Uma boa samaritana?

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Esperar que as coisas aconteçam no tempo em que elas devem acontecer, essa foi uma das maiores lições que já recebi na vida, mas também aprendi que não esperar, não nos livra de que elas aconteçam

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Esperar que as coisas aconteçam no tempo em que elas devem acontecer, essa foi uma das maiores lições que já recebi na vida, mas também aprendi que não esperar, não nos livra de que elas aconteçam.

Todas as vezes que tentamos andar por caminhos que não são os nossos, tropeçamos em pedras, que não encontraríamos se estivéssemos andando no trajeto original. Acontece que nem sempre somos nós que decidimos o percurso, mas sim, aqueles que deveriam nos defender e amar acabam calculando a rota errada nos fazendo dar passos infinitos para o nada.

- Araceli! - a voz de dona Olívia ecoou por toda a lanchonete enquanto eu me preocupava em servir a menina ruiva à minha frente. Rapidamente meus olhos percorreram todo o lugar até parar na senhora atrás do balcão que fez um sinal para que eu fosse até ela com o indicador.

- Bom apetite. - sorri amigavelmente após deixar seu hambúrguer com fritas sobre a mesa. Fui até a dona Olívia e parei em sua frente deixando apenas o balcão de atendimento entre nós. - O que houve? - indaguei preocupada, pela cara que ela estava, com certeza viriam problemas pela frente.

- Josh não virá amanhã! - disse aflita - Preciso que você cubra o horário dele.

- Eu queria muito poder vir dona Olívia, mas amanhã eu vou ajudar no restaurante comunitário e...

- Pode ser somente à noite! - implorou, me interrompendo.

Em segundos vi passar pela minha mente um milhão de motivos para não ficar e pela primeira vez dizer não.

Olívia Brown, uma senhora de sessenta e cinco anos que apesar de ter me ajudado muitíssimo na vida, eu sentia que quase sempre ela abusava da minha boa vontade. Porém, ao ver seu rosto cansado, seus cabelos que já apareciam as raízes grisalhas denunciando que havia algum tempo sem tintura e seu semblante de esperança na minha resposta, derrubaram todos os meus argumentos.

- Ok! - disse por fim já me sentindo derrotada antes mesmo de iniciar uma discussão dos motivos pelos quais eu não receberia hora extra!

Trabalhar em uma lanchonete, meu sonho de menina! Brincadeira, mas paga meu aluguel, o que faz uma enorme diferença na minha vida. Quando era pequena eu me imaginava fazendo tantas coisas, eu poderia ter todas as profissões do mundo, talvez uma médica talentosa, uma cantora famosa ou uma modelo da Victoria Secrets, acontece que eu não gosto muito de sangue, minha voz é mais desafinada que uma porta enferrujada e meus um metro e sessenta e seis de altura não ajudaram em nada na terceira opção.

- Araceli, eu já estou indo, até amanhã! - disse dona Olívia adentrando a cozinha onde eu terminava de lavar a louça que havia se acumulado por conta do movimento.

- Tá bom, até amanhã, boa noite! - respondi secando minhas mãos em um pano de prato.

Nem lembrava a última vez que havia chegado em casa antes das onze da noite. Dona Olívia conseguiu me convencer de fechar a lanchonete todas as noites, seu argumento foi de que eu era uma pessoa de extrema confiança e ela poderia entregar a chave do lugar nas minhas mãos, no primeiro momento, eu me senti honrada, mas depois de algumas semanas refletindo, não sei se foi uma boa ideia.

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