Por todos os lados, a tempestade está presente.
Não importa pra onde eu olhe, o mar está revolto,
as ondas sobem alto para depois quebrar violentamente contra si próprias.
Sempre fui mais próximo do Artista, até mesmo da Estrategista.
Agora, quem rege as coisas é o Treme-terras, o Maremoto Encarnado,
e ele está furioso,
como se guerreando contra o Senhor dos céus.
O movimento das ondas é incessante, a violência do turbilhão torna tudo opaco,
e a visão não consegue alcançar distâncias mais longas que o Medo, a Raiva e a Tristeza.
Não há luz, não há farol, não há um último espírito nessa caixa.
Diferente do rei de Ítaca,
meu objetivo se perdeu há tempos.
Não é possível sonhar com o sol quando a Tempestade é a própria realidade.
Deveria existir uma âncora, capaz de me manter firme durante a tormenta,
mas em algum momento ela se perdeu.
Em algum ponto, não sei dizer exatamente onde ou quando, essa âncora deixou de existir,
por mais que a ideia dela ainda estivesse comigo.
Agora enfrento o Treme-terras sozinho,
carregado de maneira inclemente para todos os lados,
mas sei que ele arrefecerá.
Sei que o mar se acalmará e as nuvens se dissiparão, aos poucos.
Nesse momento, talvez uma nova Âncora tenha se formado,
ao mesmo tempo mais frágil e mais resistente.
E, finalmente, o Artista
terá mais uma vez
o controle
da Carruagem do Sol.