Maraisa.
— Prazer Maraisa...Carla Maraisa.
Ela disse eu estremeci ao ouvir aquele nome, eu estava diante da maior cafajeste de Los Angeles, e mesmo assim, ela era o sonho de todas as menininhas iludidas (como minha linda melhor amiga) e também por quebrar o coração delas (ainda bem que Luisa nunca havia criado coragem para chegar perto dela, entendo porque).
— Eu sei quem você é. — falei indiferente.
— Sabe? — ela arqueou as sobrancelhas. — Como?
Droga, se eu dissesse que eu sabia que ela é um Canadian, acho que ela me mataria, pois que nem eu disse, ninguém sabe quem faz parte dos The Canadians, só sabem que existe essa gangue, mas não sabem quem são seus verdadeiros membros, eles fazem tudo perfeito, sem nenhum descobrimento por parte de ninguém. Apenas de Luisa. E eu.
— Eu confundi você com outra pessoa. — Menti.
— Eu sou inconfundível. — Ela disse.
— E você é ridícula.— Você também não passa muito longe de ser ridícula. — Falei a olhando friamente nos olhos.
— Você deveria me temer.
— Só porque você é uma Canadian? — Entreguei o jogo e vi a merda que eu havia feito. Maraisa olhou para os garotos incrédula.
— Você sabe demais. — Ela disse, dando meia volta. — Henrique, levem ela para o apartamento, amanhã eu vou ver o que eu faço. Se ela não morrer, vai servir como um bom bife. — Ela disse mordendo os lábios. — Se é que que vocês me entendem.
— O que? Droga, me solta, eu quero voltar para a casa. — gritei, ao sentir o tal de Murilo, e mais dois garotos me colocando para dentro de uma Range Rover preta, tentei me debater, mas o desespero era tanto que acabei desmaiando. Tudo se apagou.
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𝐏𝐎𝐒𝐒𝐄𝐒𝐒𝐈𝐕𝐄 - ᴹᵃˡⁱˡᵃ
Fanfiction- ᴠᴏᴄᴇ é ᴍɪɴʜᴀ ǫᴜᴇʀᴇɴᴅᴏ ᴏᴜ ɴãᴏ, ᴘᴏʀǫᴜᴇ ᴇᴜ ꜱɪᴍᴘʟᴇꜱᴍᴇɴᴛᴇ ᴀɴꜱᴇɪᴏ ǫᴜᴇ ꜱᴇᴊᴀ ᴀꜱꜱɪᴍ, ᴠᴏᴄê ɴãᴏ ᴛᴇᴍ ᴇꜱᴄᴏʟʜᴀ. - ᴄᴀʀʟᴀ ᴍᴀʀᴀɪꜱᴀ. e se ela fosse dela? somente dela. mas ela não fosse dela? e se ela tentasse lutar contra isso, mas ao mesmo tempo isso estivesse va...