Se, neste mundo, o corpo físico precisa de uma casa onde possa comer, dormir, descansar e fazer a sua higiene, é compreensível que a alma também precise, na ternidade, de uma habitação. Estar consciente de que somos apenas peregrinos na Terra - ou seja, entender que a nossa existência aqui é curta e temporária enquanto a vida na eternidade é permanente e sem chance de alteração - traz temor e tremor para nos atentarmos à realidade espiritual, que é a mais importante.
A Bíblia compara o nosso corpo a uma tenda frágil, que a qualquer momento pode se desfazer com as intempéries do deserto (o mundo).
Aqui, a passagem dos anos embaça as nossas vistas e passamos a precisar de óculos. O tempo também enruga a nossa pele e deixa marcas profundas no nosso rosto, além de fazer os nossos cabelos caírem ou ficarem brancos. A nossa força vai se esgotando, os joelhos ficam fracos, as mãos trêmulas e os movimentos mais lentos. Nesse duelo contra o tempo, nada exterior permanece igual aos dias da juventude - inclusive a nossa memória, que lentamente vai se apagando. Contudo, para os que nasceram de Deus, não importa se o homem exterior (o corpo físico) se corromper, pois o homem interior (a alma) vai se renovar dia após dia.
O corpo físico pode perder a batalha, mas a alma se enriquece e cresce fortemente em direção à sua morada eterna. Quem vive essa fé salvifica está sempre de "malas prontas" para partir e entrar numa vida infinitamente melhor.
Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. (2Corintios 5.1)
A alusão ao tabernáculo remete à transitoriedade daquela tenda que peregrinava no deserto até que, finalmente, Israel entrou na terra prometida e o culto se estabeleceu num local fixo: o templo.
Hoje, a nossa casa é um tabernáculo frágil que se desfaz, mas os salvos receberão um grande e eterno edifício - que é um corpo novo e glorificado -, o qual não terá qualquer participação humana, mas será feito somente pelo Senhor. Que extraordinário!
Vivemos cercados de produtos manufaturados ou industrializados; a nossa existência é permeada pelo trabalho idealizado e feito pela mente humana, mas o novo corpo dos salvos é algo tão glorioso que mãos humanas jamais o tocaram ou conceberam.
Nós receberemos um novo corpo, assim como o Senhor Jesus recebeu um corpo glorificado após a Sua ressurreição (Hebreus 9.11).
Portanto, se a casa terrestre ( como o apóstolo Paulo também chamou o corpo) fosse residência permanente da alma, ela jamais poderia ser tão perecível, já que a alma é eterna.
Precisamos entender os grandes contrastes que as Escrituras pontuam entre a vida terrena e a vida eterna; o tabernáculo perecível (corpo) e o edifício de Deus (o novo corpo para a alma).
Essa contraposição também aparece entre o corpo cansado e o espírito revigorado:
Ainda que o nosso homem interior se corrompa, o interior, contudo, se renova dia em dia. (2Corintios 4.16)
Isso significa que o corpo físico de um filho de Deus pode se deteriorar, mas a prática da fé renovará a sua alma constantemente. É um processo contínuo que acontece no presente, pois, à medida que o corpo se enfraquece com o passar dos anos, o espírito se fortalece e se agiganta para a entrada na eternidade.
As tribulações que cansam e debilitam o corpo são as mesmas que encorajam e robustecem a alma através das experiências de comunhão e confiança em Deus.
Sendo assim, as nossas expectativas neste mundo não devem ser de facilidades, pois, neste corpo, estamos sujeitos a aflições. O apóstolo Paulo disse que "gememos" ao passar pelas injustiças, calúnias e perseguições e, por isso, desejamos cada vez mais ardentemente ser revestidos da nova vida, do novo corpo, que não será mais suscetível a dores e sofrimentos.
E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação que é do céu. (2Corintios 5.2)
Por mais belo e saudável que um corpo seja, num determinado momento, a sua fragilidade humilhará o seu dono, que sentirá o peso das suas limitações físicas.
É, portanto, um alto privilégio ter o cuidado da parte de Deus em dar para a nossa alma não somente um corpo neste mundo, mas, sobretudo, um corpo celestial no porvir.
Na alegria dessas revelações, contemplamos o Céu a partir da Terra. Mostramos que ansiamos pela plena intimidade com o Senhor no secreto do nosso quarto. Somos as pessoas mais felizes do mundo, mas não felizes por causa dos prazeres que ele oferece; pois, embora vivamos nele, não lhe pertencemos. Dele fomos tirados e andamos por fé e não por vista.
Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas. (2Corintios 4.18)
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Segredos E Mistérios Da Alma
EspiritualPor mais que esteja cheio de vigor, saúde, entusiasmo e sonhos, o ser humano sabe que a vida é breve por aqui. O que ninguém sabe é o quão perto pode estar do seu último suspiro. A fim de entender o real sentido da vida e da própria existência, muit...