Capítulo 6: Confrontos e Revelações*

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Lucas estava absorto em seu trabalho naquele dia, tentando focar em resolver os problemas pendentes na empresa. As tensões recentes com sua irmã, Isabela, ainda ecoavam em sua mente, misturando-se com a frustração de suas próprias expectativas não cumpridas. O confronto naquela manhã ainda reverberava: palavras ásperas trocadas, acusações veladas de quem era o favorito do pai.

Enquanto lia relatórios e respondia e-mails, um movimento familiar capturou sua atenção. Matheus, um amigo de infância que se tornara quase um irmão, adentrou sua sala com um sorriso cordial. "E aí, tio do ano?", provocou Lucas, num tom de brincadeira, tentando dissipar a tensão que carregava consigo.

Matheus riu, mas seu sorriso desvaneceu quando percebeu que Lucas não estava totalmente ciente do que acabara de acontecer. "Lucas, você não ouviu?"

O coração de Lucas disparou. Uma sensação de prenúncio se apoderou dele. "O que você quer dizer, Matheus?"

"Isabela está radiante. Ela deu a notícia que seu pai tanto esperava. Está grávida."

Lucas mal conseguia processar as palavras. Um turbilhão de emoções se misturava dentro dele. Alegria por sua irmã, incerteza sobre seu próprio lugar na família, e uma pitada de tristeza pela forma como as coisas haviam se desenrolado entre eles.

"Grávida?", repetiu ele, como se as palavras precisassem se encaixar na realidade.

Matheus assentiu, sua expressão misturando compaixão e compreensão. "Ela está lá em casa, Lucas. Seu pai está radiante. Ele finalmente terá seu neto primogênito."

Lucas mal pôde acreditar. Sua mente se encheu de imagens do pai, sempre falando sobre a importância de continuidade da linhagem familiar, quase como se fosse uma obsessão. E agora, Isabela havia conquistado esse feito, trazendo um herdeiro para a família.

"Eu preciso ir para casa", murmurou Lucas, levantando-se da cadeira. Ele caminhou até a janela de seu escritório, olhando para o horizonte urbano da cidade lá fora. Seus pensamentos estavam em tumulto. Sentia-se feliz por Isabela, mas também havia uma pontada de inveja misturada com o orgulho ferido.

Ele saiu da empresa apressadamente, dirigindo pelas ruas movimentadas até chegar à casa familiar. Ao entrar, foi recebido pelo som da voz alegre de Isabela, cantarolando alguma melodia. Seu sorriso, de ombro a ombro, era tão radiante que parecia iluminar a sala.

Isabela se virou ao ouvir os passos de Lucas e seus olhos encontraram-se. "Lucas! Você ouviu a notícia?", disse ela, um brilho de felicidade nos olhos.

Lucas assentiu, incapaz de dizer uma palavra. Seu coração se apertou com um misto de sentimentos que ele ainda lutava para compreender completamente.

"Eu sei que as coisas entre nós têm sido difíceis ultimamente", começou Isabela, com uma expressão sincera. "Mas isso muda tudo, não muda?"

Lucas assentiu novamente, forçando um sorriso. Ele sabia que tinha que se alegrar por sua irmã, por seu pai, e por essa nova vida que estava chegando. Mas no fundo, ele também sabia que as dinâmicas de poder na família haviam mudado de uma forma irrevogável.

Enquanto observava Isabela falar animadamente sobre seus planos para o futuro, Lucas sentiu um nó se formar em sua garganta. Ele sabia que precisava encontrar seu lugar neste novo cenário, onde as expectativas e as conquistas pessoais se entrelaçavam de uma maneira que ele nunca havia imaginado.

"Eu não esperava que fosse assim", admitiu Lucas finalmente, sua voz carregada de emoção contida. "Mas estou feliz por você, Isabela. Realmente estou."

Isabela lançou um olhar penetrante para Lucas, como se estivesse medindo-o. "Bem, agora que estou grávida e prestes a dar ao papai o neto que ele tanto queria, eu acho que isso me coloca em uma posição bastante privilegiada, não acha?"

Lucas engoliu em seco, sentindo a pressão subir. Ele sabia que Isabela estava tentando afirmar seu poder na dinâmica familiar de uma maneira não tão sutil. A competição silenciosa entre eles parecia ter escalado para um novo nível.

"Você sempre soube como jogar o jogo, não é mesmo?", murmurou Lucas, sua voz revelando um leve tom de desafio.

Isabela sorriu, mas havia um brilho de determinação em seus olhos. "Talvez você devesse pensar em como pode contribuir para tudo isso, Lucas. Afinal, quem sabe você até poderia ser o padrinho do meu filho. Seria agradável ver você desempenhando um papel importante na família novamente."

Lucas sentiu um misto de raiva e resignação. Ele sabia que precisava escolher suas batalhas com cuidado, especialmente agora que Isabela havia reivindicado um território que ele sempre desejou para si. Enquanto a festa continuava ao seu redor, ele se sentia cada vez mais isolado, um estranho em seu próprio mundo.

Enquanto observava Isabela ser o centro das atenções, Lucas se perguntou se algum dia encontraria seu lugar novamente naquela família que parecia ter seguido em frente sem ele.

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