Chapter One

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Point of View; Lauren Jauregui

Durante a viagem, alguns pensamentos surgiram em minha mente. Me senti orgulhosa de mim mesma naquele momento, afinal, meus esforços estavam sendo recompensados. Pensei sobre como minha mãe se sentiria agora que estava sozinha em casa e como Josh e eu reorganizaríamos nossa nova rotina. A tensão que percorria meu corpo encobria um pouco da saudade que já começava a apertar no peito.

Eu finalmente realizaria um sonho e estaria entre pessoas que haviam conquistado os seus. Sinu era uma grande amiga da mamãe desde o colegial, mas como a vida tem suas surpresas, ambas seguiram caminhos opostos. Mamãe engravidou de mim muito cedo, aos dezessete anos, e desde então teve que abandonar seus sonhos para conquistar os direitos mais básicos, como alimentação e moradia. O homem que dizia ser meu pai eu vi poucas vezes, mas mamãe sempre disse que seguiram caminhos diferentes porque os sonhos dele sempre foram maiores que o amor por nós.

Cresci no subúrbio de Nova Iorque, em meio à violência e desigualdade social, e sempre pensei que não teria onde cair morta. Mamãe sempre trabalhou horas e horas por dia enquanto me deixava com a vizinha que cobrava metade do salário.

Conheci Josh aos quinze anos, em uma escola no centro de Nova Iorque. Era uma escola pública, mas uma das melhores para jovens sem muitos recursos. Quando o vi pela primeira vez, com um cardigã bege e calças jeans, me perguntei o que fazia ali. Ele, como monitor de corredor, foi orientado a me apresentar à escola. Me apaixonei à primeira vista; ele era perfeito. Ao longo da nossa amizade, sempre me perguntei por que ele estava ali, já que aparentava ser de boa educação e classe social distinta da minha. Não entendia por que ele, ao invés de frequentar uma escola particular, estava ali. Só que um dia ele me contou: - Tudo começou aos 13 anos, quando queria meu primeiro videogame. Minhas notas não estavam boas e eu só queria fazer uma coisa: nada. No meu aniversário, não recebi o videogame, mas um jogo de tabuleiro de xadrez e ao invés de agradecer, impulsivamente, xinguei pela primeira e última vez na vida. De fato, foi meu primeiro ato de rebeldia e, definitivamente, o último. Como punição, vim parar aqui. Até hoje estou tentando fazer com que minha mãe esqueça esse dia e finalmente me perdoe. - Ele fez beicinho e rimos juntos. Em uma noite de julho, em frente ao mar negro onde fica a casa de praia dos pais dele, ele me pediu em namoro e demos nosso primeiro beijo de muitos.

A aeromoça interrompeu meus devaneios perguntando se eu precisava de alguma coisa. Estranhei a pergunta, pois sabia que a única coisa a que tínhamos direito na classe econômica era sentar e torcer para o avião não cair.

– Não, obrigada. – Respondi com receio de que, se pedisse um copo d'água, devesse meus rins em troca.

Ela sorriu amigavelmente e respondeu: – Tudo bem, querida, qualquer coisa é só sinalizar.

– Tudo bem, mais uma vez obrigada.

Quando finalmente o avião pousou, percebi que o voo durou apenas uma hora, o que pareceu uma eternidade. Desembarquei meio perdida e pedi ajuda a um segurança, que prontamente me deu as coordenadas. Segui suas instruções e em poucos minutos já estava com minhas bagagens, correndo os olhos pelo aeroporto em busca de Sinu.

– Lauren? – Uma garotinha falou atrás de mim e não pude deixar de me sobressaltar.

– Oi, sim, Lauren Jauregui. E você é?

– Sofia Cabello. – Ela fez uma pausa e gritou: – Mamãe, aqui está ela!

Corri os olhos mais uma vez pelo salão e encontrei a mulher de quem Sofia falava. Sinu era muito mais bonita que na foto. Tinha longos cabelos castanhos mel, era um pouco mais baixa que eu, e suas pernas poderiam estar estampadas em uma capa de revista. Ela não estava de óculos, o que me fez pensar que usava lentes para poder enxergar a longas distâncias. Vestia um vestido florido longo com um rasgo na perna direita. Seus seios pequenos eram arrebitados pelo vestido. Ela usava um salto preto, e quando enfim pude cumprimentá-la, percebi que o som da sua voz era aveludado, quase instigante. Por outro lado, Sofia tinha cabelos castanhos escuros e olhos da mesma cor. Era um pouco acima do peso das crianças da sua idade e vestia uma roupa mais infantil que o comum.

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⏰ Última atualização: Oct 29 ⏰

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