Âncora na tempestade

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Por todos os lados, a tempestade está presente.

Não importa pra onde eu olhe, o mar está revolto,

as ondas sobem alto para depois quebrar violentamente contra si próprias.

Sempre fui mais próximo do Artista, até mesmo da Estrategista.

Agora, quem rege as coisas é o Treme-terras, o Maremoto Encarnado,

e ele está furioso,

como se guerreando contra o Senhor dos céus.

O movimento das ondas é incessante, a violência do turbilhão torna tudo opaco,

e a visão não consegue alcançar distâncias mais longas que o Medo, a Raiva e a Tristeza.

Não há luz, não há farol, não há um último espírito nessa caixa.

Diferente do rei de Ítaca,

meu objetivo se perdeu há tempos.

Não é possível sonhar com o sol quando a Tempestade é a própria realidade.

Deveria existir uma âncora, capaz de me manter firme durante a tormenta,

mas em algum momento ela se perdeu.

Em algum ponto, não sei dizer exatamente onde ou quando, essa âncora deixou de existir,

por mais que a ideia dela ainda estivesse comigo.

Agora enfrento o Treme-terras sozinho,

carregado de maneira inclemente para todos os lados,

mas sei que ele arrefecerá.

Sei que o mar se acalmará e as nuvens se dissiparão, aos poucos.

Nesse momento, talvez uma nova Âncora tenha se formado,

ao mesmo tempo mais frágil e mais resistente.

E, finalmente, o Artista

terá mais uma vez

o controle

da Carruagem do Sol.

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⏰ Última atualização: Jul 07 ⏰

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