O começo

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Ah! como é bom finalmente poder compartilhar a minha história com você. Sentem-se, peguem uma xícara de chá, e deixem-me contar sobre os momentos que moldaram a minha vida de uma forma que nunca poderia ter imaginado.
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Desde jovem, sempre fui considerada peculiar, pelo menos era o que diziam de mim. Não vindo de uma família rica, a minha ambição era minha maior riqueza. Todos os dias, como se vestisse a minha espada e armadura, eu lutava para conquistar o mundo. Mas tudo mudou numa manhã de domingo, Dia das Mães, quando convidei a minha mãe para um piquenique à beira-mar. A chuva forte nos pegou no caminho, e o nosso carro acabou derrapando e caindo de uma ribanceira. Perdi a minha mãe naquele acidente e passei meses na UTI. Incapaz de lidar com a dor, decidi recomeçar em Nova York. E aqui estava eu, desempacotando as minhas caixas no novo apartamento.

Na cidade frenética e excitante, comecei a trabalhar numa pequena livraria de esquina no centro. O meu colega de trabalho, Luigi, passava mais tempo dormindo do que trabalhando. Um homem espinhoso e narigudo, ele adorava julgar quem passava pela vidraça. Um Severus Snape da vida real, com um toque de diva pop que escutava Madonna. Luigi chegava todos os dias num Fusca azul velho, que já pegou fogo duas vezes — uma delas testemunhei voltando da peixaria. Entre os pitacos dos clientes sobre os livros e as histórias que liam, ouvi falar de Colleen Hoover lançando uma versão de colorir de "Assim que Acaba".

— Meu Deus! o que vão pintar? Os roxos da Lily quando Ryle a empurrou da escada?-provocou Luigi, sempre pronto para uma tirada.

— Será uma obra cinematográfica, Luigi. Por favor, não espante os clientes-respondi, tentando conter o riso.

Um dia, enquanto discutíamos sobre um livro que ele chamava de "Cidade Alerta", algo mudou na livraria. A senhora Meggie veio pegar o seu jornal, e eu observava a padaria enquanto Luigi tentava fazer o Fusca azul pegar no tranco. Hoje fazia dois anos que a minha mãe se fora, e eu sentia-me perdida nas ruas agitadas de Nova York, lutando contra a saudade e a dor que só quem perdeu um ente querido conhece.

Foi nesse dia turbulento que um rapaz loiro, parecendo saído de um filme de velho oeste que o meu pai costumava assistir, entrou na loja. Com um sorriso no rosto, ele segurava um livro de capa dura. A sua beleza e gentileza encantaram-me de imediato.

— Vai atendê-lo, Sophie — sussurrou Luigi.

— Olá, boa tarde. Em que posso ajudar? — perguntei, cutucando Luigi por baixo do balcão.

— Olá — cumprimentou Thomas, com um aceno amigável. — Você gosta de livros?

— Trabalho numa livraria, então... meio óbvio, não? Presumo que você também goste, já que está aqui.

Thomas se aproximou do balcão e colocou o livro na superfície.

— Eu sou escritor. Então, sim, eu gosto de livros. Estou procurando uma recomendação. Alguma sugestão?

— O que um escritor gosta de ler? — perguntei, provocando um leve riso em Thomas. — Beethoven, talvez?

— Você sabe que Beethoven não é escritor, certo? — brincou Luigi na escuta, arrancando um sorriso de mim, sim, temos uma escuta para ouvir fofocas um do outro em dias de trabalho

— Quero um livro sobre sonetos franceses — continuou Thomas.

— Parece que ele se cansou de esperar você escolher com a sua falta de conhecimento. Francamente! mulher, tem certeza que trabalha aqui? — murmurou Luigi.
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Ah! Luigi. Ele era como um personagem de um livro antigo, sempre pronto com as suas opiniões sarcásticas e os seus comentários sobre a vida e os clientes da livraria. Às vezes, as suas palavras cortantes faziam-me rir, mesmo nos dias mais sombrios. Ele tinha o dom de transformar o cotidiano  em algo divertido, mesmo quando o Fusca azul dele não colaborava e acabava sendo mais uma dor de cabeça do que um meio de transporte confiável.
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— Eu sabia que esse sotaque não era daqui — respondi, tentando aliviar a tensão. — Bom, aqui está o seu livro.

— Poderia saber o nome da moça que queria-me vender Beethoven? — perguntou Thomas, com um brilho curioso nos olhos.

— Oui — respondi, um pouco envergonhada.

— Você é sempre assim tão avoada?

— Sou Sophie.

— E essa Sophie tem sobrenome?

— Sophie Clark.

— Thomas D'Angelo Javec.

— Um francês com sobrenome italiano em Nova York. E quem se apresenta com o nome completo? — brincou Luigi, surgindo no balcão.

— Bom, até qualquer dia, senhor Thomas Javec.

— Vou lembrar do seu excesso de humor quando estiver escrevendo meu próximo capítulo. Ruivinha. Que tal?

— os seus lindos cabelos ruivos batiam contra o sol no meu Impala 67. Que tal?

— Impala 67? Igual ao dos irmãos Winchester de Supernatural? Está-me enganando! — exclamei d

— Com meu Fusca velho, você não fica animado assim — murmurou Luigi, mais sério. — Preciso fechar essa espelunca. Diga a ele para pegar o Impala antes que eu o roube.

— Certo. Espero ver você novamente, talvez.

— Estamos fechando — anunciou Luigi, surgindo no balcão.

— Uau, como você surgiu do chão? É como um morcego, Severus Snape? — provocou Thomas, arrancando um riso dele.

— Não, sou Beyoncé, meu amor.
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Thomas Javec trouxe consigo uma calma que há muito eu não sentia. O seu sorriso era um oásis em meio ao turbilhão de emoções que eu enfrentava. À medida que a nossa amizade crescia, percebia que ele não era apenas um escritor talentoso, mas alguém que entendia profundamente a alma humana. Ele tornou-se um raio de esperança nos meus dias sombrios, lembrando
-me de que a vida ainda poderia ser bonita, mesmo após a devastadora perda da minha mãe, para saber mais, terá que me acompanhar para o próximo capítulo dessa história caro leitor






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