Araceli Carter sempre viveu uma vida simples. Sua infância foi marcada por trágicos acontecimentos e sua adolescência pela intolerância. Mesmo depois de tanto sofrimento, ela se manteve de pé encontrando a verdadeira razão de sua vida, Jesus Cristo...
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Já se passava uma semana desde todo o ocorrido que teimava em não sair da minha cabeça. Nunca mais vi nem sinal de Andrew ou de Charles, o que não me gerava surpresa já que eu tinha certeza que nenhum deles fazia parte da vizinhança. O problema é que eu não conseguia parar de pensar na forma que Andrew saiu da minha casa carregado por aqueles ogros. Várias coisas transitavam na minha mente, principalmente o fato de seu irmão parecer mais frio que gelo e não se importar nem um pouco com ele, ou se se importava, não demonstrou nada. Fora o medo que sentia agora todas as vezes que voltava a pé pra casa a noite depois do trabalho, era como se alguém me vigiasse por todo o percurso.
Conversei no domingo após o culto com o Pastor James sobre tudo que havia acontecido, ele me disse que Deus age de formas que não entendemos, mas que nunca era a toa, sempre existia um propósito até para as coisas mais loucas da vida e que com certeza eu iria descobrir o que Ele queria de mim mais cedo ou mais tarde. Porém, isso tudo foi dito logo após eu receber um grande sermão sobre não levar pessoas desconhecidas para minha casa para minha própria segurança e que eu precisava ter mais cuidado pois Deus nos protege, mas devemos fazer a nossa parte e não testá-lo. Olhando para esse lado, tirei a conclusão de que corri um grande perigo sem perceber.
O resto da minha semana foi a mesma coisa de sempre, acordar, trabalhar, dormir e assim sucessivamente até hoje, denominada sexta-feira. A única coisa de diferente nesses dias foi a presença de Josh todos os dias na lanchonete. Eu não entendia o porquê, já que ele estudava a semana toda e sempre disse que não viveria sua vida atrás de um balcão. Acontece que na segunda-feira quando cheguei para trabalhar, por incrível que pareça, a lanchonete já estava aberta e Josh e dona Olívia já estavam lá.
Josh consegue me irritar ao extremo, as suas atitudes não são nada gentis e ele faz corpo mole pra tudo. Tenho guardado meu coração inúmeras vezes para não explodir com ele. Respiro fundo e saio de perto sempre que vejo que ele está conseguindo tirar de mim meu domínio próprio. A pia da cozinha repleta de louça suja tem sido meu refúgio nesta semana cansativa.
Mas, nada está tão ruim que não possa piorar. Depois de trabalhar o dia todo, chegando em casa me deparei com minha vizinha da direita que me entregou uma pequena caixa embrulhada em um pacote na cor amarela que estava endereçado a mim, porém como eu não estava o entregador deixou com ela. Estranhar? É óbvio que eu estranhei! Ninguém nunca me mandou nada e eu também dificilmente compro algo, então não teria um porquê de eu ter recebido este pacote. Confesso que fiquei curiosa para saber o que era.
Entrei em casa, tirei meu casaco deixando de lado e fui até a cama ainda com o pacote em mãos. Me livrei dos meus tênis e me sentei na mesma. Olhei o pacote de todos os lados até encontrar o remetente, Império Morrissete, Las Vegas, Nevada, EUA.
Logo um filme invadiu minha mente só de ler aquele sobrenome. Não entendia o porquê daquele pacote e muito menos o que poderia ter dentro, mas se estava endereçado a mim, isso quer dizer que eu tinha o livre arbítrio de abri-lo se assim eu quisesse, e sim, eu quero.
